Corações Inconstantes

A vida estava boa demais

Rina, estava deixando Royal Coffee Bar com sua melhor e única amiga Taylor Benson, elas planejaram todos os aspectos da grande festa de aniversário que Rina daria para comemorar seus 22 anos e onde ela anunciaria que ela e seu namorado Connor iriam se casar. Depois de se despedir de Taylor, Rina percebeu que esqueceu as chaves do seu carro no café, não era típico dela fazer essas coisas, ela olhou para o céu e sol estava se pondo e ela estava ansiosa demais pra contar todas as novidades para Connor, o namorado com quem ela planejava dividir todos os aspectos da sua vida, ela estava ansiosa pra se tornar a Sra. Connor Rhimes.

Ela sabia que esse aniversário seria especial, não só porque seria a primeira grande comemoração organizada por ela sem a ajuda dos seus pais, mas, por que também sabia que Connor planejava pedir sua mão em casamento. Uns dias atrás enquanto esperava Connor voltar para o apartamento dele, ela viu um lindo anel de noivado escondido em uma das suas gavetas e então guardou segredo para fazer cara de surpresa no dia do pedido. Afinal era isso o que toda garota queria, um pedido romântico e apaixonado para surpreende-la. Por isso, toda a festa foi organizada em torno desse evento, os melhores amigos foram convidados assim como os pais de Connor. Os pais de Rina que originalmente não iriam a festa foram convocados a deixar sua viagem de segunda lua-de-mel para estar presentes, mas Rina manteve segredo também deles sobre o pedido, já que ela supostamente não deveria saber de nada, verdade seja dita ela contou apenas Taylor que precisava saber de tudo por que tinha que ajudar na organização.

Rina voltou ao café para buscar as chaves do carro e levou um tempo até encontrá-las debaixo da cadeira onde ela estava sentada antes. O que ela não esperava era ouvir uma voz familiar vindo da porta do café. Olhando em direção a voz, ela viu seu namorado entrando no café e indo em direção a uma das mesas do canto. Quando ela se preparava pra dizer —oi— uma mulher estranha se jogou nos braços dele e lhe deu um beijo apaixonado que foi imediatamente correspondido pelo homem. Rina levou apenas um segundo para se recompor, ela tirou o celular do bolso e fez algumas fotos do casal apaixonado enquanto as lágrimas rolavam por todo seu rosto. —Connor é realmente um canalha— ela escreveu numa das mensagens com a imagem que enviou para Taylor. Rina permaneceu no café por alguns minutos até poder deixar o lugar sem ser notada pelo seu namorado traidor.

No carro, ela estava pensando no que poderia fazer, sua cabeça estava uma bagunça e seu coração estava partido. Rina se orgulhava de ter um relacionamento exemplar, ela nunca foi uma louca possessiva e por isso Connor tinha toda a liberdade para estar rodeado de mulheres, essa era também uma das exigências do trabalho dele como produtor de moda. Foi assim que eles se conheceram, Rina é uma grande designer de moda e foi modelo de passarela antes disso. Ela sempre foi uma mulher cabide, qualquer roupa ficaria bem quando ela estivesse vestindo. Suas pernas eram longas e seu porte era invejável, mas seus olhos e rosto frio eram o que ela tinha de mais característicos, na passarela ela parecia inabalável, inatingível, uma verdadeira deusa. Porém ela parou de modelar quando seu relacionamento com Connor ficou mais sério, a pedido dele, ela passou a se dedicar exclusivamente a criar e em pouco tempo suas roupas já vestiam mais da metade das musas do entretenimento, nacionais e internacionais.

Todos queriam ter uma Rina Bishop no seu guarda-roupa.

Levou algum tempo para Rina se acalmar mas ela não estava feliz por ter saído de lá sem quebrar a cara daquele filho da puta traidor e agora ex-namorado, então ela queria voltar lá e fazer isso. Quando ela estava saindo do carro ela quase foi atropelada por uma lamborghini que estava saindo do estacionamento a toda velocidade. Rina foi jogada no chão quando se esquivou do carro e o motorista maluco por sua vez nem sequer parou para ver se ela estava bem, deixando ela ainda mais irritada. Após o susto ela praguejou com força em voz alta: —será que esse idiota não sabe que isso é um estacionamento?— Graças ao jeans grosso da calça seus joelhos não sofreram nenhum arranhão, mas suas mãos e parte do braço estavam sangrando um pouco e a dor impediu Rina de ir até o café, logo a sua raiva crescente se estabilizou e ela decidiu que não seria tão fácil para o traidor, talvez mostrar a todos a verdadeira face daquele bastardo seja uma maneira mais interessante de se vingar dele.

