...João Pessoa PB...
A mensagem era simples, ele havia me enviado os dados do embarque e desembarque e reiterou querendo saber se estava tudo certo pra amanhã.
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...Mensagem de Marco...
✅ Bom dia!
✅ Já me encontro em São Paulo, está tudo certo para nos encontrarmos amanhã?
✅ Segue em anexo os dados da minha viagem.
✅ Aguardo a sua resposta.
Att. Marco
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Me levanto abruptamente da poltrona.
A possibilidade de tudo ir por água abaixo amanhã me apavora.
Me veio uma sensação de medo repentina e por alguns minutos tive uma crise de ansiedade.
Me sinto tonta, começo a suar frio, sinto dificuldade em respirar, o coração passou a bater descompassado, e a sensação de formigamento nas mãos me fazem desabar.
O meu corpo escorrega lentamente até o chão e abraço os meus joelhos e fico assim tentando acalmar-me, até que ouço ao longe o choro da Alice, retirando a minha atenção da minha crise e voltando a realidade atual.
Me levanto devagar e com a sensação de ter sido atropelada por um caminhão e vou até ela, que nesse momento já estava aos gritos.
Troco a fralda dela e tento dar o leite, mas não aceita, contínua gritando histérica.
Percebo que ela está com barriga endurecida, e expressão de dor e sofrimento.
Aurora — Ah! Minha bebê, você está com cólicas! — Digo tentando acalmá-la.
Acalento-a por um tempo na esperança que acalmasse um pouco. Retiro a sua roupinha e a deito com a barriga pra cima, faço uma massagem com movimentos circulares na barriga e no umbigo, utilizando óleo, depois empurro as perninhas em direção ao abdômen, comprimindo ligeiramente a barriga, e faço movimentos de bicicleta.
Ao poucos ela vai se acalmando e cessa o choro. Com ela mais calma, tiro a minha blusa e a deito emborcada sobre a minha pele e assim ela adormece.
Ambas, mais tranquilas, eu consigo responder o Marco.
A possibilidade de perder a Alice me apavora.
Ela é minha desde antes de nascer.
...Gravidez e parto da Maya...
Assim que os pais da Maya descobriram a gravidez, rejeitaram a criança, por isso ela me fez jurar que não a abandonaria se algo a acontecesse.
Foi uma descoberta tardia e o aborto já não era mais uma opção.
A barriga demorou a despontar, talvez por ser a primeira gravidez, ou talvez a musculatura dela fosse muito boa, só sei que a barriga começou a se evidenciar no começo do 7° mês.
Os pais dela eram exatamente iguais os do Rogér, "falsos moralistas", queriam a todo custo que ela dissesse quem era o pai da criança para obrigar a casar e assumir a criança, mas ela se recusou veementemente a dizer.
E pra não serem apontados na rua pelo "deslize" da filha, quando a barriga começou a crescer, armaram uma viagem pra o interior onde ela teria a criança em segredo e posteriormente a colocariam pra adoção, e disseram que ela viajaria por que precisava de um período de descanso, pois a faculdade estava a esgotando.
Foi aí que deixei o meu emprego meio período, e entrei nesse "deus nos acuda" em que me encontro.
Ela havia insistido muito pra eu poder acompanhá-la, tinha medo do que aconteceria com o bebê. E eu fui sem nem imaginar que ela jamais voltaria e que sequer teria a oportunidade de pegar a Alice no colo...
A Alice veio ao mundo pouco depois completar os 8 meses, com 36 semanas pra ser mais exata.
A casa onde estávamos ficava numa cidadezinha do interior, bem no meio do nada, alguns vizinhos apenas não tão perto, nem sequer acesso sinal telefônico nós tínhamos. Eu tinha que ir até a cidade vizinha quando queria falar com o Rogér ou a Milla por telefone.
Os pais dela se certificaram de que o nascimento não se tornasse conhecido, a Maya sequer pode sair da propriedade nos quase dois meses que ficamos por lá.
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...Flashback...
Maya — Rori, acorda!
Escuto a Maya me chamando num gemido, abro os olhos ainda sonolenta e quando consigo assimilar o que ela está dizendo, me levanto abruptamente e vou até a sua cama.
Maya — Estou muita dor, me ajuda por favor. — Fala com um fio de voz.
Estava tudo num breu absoluto. Eu acendo uma pequena lamparina que ficava no quarto e a vejo pálido com expressão de dor.
Aurora — Calma, amiga! O que você está sentindo? — Pergunto preocupada.
Maya — Acredito que o meu bebê quer vir ao mundo.- Ela diz controlando a respiração.
Aurora — Tem certeza? Ainda faltam algumas semanas?
Maya — Eu sei, mas suponho que o bebê não quer mais esperar... Ai, ai. — Ela se contorce de dor .
