Flores De Março
O que eu vou fazer da minha vida?
suspiro e fecho os meus olhos tentando controlar a minha respiração.
Eu acabei de contar ao meu namorado que estou grávida, e sabe o que ele fez? Me abandonou e disse que não está pronto para ser pai, que não quer assumir tal responsabilidade e que sentiu muito!
E sem contar que estou longe do meu país, dos meus pais e do meu irmão.
Eu vim morar em Nova York há mais ou menos dois anos. Eu aprendi a falar inglês ainda quando criança. Eu assistia vários desenhos e ouvia músicas em outras línguas acompanhando sempre as traduções, e a minha tia me ajudou muito também. Ela é professora de inglês e me deu algumas aulas.
Eu consegui uma bolsa em uma das melhores faculdades daqui, eu estudei por um ano inteiro e passei.
Foi um momento tão feliz! Eu via nos olhos dos meus pais o quanto estavam orgulhosos de mim. E sem contar no Lucas, meu irmão mais velho, ele tem vinte e cinco anos, é casado com a Júlia e tem um filho de um ano com ela.
Eu vejo o meu sobrinho sempre por chamada de vídeo, ele é um lindo bebê!
Estou no segundo ano de pediatria, sempre foi o meu sonho poder cuidar da saúde das crianças, desde menina eu tenho esse desejo dentro de mim, sempre soube o que eu queria ser quando crescesse.
Eu vim para cá na esperança de ter uma vida melhor, de poder dar uma vida ao menos estável aos meus pais, eles batalharam muito para poder cuidar de mim e do meu irmão, e agora eu estou prestes a dar uma grande decepção a eles.
_ o que foi, Jai? Por quê está assim? - enxugo minhas lágrimas ao ver a Marie entrar no quarto.
Ela é minha melhor amiga e dividimos juntas esse apartamento.
_ ele não quer saber de mim e nem do bebê _ olho para ela e suspiro pesado levantando da cama logo em seguida _ ele terminou comigo e disse que sentia muito.
_olha, eu vou dar na cara dele! _ ela nega com a cabeça parecendo nervosa _ como ele teve coragem de fazer isso com você? Não pode encarar isso sozinha!
- eu não sei o que fazer, estou me sentindo tão insegura e desamparada! - volto a sentar na minha cama.
_ você não está sozinha, Jai _ ela segura minha mão _ eu estou com você, ouviu? E eu jamais vou te abandonar.
- você não entende, Marie, tudo que eu menos queria agora era um bebê! - volto a derramar algumas lágrimas - o que ganhamos no trabalho não está dando nem para pagar as contas quem dirá sustentar uma criança! - eu e Marie trabalhamos em um bar que fica a umas três quadras daqui, não ganhamos muito, entretanto dá para suprir as nossas necessidades e comprar pelo menos o básico.
_ olha, enxuga essas lágrimas, ele não merece isso _ ela passa sua mão em meu rosto _ vamos dar um jeito, está bem? E eu acho que a primeira coisa que você deve fazer é ligar para os seus pais.
_ eu não posso fazer isso _ levanto da cama _ eles estão bem, felizes e vivendo com o dinheiro que ganham com o pequeno restaurante que abriram juntos há pouco tempo, não quero preocupá-los com os meus problemas.
_ Jai, os seus pais são ótimas pessoas, e eu tenho certeza que eles jamais te abandonariam.
_ eu sei, entretanto eu quero me estabilizar primeiro, não quero jogar em cima deles uma responsabilidade que é somente minha.
_ sua e daquele idiota, não é? _ ela sorrir de lado tentando me animar _ o que vai fazer em relação a faculdade?
_ eu vou ter que abandonar _ sinto a tristeza tomar conta de mim novamente. Eu amo tanto a minha faculdade, amo aprender e saber que em breve poderia trabalhar fazendo o que sempre quis e tive vontade _ eu terei que arrumar outro emprego, esse que estou não vai dar para pagar as nossas contas e nem comprar coisas para o bebê _ toco minha barriga e suspiro. Apesar de estar passando por todos esses problemas, eu ainda sim estou feliz por saber que tem uma vida crescendo dentro de mim. Apesar de não ter sido planejado, ele já é muito amado e sei que também será pela minha família _ eu vou esperar ele nascer para depois voltar ao Brasil.
