Capítulo 03

Alexander Howard

- "Isso está ficando fora de controle! Como é possível que ele não consiga se controlar? Quer sair com várias mulheres? Tudo bem, eu também já fiz isso durante minha juventude, mas o mínimo que eu esperava era um pouco de decência e responsabilidade! São atitudes como essa que pode custar o reinado de nossa família! Ele está agindo como um adolescente idiota e não como o homem que criamos com tanto sacrifício." - meu avô está soltando fumaça pelas orelhas mas não consigo entender do que ele está falando.

Quando cheguei em casa, estranhei quando vi que havia uma movimentação estranha mas quando escutei meu avô começar a gritar raivoso e arremessar várias coisas no chão, percebi que havia acontecido algo muito sério para deixá-lo assim.

Vi minha mãe passar por mim correndo e entrando no escritório onde meu avô estava, isso foi o suficiente para segui-la. Ao entrar no escritório, vejo que a governanta tenta fazer com que meu avô se acalme mas não surte nenhum efeito. Essa parece ser uma tarefa quase impossível.

Não fazia ideia do que estava acontecendo ou do que tinha acontecido para meu avô está nesse estado.

- "Papai, por favor tente se acalmar. Sua saúde não está muito boa e todo esse estresse não fará bem ao seu coração. Se continuar assim sua pressão vai acabar subindo, não quero o senhor passando mal e muito menos morto, então por favor se acalme!" - minha mãe argumenta tentando acalmar a fera que eu chamo de avô.

- "Isso é impossível Amelie! Sempre passamos por diversos problemas e como qualquer família temos tido divisões e separações mas isso pode significar a ruins da família Howard." - meu avô diz raivoso e logo em seguida fixa seu olhar em mim. - "E tudo por culpa de um moleque inconsequente!" - ele me aponta o seu dedo.

- "Não diga isso papai!" - minha mãe diz segurando o seu braço mas meu avô se desvelhencia de suas mãos antes de se abaixar e pegar uma folha de papel no chão.

- "Então leia essa porcaria e verá com os seus próprios olhos o porquê estou dizendo isso..." - meu avô entrega o papel para minha mãe. - "Leia! Esse será o homem que nos levará à ruína!"

Minha mãe olha para o papel em suas mãos e lê cuidadosamente o que está escrito, não sei o que está escrito aí mas minha mãe parece horrorizada. Vejo ela arregalar os olhos e cobrir a boca com a mão deixando gemido escapar.

- "Oh Deus!"

- "Agora compreende porque estou assim? Isso nos trará muitos problema e só há uma solução para remediar isso, já não há mais tempo filha." - meu avô diz.

Estou me sentindo perdido!

- "Papai por favor, deixe-me conversar com Alexander e ver o que ele tem a dizer sobre isso. Sei que isso complica muito as coisas, mas para tudo há uma solução. Deixe ele se explicar, ele tem o direito de se defender!"

Minha mãe se aproxima de mim, me entrega o papel que meu avô havia lhe dado e começo a ler atentamente o que estava escrito ali.

"*Da realeza para a pobreza.

Alexander Howard, o possível no rei do Reino de Evalun, tem uma nova mulher.

Nunca havia acontecido antes na história dessa nação, que um príncipe fosse tão aberto com suas relações, até o ponto de mostrar algo mais que a coroa.

Esse é o novo Rei que nossa nação precisa? Tão pouco carinho a realeza tem com seu povo? Alexander Howard é o Rei que nos levará para o futuro?

Se for assim, prefiro seguir com os anteriores que embora tenham deixado muito a desejar, jamais limparam o traseiro com nossos sonhos*."

A nota vem acompanhada de algumas fotos minhas, onde estou nu e onde se mostra todo meu eu, como Deus me mandou ao mundo.

Empalideço ao entender as palavras escritas nesse papai. Isto é exatamente o que meus familiares distantes buscam para destruir nosso reinado e se isso acontecer será por minha culpa.

Não posso dizer que não sou a pessoa que está nessas fotografias, porque estaria mentindo mas elas não são de agora. Essas fotos são de 6 anos atrás e foi em uma festa que teve na casa de um amigo em outro país.

Como essa merda chegou aqui?

Me deixo cair no chão e fecho os olhos. Agora consigo compreender a raiva que meu avô está sentindo. Isso poderia provocar o fim de nosso reinado e o fim de tudo o que sonhei. Ser o melhor rei que Evalun já teve. E não poderei realizar esse sonho por causa de umas imagens que estão saindo do contexto.

- "Por milagre... eu consegui impedir que isso saísse hoje mas não sei por quanto tempo mais conseguirei segurar. Precisamos dar algo ao povo, algo que os incentive a voltar a confiar em nós. Precisamos que eles nos vejam como alguém acessível e não como as divindades que eles pensam que somos." - meu avô diz e minha mãe franze as sobrancelhas. - "Para isso precisamos que uma pessoa que se preste a isso, a única coisa que me ocorre é que Alexander comece uma relação com uma jovem da alta sociedade."

Minha mãe rapidamente nega com a cabeça.

- "Não. Essa não é a melhor solução. Nós queremos demonstrar que a realeza está ao alcance do povo que mesmo que nós tenhamos mais o que pode ser contado em um dia estamos aqui para eles. E começar uma relação amorosa com uma mulher da nobreza faz com que essa imagem se afaste bastante da realidade." - minha mãe diz e agora sou eu que olha pra ela com as sobrancelhas franzidas.

