Capítulo 01

Louise Griffin

- "Boa tarde senhorita. O que a traz por esses lados?" - pergunta um dos guardas que estão na entrada do castelo.

Esses homens me deixam nervosa. Eles sempre são tão sérios e não sei se no final do dia alguém lhes cai bem.

- "Venho entregar as encomendas que a princesa Amelie pediu para essa noite." - respondi com segurança.

O guarda faz um sinal para o outro que está atrás dele e esse último, desaparece rapidamente. O guarda que ficou não diz nada ou faz nada, apenas fica parado como se fosse uma estátua.

Franzo o cenho.

Eu não conseguiria aguentar ficar tanto tempo parada sem fazer nada. Eu acabaria com dor nos pés.

Não sei quanto tempo se passa mas meus braços começam a doer por causa do peso. A maioria dos bolos e tortas estão dentro do carro, mas há duas bandejas em meus braços.

O guarda que havia saído retorna e assente com a cabeça para o guarda que havia ficado na entrada do castelo.

- "Você pode entrar." - o guarda diz parando na minha frente. - "Precisa de ajuda para levar algo?" - ele pergunta e eu assenti.

- "Na parte de trás da caminhonete tem umas bandejas, os bolos e tortas também estão lá." - digo e ele suspira.

O guarda chama três criados; que não faço ideia onde eles estavam para ajudar a carregar as coisas.

Quando entramos no castelo, me sinto imediatamente intimidada com toda a riqueza que nos cerca. Nas poucas vezes que estive aqui, tive a a sensação de que qualquer passo que dou estou desgastando as coisas e embora soe um tanto estranho, sinto que não deveria estar aqui.

O corredor principal é amplo e em cada esquina, em cada porta ou janela há algo que custa milhares de dólares. São belos, são chamativos e são impressionantes, mas não posso tocá-los. Não sei porque a riqueza me dá tanto medo.

Talvez seja porque já vi o que o dinheiro faz quando as pessoas tem de sobra ou quando não tem. Essas coisas me dão medo. Prefiro viver com o justo e lutar para conseguir o que quero. Posso dizer que tudo o que ganhei nessa vida, ganhei com o suor do meu trabalho.

Não é que queira dizer que os que estão na realeza não o ganharam de maneira honesta, é só que eles nasceram em berço de ouro e sempre tiveram de tudo. Podem ter problemas como qualquer outra pessoa mas sempre têm a possibilidade de ter suas necessidades mais básicas supridas. Não posso dizer que estou intacta.

Os guardas me levaram a uma sala grande que nunca estive antes, embora eu não tenha vindo muitas vezes ao castelo. Das quatro paredes, duas delas têm grandes mesas, de um lado há uma pilha gigante de louça branca e há muitas taças, de todas as formas possíveis. Qualquer um você precisar ou gostar, estaria a seu dispor.

.Os homens deixam as bandejas na mesa que está desocupada e mais dois homens, deixam as caixas onde vêm as coisas para decorar a mesa. Sei que os homens ainda têm mais uma volta para descarregar as sobremesas mas começo a fazer o meu trabalho.

Tiro todas as coisas das caixas e as deixo na mesa. Minha mãe sempre teve bom gosto e tudo o que mandou combina com a louça que será usada.

- "Esse cheiro não pode ser outro senão dos bolos mais conhecidos da cidade. Não posso acreditar que ainda não saiu para o mundo. Se isso acontecesse não sei o que aconteceria com minhas reuniões. Os demais bolos não fazem honra à confeitaria."

Dou meia volta e encontro a princesa Amelie. Ela é um amor de mulher e tem um coração puro, corre o boato pela cidade que ela não irá assumir o trono por decisão própria.

- "Boa tarde princesa Amelie. Trouxe o que a senhora encomendou com minha mãe. Ela mandou alguns suportes onde pode colocar os doces e assim poder ressaltá-los melhor." - digo enquanto começo a lhe mostrar todas as coisas que a minha mãe mandou.

- "Não precisa me chamar de princesa quando estivermos sozinhas, sei que é o protocolo me chamar assim mas só quando há outras pessoas ao redor. Te conheço desde que tinha 5 anos e te vejo mais como uma sobrinha do que a filha dos meus confeiteiros favoritos. Eu considero sua mãe uma boa amiga minha." - ela diz enquanto aperta as minha bochecha.

- "Bom, como quer que decore a mesa?" - pergunto. A princesa Amelie me olha e depois olha para as mesas.

- "Os bolos e as tortas precisam ficar em um lugar de destaque. Também quero que os bombons recheados também se sobressaiam mas não tanto quanto os bolos e tortas. Vamos fazer com que o negócio dos seus pais fique conhecido pelos convidados que vierem. Eles são pessoas muito importantes para o país e suas recomendações podem fazer com que a clientela cresça." - ela diz e eu assinto com a cabeça.

Olho pelo salão e começo a planejar mentalmente onde vou arrumar o que, mas é claro sem deixar de seguir as suas recomendações.

- "Acho que tenho uma ideia do que fazer baseado no que você quer." - digo e a princesa Amelie assente com a cabeça.

Me viro para pegar algumas coisas, quando de repente me choco com algo duro que me faz cair no chão. E pancada é tão forte que até os ossinhos do meu quadril e da minha perna doerem.

- "Por Deus, Alexander! Que mania você tem de aparecer sem fazer barulho. Parece um fantasma, devo dizer que você é pior do que seu pai." - Amelie diz.

É a primeira vez que escuto um membro da realeza falar com tanta familiaridade. Eles sempre se mostram tão distantes diante as câmeras, com tantos protocolos a seguir, que quase não os vemos como a família que são. Isso é estranho.