_ você vai embora ?
_ eu tenho que ir, Marie, os meus pais me deram o terreno deles para eu poder fazer a minha casa futuramente, e eu sei que com esforço eu vou conseguir.
Os meus pais são de Salvador, eu nasci e cresci na liberdade, é uma cidade linda e incrível!.
_ eu vou te deixar sozinha um pouco, sei que é disso que está precisando agora _ Marie toca meu ombro _ cuida bem do meu afilhado ou afilhada.
_ não se preocupe, eu vou cuidar muito bem dele.
18h12 da noite.
Hoje é o dia de maior movimento no bar, é um lugar calmo, tranquilo e que muitas pessoas de bom senso frequentam.
Não é um daqueles bares onde tem muito barulho e adolescentes bêbados. Temos karaokê ao vivo todos os dias, servimos comidas e vários drinks especiais. A maioria das pessoas que frequentam aqui são daquele tipo que buscam um lugar tranquilo para sair com o namorado ou até mesmo se divertir com amigos ou alguém da família.
Jacob costumava me levar para lugares assim.
Ele foi o meu primeiro namorado, e eu nunca imaginei que ele me deixaria em uma situação como essa. Jacob parecia me amar tanto, ele sempre dizia que estaria ao meu lado em todos os momentos da minha vida e eu infelizmente acreditei.
_ Jai, você está bem?_ sorrio ao sentir a preocupação na voz do Brandon, ele é o cara que faz os drinks super famosos do bar.
_ estou, não se preocupe _ pego a bandeja em cima do balcão e suspiro.
_ tem certeza? Seus olhos me parecem meio inchados _ ele me analisa e eu nego com a cabeça.
_ eu juro que estou bem, não precisa se preocupar _ tento lhe dar o meu melhor sorriso _ tenho que ir, o trabalho me espera.
Respiro fundo e caminho até as mesas.
_ boa noite! Vão querer algum drinks especial?
_ não, já estamos de saída _ o homem que antes estava sentado na mesa a minha frente, agora está de pé do meu lado olhado para o seu amigo com certa presa.
_ pelo amor de Deus, Tyler! A gente acabou de chegar! _ o cara sentado nega com a cabeça se recusando a levantar.
_ sabe que eu não gosto de frequentar esse tipo de lugar. Preciso ir para casa, Chloe está me esperando.
Ele parece não está em um dos seus melhores dias.
Alto, moreno e bonito. Tem uns lábios chamativos e um músculo não muito exagerado.
Deve arrancar muitos suspiros por aí.
_ aí! _ toco minha cabeça ao sentir uma leve pontada nela.
_ você está bem? _ ele interrompe sua discussão para me olhar.
_ estou, só foi uma leve dor de cabeça _ fecho meus olhos e respiro fundo ao sentir uma forte tontura me invadir.
_ ei! _ sinto minhas pernas falharem e braços fortes me tocarem ao mesmo tempo _ senta aqui _ ele me guia até a cadeira enquanto seu amigo me abana com o cardápio _ o que está sentindo?
_ uma tontura muito forte! _ tento controlar minha respiração e olho para ele que agora está abaixado na minha frente.
_ isso acontece com frequência?
_ não, entretanto eu acho que esse é o meu destino nós próximos oito meses.
_ toma, bebe um pouco de água.
_ obrigada! _ pego o copo da mão do outro cara e trago o líquido até a minha boca.
_ acho que esse trabalho não é nada leve para uma mulher grávida _ ele levanta e leva as mãos até o bolso de sua calça.
_ é o único que tenho e preciso agarrar ele com todas as minhas forças! _ sinto meus olhos lacrimejarem _ obrigada pela ajuda, e já que não vão querer nada eu vou voltar para o balcão _ levanto da cadeira com calma e recolho os cardápios em cima da mesa.
_ espera!_ ele segura meu braço com certeza delicadeza _ eu vou querer um drink de morango _ ele me solta e volta a sentar na cadeira _ com pouco álcool.
_ tudo bem, e você? _ olho para o outro cara que também está sentado novamente.