Eu percorro os meus olhos pelos lençóis e vejo que há sangue.
Aurora — Acho que você tem razão!
Me levanto e saio as pressas para chamar a D. Araci, dona da casa e parteira, a quem a mãe da Maya deixou responsável por trazer a criança ao mundo.
A aviso sobre o que está acontecendo com a Maya e ela levanta-se e me manda ir até à cozinha colocar bastante água pra ferver, enquanto ela separa alguns panos e toalhas limpas, sabão virgem e algumas ervas.
Faço o que ela ordena, coloco as panelas no fogo, vou até o quarto ver como a Maya está e logo volto pra pegar a água.
Ajudo a D. Araci a preparar um banho morno dentro de uma bacia de madeira que havia em um dos quartos. E ela vai até a cozinha e prepara um mentrasto (Erva de São João) e oferece um pouco para a Maya e adiciona o restante na água do banho e diz ser pra ajudar nas contrações.
Logo após o tomar o chá Maya queixou-se ainda mais de dor e a Araci falou que era esse o objetivo dele, aumentar as contrações.
A Maya ficou alguns minutos ali na água morna, até que a água esfriar e nada do bebê nascer.
Eu já estava com o coração na mão em vê-la sofrer daquele jeito.
A Araci pediu que ela saísse da banheira e se apoiasse na cama e iria fazer a "esfriguição" (massagem com óleo de amêndoas) consiste em movimentos de puxo do bebê no sentido abdome-pelve. Ela passava o óleo nas mãos e as aquecia no calor de brasas antes de realizar a massagem.
Ela fez a massagem por um tempo e disse que a criança estava mal posicionada para nascer.
Araci — Vou lá fora rezar pra essa criança nascer e volto já. — Diz saindo do quarto.
Maya — Rori, eu não vou aguentar. Promete mais uma vez cuidar do meu bebê?
Aurora — Calma amiga, todos que encontrei nas redondezas disseram que ela é uma ótima parteira e já fez vários partos. Você vai ficar bem. — Digo pegando a sua mão, mas sem muita convicção.
Maya — Me promete? Pergunta novamente olhando nos meus olhos.
Aurora — Prometo! Será como se fosse sangue do meu sangue.
Maya — Me alegra saber que o meu bebê estará em boas mãos. Só espero que um dia você possa me perdoar. — Diz com um sorriso triste.
E antes que eu possa perguntar sobre o que ela estava falando a Araci volta, e como ela havia dito, a criança logo nasceu.
A Maya assim que ouviu o choro, me olhou e riu aliviada e logo em seguida desmaiou.
A araci cortou o cordão e me entregou a bebê rapidamente, voltando toda a sua atenção para a Maya.
Trouxe a Maya de volta aos sentidos, mas ela ainda estava muito fraca, quando se voltou para retirar a placenta percebeu que a Maya estava com hemorragia severa e nesse momento a Maya convulsionou e desfaleceu de vez.
Não pude acreditar quando a Araci se levantou e pegou a criança pra fazer o asseio dizendo que infelizmente ela não resistiu. Fiquei paralisada em estado de choque, o meu corpo estava ali, mas minha alma parecia estar a km de distância.
Volto a mim quando vejo a Araci volta com a criança embrulhada parecendo um pacotinho.
Araci — O dia já está quase amanhecendo, e a criança tem fome, a filha dos vizinhos teve criança a pouco tempo também, vou ver se ela pode alimentar a menina até você contatar os avós e eles decidirem o que vão fazer.
Apenas assenti como se estivesse em transe.
Araci — Você pode por as coisas em ordem por aqui antes de ir até à cidade?
Olhei ao redor e vi os baldes, bacias e a pilha de lençóis sujos de sangue no chão.
Olhei para a cama onde a Maya jazia inerte e sem vida. Ela tinha um semblante tão sereno...
Assenti mais uma vez, ela saiu com a criança.
Aproximei-me do seu leito de morte, toquei nos seus cabelos e uma lágrima de dor escorre pelo meu rosto.
Aurora — Jamais abandonarei a filha que você me deu! Vou cumprir com o que lhe prometi.
Deposito um beijo em sua testa e começo a por o lugar em ordem.
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O som da campainha me desperta das minhas divagações, me levanto e ponho a Alice no berço, visto a minha blusa e vou até a porta...
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Atualizado até capítulo 53
Comments
Tatiana Alves
quase certeza que Alice é filha do Roger por isso essa rejeição dele com a criança
2025-03-15
2
Olímpia Eloi
eu acho que a Alice e filha do Roger mesmo
2023-02-26
3
Deizelucy Mesquita
vixi... será q é filho do Rogér ruummmmm sei não....pois pediu perdão
2022-06-13
3