- "A única mulher que se prestaria ao que vocês estão propondo é Lysandra Crowley. Nós somos amigos há vários anos e há pouco tempo está acontecendo algo mais entre nós dois. Mostrar uma relação não seria difícil para nenhum de nós." - digo e meu avô suspira pesadamente.

- "Essa jovem não é uma boa mulher para você. Já te disse isso um milhão de vezes que você não se envolvesse com conhecidas para descarregar a tensão, elas não são adequadas para se converter na mulher da sua vida. Além disso, você sabe que eu não suporto essa garota, é muito presunçosa e superficial, e certamente não representaria ninguém." - meu avô diz.

Finalmente meu avô se acalma um pouco e a governanta consegue lhe dar o medicamento para o coração.

- "Pai por Deus, essa não é a forma certa de falar das mulheres. Seja como for a mulher, não pode ser considerada dessa maneira e para dizer a verdade, as amigas com benefícios existem há muitos anos." - diz minha mãe e me dá vontade de rir.

Minha mãe pode ser muito doce mas, quando é hora de colocar os conhecimentos em mesa, ela não fica fora.

- "O que precisamos é de uma mulher do povo. Uma jovem lutadora que seja capaz de ganhar o pão de cada dia com o suor de seu trabalho. Alguém que mostre o que o povo realmente é, alguém que reflete a nossa gente. Isso é o que precisamos e acho que e o melhor que possamos fazer, é procurar alguém que não seja da realeza, mas sim que seja uma representante de nosso povo."

Arregalo os meus olhos quando me dou conta do que minha mãe está dizendo.

- "Não estou muito certo disso. Além do mais, todos se dariam conta de que isso é uma mentira. O amor não se pode comprar, o que é tangível sim, mas os sentimentos não. Quem se prestaria a algo como isso? Isso significa, que teremos que manter alguém que não tem relação com a nossa família em nosso entorno. Isso sim seria perigoso." - digo.

Vejo que meu avô quer dizer algo mas fica calado. Ele só fica olhando para minha mãe que tem um sorriso sinistro no rosto.

- "O que está passando em sua cabeça?" - meu avô pergunta a minha mãe.

- "É que depois de escutar vocês dois, eu tenho a candidata perfeita para se casar com Alexander. Ela é uma jovem que tem trabalhado com seus pais para sobreviver, ela é uma boa garota e tem um grande coração. Acho que ela poderia funcionar como solução para esse problema. Essa garota tem uma força que não conhece limites e não se deixa amedrontar por nada e nem por ninguém." - ela diz.

Essa descrição se assemelha muito com a garota da confeitaria no povoado.

- "Acha que ela nos ajudará?" - meu avô pergunta.

- "Não sei. Tenho quase certeza de que se dermos dinheiro por algo assim, ela não aceitará. Deixa-me falar com ela e explicar a situação. Sei que ela pode nos ajudar, ela trabalha para o bem-estar dos seus pais e sempre ajudou os outros. Se eu expor essa situação de uma maneira credível e dizer que é para ajudar a nação, talvez eu consiga convencê-la. Além do mais, Alexander não é um homem feio. É um homem muito bonito e seria um bom um bom espécime de marido." - minha mãe completa e meu avô ri.

- "Vá e veja como podemos solucionar essa situação. Só espero que não tenhamos que lamentar por mais nada, meu coração não aguentará mais problemas como esse. Muito menos quando a causa desses problemas é alguém que tem todas as ideias claras na cabeça." - meu avô ainda está irritado e eu o entendo.

- "Pode deixar isso em minhas mãos, papai. Tenho o poder de convencimento mais avançado que vocês e posso conseguir o que me proponho." - minha mãe diz, antes de sair ela olha para o meu avô e depois se aproxima. - "Não deixe que a fúria faça estragos no seu coração. Ainda precisamos de você para colocar as coisas em ordem. Você tem sido o melhor Rei que temos tido em muitos anos e as pessoas te amam por isso. Não deixe que os erros dos outros tire a vitalidade que te resta." - ela da um beijo na bochecha do meu avô e depois sai do escritório sem me dizer nada.

Isso é o que acontece quando você comete uma enorme burrada.

- "Você precisa encontrar uma mulher como sua mãe. Ela pode ter um gênio muito forte mas tem um coração que ilumina tudo ao seu redor. Na minha idade, isso é o que mais me faz falta, esse castelo precisa de alguém que traga um pouco de vida a ele. Desde a morte de sua avó, uma parte de minha alegria e da minha vitalidade se foi com ela. Se não fosse pedir muito, creio que um garotinho ou garotinha correndo pelos jardins traria muita vida a este lugar." - ele diz.

Meu avô se levanta com cuidado e com a ajuda da governanta, ele caminha a passos lentos para o seu quarto descansar.

Suponho que os anos estão chegando com tudo para meu avô. Agora, só nos resta saber quem é a jovem que minha mãe encontrou. Tomara não me traga muitos problemas, já que tenho que falar com Lysandra sobre este assunto e sei que ela não vai gostar da idéia. Especialmente quando ela pensava que seria a nova rainha do Reino de Evalun.

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