Capítulo VIII

...João Pessoa-PB...

Digito e apago várias e várias vezes procurando ser o mais clara e objetiva possível, mas também com certo receio de causar a impressão de estar desesperada (embora esteja de fato, ele não precisa saber...).

Aurora — Não sei como começar! — Digo enquanto mordo a lateral do lábio inferior.

Camila — Calma, amiga. Diga que não vê problema em se mudar, e pergunta o que ele espera dessa união.

Aurora- É mesmo. É isso que vou fazer!

Digo e finalmente escrevo a mensagem e envio logo em seguida, antes que eu a apagasse novamente.

Aurora — Pronto! Agora é só esperar para e ver que vai dar!

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...Pichilemu-Chile...

Depois de enviar as mensagens, vou para o escritório examinar os documentos que o Eduardo (meu advogado) enviou para me pôr a par da situação da empresa.

A Izzie já havia retornado do mercado, preparado as refeições e armazenado tudo exatamente como havia dito que faria.

Mergulhado em meio as planilhas e mais planilhas, relatórios, licenças perco a noção do tempo.

O mercado está sempre se atualizando, inovando e evoluindo. E eu preciso estar a par de tudo isso quando assumir os negócios de meu pai.

Como CEO assumirei responsabilidades que incluem resolver e tomar decisões importantes, gerir os recursos e operações gerais da empresa e atuar como o ponto central de comunicação entre o operacional e o conselho de administração.

Sendo assim, devo acompanhar essas premissas, pois serei um dos principais responsáveis por enxergar o crescimento e as possibilidades na empresa.

O tempo voa e, sou interrompido quando a Izzie bate à porta.

Marco - Entre.

Isidora - Meu menino, você está o dia todo enfurnado nesse escritório, nem sequer almoçou. Não está na hora de dar uma pausa e acompanhar-me durante o jantar?

Acho graça ao vê-la me chamando de menino... Um menino de 38 anos! 😅

Olho para o relógio e vejo que já se passava das 18h.

Marco — Não vi o tempo passar Izzie. São tantos papéis para analisar... — Digo sem muito ânimo. — vou dar uma organizada aqui e te encontro num instante.

Isidora — Está bem, estarei lhe aguardando. Não se demore!

Dou-lhe uma piscadela matreira e começo a organizar todos aquelas pastas.

Com todos os documentos nos seus devidos lugares, me dirijo até o quarto, tomo um banho rápido e desço antes que a Isidora viesse me chamar outra vez.

Marco - ¡Guau! ¡Qué hermosa mesa!

(Uau! Que bela mesa!)

Digo quando avisto a mesa, ela estava repleta de tudo o que eu gosto.

Porotos granados, pastel de choclo, ceviche, empanadas e de sobremesa: pudim de abóbora.

...* Pausa pra explicar o cardápio *...

Porotos granados: é um ensopado chileno tradicional no campo, feito principalmente de feijão maduro, amêndoa e abóbora. Outros ingredientes comuns são cebolas e ervas como cominho, manjericão e orégano. A abóbora também é usada em algumas receitas.

Pastel de Choclo: Uma torta de milho,um prato preparado com grão de milho terno da cozinha tradicional peruana e chilena. Tem carne moída ou frango, manjericão e azeitonas pretas.

Ceviche:prato da culinária peruana e sul americana baseado em peixe cru ou camarão marinado em suco de limão ou lima ou outro cítrico. O essencial é que o pescado seja branco, mas de carne firme; camarão, lagosta ou mesmo polvo podem também ser usados

Empanada: em quase todos os países da América Latina, é o equivalente ao pastel português, uma preparação individual de massa de farinha recheada e assada em forno ou frita.

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Isidora - Sente-se e coma logo, saco vazio não fica em pé. Você passou o dia sem se alimentar.

Não esperei ela falar duas vezes, sentei-me e ataquei a comida. Não havia me dado conta que estava com tanta fome até me deparar com o banquete feito pela Izzie.

Isidora — Calma menino, a comida não vai sair correndo. — Diz divertida.

De boca cheia, lhe respondo com um rosnado *ininteligível.

Isidora — Essa foi a educação que você recebeu Marco?

Paro de comer e a encaro.

Marco — Me desculpe Izzie, não percebi a fome que tinha, até que me deparei com esta belíssima refeição. — Digo sério — Sem falar é claro, do seu tempero que é maravilhosamente divino. — Completo dando-lhe um sorriso.

Ela me assenti e sorri de volta.

Terminamos a refeição e eu ajudo-a a tirar a mesa.

Isidora - Então, alguém já aceitou participar dessa sua maluquice de casar, como se o casamento fosse um negócio?

Marco — Querida Izzie, recebi algumas centenas de respostas...

-São outros tempos. As pessoas mantêm a mente aberta hoje em dia.

Isidora - Isso é modernidade demais pra mim! - Fala, revirando os olhos. - Mas enfim já tem alguma em mente?

Marco- Boa parte eu descartei, outras ainda estou analisando, mas...

Ela me encara com a sobrancelha arqueada e pergunta:

Isidora -Mas...?

Marco — Teve uma que me mandou mensagens hoje cedo, do nordeste Brasil. — Falo meditativo. — A mensagem não dizia muito, apenas que era viúva e tinha uma filha recém-nascida e que havia se interessado.

Isidora — Você mal decidiu se casar e já pretende ter o pacote completo? — Pergunta enquanto põe a louça na lava louças.

Marco — Izzie, a senhora sabe muito bem que não pretendo viver nenhum romance ou conto de fadas. E sendo sincero, acredito que sendo uma viúva e mãe, ela já está mais habituada a lidar com a casa e o casamento.

Isidora - Você não deve se fechar pra sempre pra o amor, o que aconteceu com a Martina, foi há muito tempo. Não se negue o direito de ser feliz vivendo a vida na sua plenitude.

Marco — O que aconteceu serviu para mostrar-me que consigo sobreviver sem eles.

Isidora - ¡Siento que hayas sufrido tanto!

(Lamento que tenha sofrido tanto!)

Marco — No se sienta. (Não sinta.) - Digo dando um beijo casto em sua fronte. - Aliás, respondi a jovem viúva, e estou aguardando sua resposta. Vamos ver se prosseguimos ou não.

Marco - Buenas noches Izzi.

Isidora - Buenas noches hijo.

Subo as escadas em direção ao quarto e vou diretamente ao banheiro, escovo os dentes e tomo mais um banho pra dormir.

A noite estava um pouco fria então ponho um pijama confortável e quente, e deito na cama para conferir o celular.

E lá estava a resposta dela...

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