Rina pegou o telefone e mandou uma mensagem pra Taylor: —Amiga, tenho umas coisas para lidar agora, mas pode me encontrar no meu apartamento às 20h? Temos que discutir novas medidas para minha festa de aniversário—. Taylor por um momento ficou em choque e mais ainda quando percebeu que Rina ainda iria comemorar seu aniversário depois de descobrir uma traição. Antes mesmo de saber a resposta de Taylor, Rina jogou o celular e a bolsa no banco do passageiro.

No momento que Rina entrou no carro novamente, ela recebeu uma ligação de Connor. Ela sorriu de si mesma quando leu o nome designado para o contato —Minha Vida— respirando fundo ela atendeu o telefone. —Olá!— estava fazendo o possível para não parecer irritada ou triste, isso demandava toda a habilidade de atuação que ela acumulou na passarela ao longo dos anos. Mas ela não suportava ouvir a voz pegajosa do homem do outro lado da linha. — Minha vida, você está no ateliê? Por que não jantamos juntos? — Ela queria manter as aparências, mas sabia que não conseguiria se o visse pessoalmente, então teve que dar uma desculpa para se livrar dele e manter as coisas tranquilas entre eles.

— Querido, eu tenho que encontrar a Taylor mais tarde pra jantar. Sabe, eu deveria ter encontrado ela mais cedo no Café Royal mas não consegui ir — Ao ouvir o nome do café Connor sentiu um calafrio e automaticamente olhou em volta, mas não havia Taylor e ele relaxou com um suspiro de alívio que Rina pode ouvir do outro lado do telefone. — Querido você está bem? Onde você está agora? — Connor engoliu o seco ainda um pouco atordoado — Eu estou bem, ainda estou no estúdio — Rina não pode deixar de bufar de raiva por perceber que ele mente assim como respira. —Que grande filho da puta— pensou.

Mas ela manteve a calma e disse que tinha muitas coisas pra fazer e tinha que desligar. Desligou antes mesmo de ouvir a resposta do outro lado. Ela esperou um pouco mais pra ter certeza que ele não veria o carro dela deixar o estacionamento e depois saiu de lá.

Ethan Coverton dirigia sua Lamborghini a quase 180km por hora a caminho do Hospital Geral, 10 minutos atrás ele recebeu uma ligação dizendo que seus pais sofreram um acidente e sua mãe estava em cirurgia. No hospital seu pai Charles Coverton estava na frente da grande porta da sala de emergências esperando por ele, suas roupas ainda estavam cobertas de sangue, ele tinha uma bandagem na cabeça e seu braço direito estava com uma grande atadura. Ao vê-lo, Ethan correu e perguntou o que aconteceu guiando o pai até uma cadeira próxima a porta. Charles tentou explicar entre o choro e a preocupação — Nosso carro foi perseguido na saída de casa, quando chegamos no cruzamento da rodovia um grande caminhão bateu nele. O Tiago conseguiu desviar um pouco mas ainda assim não foi o suficiente, eu apenas me machuquei, sua mãe está em cirurgia porque suas pernas ficaram presas na ferragem e o Tiago quase morreu por que ao desviar ele sofreu a maior parte do impacto do caminhão.— Ethan sentou ao lado do pai enquanto ouvia atentamente e seu rosto ficou sombrio à medida que seu pai falava. Ela tinha um nome em mente, mas sabia que não era a hora certa pra contra-atacar. Ele esperou ao lado do pai em silêncio até que a luz da sala de cirurgia apagou e sua mãe foi levada ao quarto. Depois de se certificar que ela estava bem, ele colocou dois seguranças em frente a porta do quarto e mais dois ficaram na sala de monitoramento do hospital. Essa era uma demonstração da sua riqueza e influência nessa cidade. Nem mesmo o diretor do hospital ousaria negar um pedido dele. Quando ele deixou o hospital, uma coisa lhe veio à mente. Os olhos da mulher que ele quase atropelou mais cedo. O rosto que estava frio apesar de ter visto claramente que ela estava chorando. Era com certeza um dos rostos mais marcantes que ela já viu na vida. Ele ficou com medo de tê-la machucado mas no momento sua mãe e pai eram sua prioridade, se um dia ele tiver chance vai compensá-la pela falta de educação.