- "Não sabia que teríamos visitas. Além disso não estou muito à vontade com essa ideia de que façam uma nova festa. Não estamos para esses tipos de coisas e a senhora sabe muito bem porque eu estou dizendo isso. Precisamos falar com o meu avô e ver se podemos fazer ele mudar de ideia. Isso não é justo para mim e para ninguém." - o príncipe Alexander diz e eu franzo o cenho.

Me sinto um pouco incomodada por está presenciando essa conversa.

- "Filho, você não deve pensar dessa maneira. Seu avô está pensando no melhor para você e para todos que têm a ver conosco. Você não pode continuar pensando apenas no que você quer." - a princesa diz enquanto se aproxima de seu filho.

E bom, e eu continuo caída no chão, como se fosse uma jaca podre.

- "Não mamãe, isso está passando dos limites. A única coisa que falta é que seja meu avô quem vai decidir com quem tenho que me casar. Não posso fazer isso mãe mas, tampouco posso deixar que outra pessoa que se encarregue do reino, já que ninguém ama esse país como nós amamos." - o príncipe diz bastante zangado.

Como ninguém me vai ajudar a levantar, faço por mim mesma. A dor que sinto no meu quadril e na minha perna direita, é irritante.

- "Querido, não continue pensando dessa maneira. Nada de bom vai acontecer com essa rebeldia que está indo contra as regras que reino tem. Nem eu pude escapar delas, embora pra mim não saiu tão mal. Seu pai é um bom homem, que apesar de não ter sido bem visto que me casasse com alguém sem títulos, era o que eu devia fazer. Meu pai não falou comigo por meses mas, com o tempo e quando conheceu melhor o Samuel, ele percebeu que não foi uma má escolha. Um dia, quando ele estava um pouco bêbado, disse que não tinha certeza de minha escolha para o marido mas, ao conviver com ele e conversar, ele percebeu que era diferente. Você sabe que mostramos para as pessoas, não é o que acontece durante as 24h do dia." - Amelie diz.

Embora o que estou ouvindo seja uma fofoca da boa, não posso continuar parada ouvindo uma conversa tão íntima entre mãe e filho, eu preciso começar a trabalhar.

Devido me afastar um pouco dos dois, para começar a trabalhar sem distrações, caminho com um pouco de dificuldade até onde estão as coisas e começo arrumar as mesas em silêncio.

- "Mas você teve a possibilidade de escolher, embora o meu avô tenha se oposto a ideia do seu casamento, você se impôs e escolheu meu pai. Você teve a possibilidade de escolher, mas eu não o tenho. Você sabe perfeitamente que eu não quero me casar, mas eu tenho uma data limite e meu avô não aceita Lysandra. O que eu posso fazer?" - o príncipe Alexander começa a andar de um lado para o outro como um leão enjaulado.

Se for a mesma Lysandra que conheço, o Rei Edward faz bem não aprova-la para seu neto, essa mulher não presta.

- "Alexander ninguém suporta essa jovem. Ela pode ter muitos títulos e muito dinheiro, que temos que reconhecer que é do pai, não dela. O pior que ela tem algo que não me agrada e não só a nós. Você ouviu a mesma coisa em todos os lugares e mesmo assim, é a única coisa que você pode mostrar ao seu avô. Acredite em mim, seu avô pode ser o próprio diabo quando se irrita mas, tem um sexto sentido excepcional para as pessoas." - a princesa Amelie tenta acalmar os ânimos, mas duvido que consiga.

- "Não sei o que fazer. Não quero a minha vida unida com alguém que não conheço. Quero o que você e meu pai tem, mas não agora!" - ele diz e eu franzo o cenho.

- "Mas não há opção. Você tem que se casar."

Acredito que essa é a parte ruim de fazer parte da realeza, eles têm tantas regras a se seguir, que no final em vez de desfrutar dos benefícios, acabam desfrutando das desgraças.

- "Vou arrumar o que fazer. Não posso com isto mamãe. Se eu ficar aqui ou ver meu avô, não vou ser responsável por meus atos." - ele disse e beija a testa de sua mãe antes de sair do salão.

- "Meu pobre garoto. Não está lidando nada bem com que o meu pai está impondo... Oh, preciso de algo doce. Esse problema está fazendo com que minha taxa de açúcar baixe." - a princesa disse me fazendo sorri. Ela se vira e olha pra mim. - "Minha menina, sinto muito. Você está bem? Precisa de algo?" - ela diz se aproximando de mim.

- "Estou bem. Sinto um pouco de dor por causa da queda mas nada sério." - digo olhando para ela. - "Preciso terminar de arrumar tudo isso para que tudo esteja pronto para hoje à noite." - digo e a escuto suspirar.

- "Está bem. Só gostaria de pedir que não comentasse com ninguém nada do que acabou de ouvir aqui. Meu filho está muito confuso com o que está acontecendo e não seria nada bom se essa informação vazasse agora. Ainda preciso ajudar o meu filho, só que não sei como." - ela diz.

Pego uma das sobremesas de chocolate belga que eu trouxe de dentro de uma das caixas.

- "A senhora só precisa dar tempo ao tempo. Bom...pelo menos é isso que meu pai sempre diz." - digo e lhe entrego a sobremesa a ela, que apenas sorri pra mim.

Volto a repetir, a vida das pessoas com dinheiro é complicada. A vingança, a inveja e os problemas, normalmente são o pão de cada dia.

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Comments

Débora Alexandre

Débora Alexandre

coitada caiu e não ajudaram ela levanta

2022-12-24

3

Rubia Freitas

Rubia Freitas

Mal educado derrubou a menina e nem ajudou ela a se levantar 😂

2022-09-02

7

@Gizahautora

@Gizahautora

Tadinha 🤣🤣🤣

2022-05-23

1

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