_ eu vou querer o mesmo que ele.
_ daqui a pouco eu trago os drinks _ pigarreio e me afasto indo para o balcão.
_ Brandon, dois drinks de morango com pouco álcool _ coloco os cardápios em cima do balcão e suspiro pesando olhando de relance para os homens sentados a mesa.
O bar está começando a ficar movimentando e pelo visto a minha noite vai ser super agitada.
02h13 da manhã.
Aos sábados sempre fechamos nesses horários, e é por isso que eles costumam ser bem puxados e cansativos.
Os homens que me ajudaram quando passei mal foram embora há poucos minutos.
Eles tomaram dois drinks e a cada dez minutos eu podia ver o Tyler, acho que esse é o nome dele, me olhando.
_ bom, eu quero falar com vocês.
_ acho que vêm problema a í_ Marie sussurra em meu ouvido ao vê o Simon se aproximando. Ele é o dono do bar e está com uma cara bem estranha, e sabemos que vêm coisa ruim por aí porquê ele é sempre bem tranquilo e sorridente.
_ vocês sabem que nos últimos meses as despesas do bar vêm aumentando muito _ ele começa e suspira.
Por Deus, não seja o que eu estou pensando.
_ e eu quero que cada um de vocês saibam que sempre foram e sempre serão muito importantes para mim e para o nosso bar, mas, infelizmente eu terei que demitir alguns funcionários hoje. Não estou conseguindo conciliar o salário de vocês junto com as contas de luz, água e todo o resto que subiu absurdamente! _ ele morde os lábios e fecha os olhos _ Jai, Brandon e Lucy, infelizmente eu terei que me despedir de vocês, sinto muito.
Mas que merda! Era só o que me faltava! Como eu vou viver agora? Como vou manter esse bebê?
_ espera! Não pode fazer isso! _ Marie dá um passo a frente e eu seguro sua mão _ ela está grávida! Não pode demitir uma funcionária gestante.
_ você está grávida? _ ele me olha surpreso e eu confirmo com a cabeça _ e-eu não sabia, me desculpa! _ ele se aproxima _ então eu vou ter que escolher outra pessoa.
_ não, Simon, está tudo bem! _ tento segurar as lágrimas que estão insistindo em cair pelo meu rosto _ não é justo você demitir outra pessoa no meu lugar _ tiro meu avental.
_ Jai, eu sinto muito de verdade _ ele fecha os olhos _ passa aqui amanhã, eu vou dar baixa na sua carteira e prometo te dar tudo o que tem direito.
_ tudo bem _ lhe entrego o avental _ foi bom trabalhar com você, apesar de tudo eu me divertir bastante.
_ me perdoa, está bem? _ ele me puxa para um breve abraço _ tenho certeza que vai achar um emprego bem melhor do que esse.
_ eu espero que isso seja verdade _ pego minha bolsa em cima da mesa.
_ eu vou acompanhar vocês em casa _ Brandon se aproxima de mim.
_ não precisa, a gente vai pegar um táxi _ Marie afaga minhas costas.
_ eu faço questão de acompanhar vocês, está tarde e não é bom andarem na rua sozinhas _ ele abre a porta para sairmos _ então, o que vai fazer agora? _ ele olha para mim com as sobrancelhas erguidas enquanto caminhamos na rua.
_ procurar um emprego?
_ eu juro que se conseguir alguma coisa eu ligo para você.
_ não precisa se preocupar comigo, também precisa de um emprego _ entrelaço o meu braço no seu.
_ vamos fazer assim, o que conseguir um emprego primeiro ajuda o outro a achar também.
_ prometo que se conseguir um emprego eu vou indicar você para o meu chefe _ suspiro e continuo minha caminha até o ponto de táxi.
Eu estou sorriso por fora mas acabada por dentro.
O que vou fazer para sustentar esse bebê? O que vou fazer da minha vida?
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Maria das Dores
Autora se ela conseguiu uma bolsa de estudos pq vai parar pq ficou gravida? Não entendo? É só continuar estudando oras
2024-07-21
0
Rosimeire Saraiva
Eita que situação
2024-07-09
1
Sineia Soares
Que situação
2024-06-27
0