Capítulo V

...João Pessoa, 21 de março...

🕔 5h da manhã levanto da cama quando ouço minha pequena resmungando no berço.

Vou ao banheiro faço toda a minha higienização matinal, preparo a mamadeira, e enquanto espero atingir a temperatura ideal para a servir, troco a sua fralda cheia.

— Bom dia, minha princesa! — Digo enquanto a tiro do berço.

Tive uma noite turbulenta.

E as olheiras profundas denunciam isso.

A ansiedade mal me deixou pregar os olhos, e sempre que eu conseguia pegar no sono, sonhava que estava sendo despejada.

Treze dias! Esse é o prazo para eu encontrar a uma solução, antes que o sonho que tive durante a minha madrugada mal dormida, se tornasse real.

Com a fralda limpinha e bem alimentada a coloquei no bebê conforto e levei pra cozinha, onde a deixei em cima da mesa enquanto preparava o meu desjejum, assim poderia a observar.

Preparo o meu café, faço uma tapioca de coco e queijo (AMO), asso algumas fatias de queijo coalho e faço um suco de laranja.

Sento à mesa e como, enquanto observo a Alice brincar com as suas mãozinhas.

Terminada a minha refeição, a pequena já havia caído novamente no sono dos justos.

Lavo os pratos, organizo a cozinha e vou em direção a sala, levando a dorminhoca comigo. Sento no chão com as costas apoiada no sofá, olho pra aquele mar de jornais espalhados por toda a sala e novamente meu olhar recai sobre aquele curioso anúncio...

Fico com os olhos cravados durante um bom tempo ali.

Talvez seja essa a resposta as minhas preces...

Sei cozinhar bem, e modesta parte mando muito bem na cozinha, posso cuidar da casa e tecnicamente eu já tenho uma filha...

Pego o papel e examino-o mais de perto.

Se pelo bem-estar da pequena Alice, eu tiver que casar com um completo desconhecido... Que seja!

Não custa tentar.

Se der certo, terei um teto e condições melhores para criar a Alice. E se não der, bom, pelo menos tentei.

Melhor se arrepender sabendo que fiz tudo que estava a meu alcance, do que futuramente me arrepender por não ter tentado.

Me decepcionei muito com o Rogér. Não acredito que ele foi capaz de rejeitar uma pequena criança órfã. Me intimando a abandoná-la se quisesse continuar com ele.

Ele que dizia me amar! Isso é amor? Se for, eu dispenso!

Perdi totalmente o interesse de me envolver sentimentalmente com alguém. Mas a pessoa que fez o anúncio tampouco parece querer isso. A sua proposta mais parece uma espécie de acordo, lar e segurança em troca de filhos e alguém para cuidar da casa. Provavelmente deve ser um velho.

- Eu consigo lidar isso!

Pego meu celular e adiciono o contato.

Vejo que o número tem Whatsapp e decido contatá-lo por lá. Afinal não tenho como bancar uma ligação internacional. Rsrsrs

......................

...Pichilemu-Chile...

Passo boa parte da noite descartando algumas das inúmeras pretendentes que surgiram. E naquele momento me arrependi de ter feito aquela publicação, ainda não encontrei uma pessoa que tenha objetivos próximos aos meus.

Ainda bem que tive a ideia de adicionar o número de um celular descartável, e não o meu de uso pessoal, senão não teria um minuto de paz.

Pensei que seria bem mais fácil escolher uma esposa já que não pretendo me apaixonar, mas pelo visto me enganei.

É cada louca que me aparece!

Acabo tendo que bloquear algumas.

Enquanto leio mensagens e mais mensagens cheias de baboseiras melosas acabo adormecendo com tédio.

Acordo com frustado por ainda não ter conseguido solucionar esse problema.

Olho para o celular em cima da cama e vejo várias notificações de novas mensagens recebidas...

— Santo Dios!!! -Digo revirando os olhos e jogando o celular de lado. Levanto-me e vou ao banheiro fazer a minha higiene e em seguida vou direto para cozinha me reabastecer.

Me surpreendo ao encontrar Isidora (Governanta da casa onde cresci e meu porto seguro desde que a minha mãe faleceu quando eu ainda era um menino), preparando meu café da manhã.

Marco -Bom dia Izzie! O que está fazendo aqui? — Cumprimento à doce senhora de cabelo curto,pele clara e olhos acinzentados, com um abraço apertado e um beijo na testa.

Isidora -Bom dia, meu menino. Responde-me com um sorriso. -Acha mesmo que eu o abandonaria a própria sorte?

Aproveitei estar aqui pertinho e decidi vir visitá-lo. E como suspeitei, você não tem se alimentado direito... Aqui Não tem nada que dê pra preparar uma refeição decente, Marco!

-Tem se alimentado de vento minha criança?

Não aguento o drama que ela faz e a respondo rindo:

Marco — Delivery, Izzie!

Ela me encara com uma carranca.

Izzie — Irei ao mercado fazer compras para poder preparar algumas refeições e deixá-las congeladas pra você.

Marco -Não precisa se incomodar Izzie, eu já sei me cuidar.

Izzie — Sabe nada! E eu já me decidi e ponto final! — Fala em tom firme. — Agora senta aí e toma o seu café!

Olho para a mesa e me deparo com um típico café da manhã chileno: chá preto, pão com manteiga, 'palta' (abacate), ovo e suco.

Marco -Posso me acostumar fácil, fácil a ser mimado por você Izzie. — Digo atacando a comida.

Ela me olha com ternura e balança a cabeça, voltando-se para a pia. Então diz:

Isidora — Marco, meu menino você cresceu apenas em idade e tamanho, ainda continua o mesmo moleque travesso de sempre. Tá mais do que na hora de criar juízo mocinho!

Marco - Tô providenciando isso Izzie, não se preocupe. -Falo sério enquanto termino a refeição -Da próxima vez que vier aqui já estarei casado.

Isidora - Tem certeza do que está fazendo menino?

Marco - Nunca estive tão certo!

Ela suspira em rendição.

Izzie — Bom, estou indo agora ao mercado, trate de deixar a cozinha organizada quando terminar. — Diz com uma piscadela — Precisa que eu lhe traga algo mais, além é claro, de comida?

Sorrio e balanço a cabeça fazendo que não, e ela se vai, me deixando a sós com os meus pensamentos.

(Isidora, ou como gosto de chamá-la Izzie!)

Logo após terminar e organizar a cozinha, volto para o quarto afim de terminar de vez com essa procura.

E dessa vez, em meio de todas aquelas mensagens, uma chamou-me bastante a atenção...

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