Capítulo XIII

...João Pessoa-PB...

Aurora — É O QUÊ???

Grito arregalando os olhos enquanto corro pra pegar o celular das mãos dela.

Com o celular em mãos leio as mensagens que ele enviou e não consigo acreditar que, de fato, isso está acontecendo.

...****************...

...Mensagens de Marco...

...****************...

✅ Querida Aurora, creio que já posso tratá-la

pelo primeiro nome, estou certo?

✅ Serei direto.

Tenho alguns assuntos a tratar no Brasil nos próximos dias. Dias 24 e 27 para ser mais exato.

✅Poderíamos nos encontrarmos nesse ínterim?

✅ Aguardo sua resposta.

Att. Marcos.

...****************...

Fiquei ali, sem ação encarando o celular com o coração acelerado e as mãos suando frio.

Pensei comigo mesma.

-Bom, faltam apenas doze dias para que o prazo da ordem de despejo expire...

E aquela fora a única alternativa que me restara.

Respiro fundo procurando clarear as ideias.

Aurora — É agora ou nunca! — Digo decidida.

— Tenho pouco mais de uma semana antes de ficar desabrigada com a Alice. Apenas 12 dias... - Digo com pesar - Vou concordar, e seja o que Deus quiser e permitir.

Ela me encara.

Camilla — Se essa é a sua decisão, estou aqui para apoiá-la no que você decidir.

— Mas vou perguntar mais uma vez: - Tem certeza? — Indaga-me olhando nos olhos e segurando uma das minhas mãos.

Aurora — Tenho!

Não tenho mais nada a perder e não desperdiçarei a única oportunidade de oferecer uma vida digna a minha filha.

Camilla — Sendo assim, estou contigo e "não abro nem pra um trem carregado de pólvora com um bêbado fumando maconha em cima!" — Você tá me entendendo? — Diz e me abraça.

É praticamente impossível eu não rir com a denotação metafórica que ela usou...

Aurora — Obrigada Milla, é bom saber que ainda tenho você por mim. — Digo rindo e retribuo o abraço.

Nos separamos e me ela solta uma pérola:

Camilla — Já parou pra pensar que ele pode ser um velho *caquético, e você, além de cuidar da alice, terá que cuidar dele também?

Fecho os olhos e *franzo o rosto fazendo uma cara de nojo

Aurora — Argh! — Um leve tremor passa pelo meu corpo —Gosto nem de pensar, mas acredito que não corro esse risco, já que ele mencionou que pretende ter filhos... — Falo com um pequeno sorriso.

Camilla — É verdade, menos mal... — Ela diz pensante. — Mas ainda pode ser desprovido de beleza né, o coitado, pra ele ter que arranjar uma esposa através dos jornais, no mínimo, deve ser prejudicado das feições... Você não acha?

Aurora — Não vou mentir, já pensei sim. — Vou até à pia e começo a lavar os pratos — Mas se colocar na balança: beleza e estabilidade", o que ele está oferecendo pesa mais.

Ela se aproxima com o pano nas mãos e começa a secar a louça.

Camilla — Isso é verdade! — Diz ela

com uma xícara nas mãos — Vou parar de pilhá-la e fazer o meu papel de amiga sem questionar.

Eu assinto e continuamos em silêncio até que a cozinha estivesse toda em ordem.

Ela vai ver a Alice, e eu até a área de serviço onde a máquina já havia terminado de lavar os lençóis, estendo-os.

Pego as roupas que havia passado mais cedo para guardá-las, passando pela sala vejo que a minha pequena ainda dorme, mas a Camilla não está com ela.

Eu estranho, mas sigo para o quarto, encontro ela colocando roupas de cama limpa no berço, parecendo distraída e com o semblante carregado.

Aurora — Então, quem morreu?

Pergunto a assustando e a tirando dos seus devaneios.

Camilla-Que me fazer enfartar? — Responde ela, com a mão no peito.

Eu começo a rir...

Aurora — Eu hein, tu que tava aí com uma tromba maior que a de um elefante, e com a cabeça sabe-se lá onde... — Eu que tive um susto.