_ Não acredito no que está dizendo isso, Madel! Como tem coragem? Nossa filha tem apenas quatro meses! -Esbravejou Henry, olhando-a atônito ao perceber as malas de sua esposa.
_ Não sei porque tanto escândalo, estou cansada de viver trancada nessa casa. Sabia que tem seis meses que fiz uma viagem decente? - Responde Madeleyne, com semblante impassível.
_ Melina é apenas um bebê, ela precisa da mãe ao lado dela. Como você pode querer viajar e nos deixar sozinhos?
_Ora Henry, sabemos muito bem que quem cuida dela é a Luzia e você, eu fico longe dela o dia todo e ela nem sente minha falta. Você precisa parar de ser dramático!
_Dramático, eu? Me fale que tipo de mãe deixa sua filha ainda pequena apenas pra viajar? Se fosse por um motivo sério, tudo bem, mas apenas porque se sente entediada? A Mel não vale o esforço de ficar?
_ Sabemos muito bem que nunca disse que eu era um mãe modelo, aliás, você sabe muito bem que eu nunca quis ser mãe, nem me casar. Na verdade, sou muito jovem e não queria compromisso algum, a culpa desse casamento fracassado é sua que me cercou até não me deixar opção a não ser te assumir! Eu te avisei, mas o grande Henry Leclerc acha que vai ter tudo que quer sempre, mas novidade: NUNCA TIVE VONTADE DE ME ENCAIXAR NESSE MUNDINHO PERFEITO DE FAMÍLIA FELIZ! NÃO SUPORTO ISSO! ME SINTO SUFOCADA! - Grita, já arremessando um vaso em sua direção.
Pela primeira vez em sua vida, Henry ficou sem palavras. Tudo que acreditava, acabava de ruir diante de seus olhos. A forma como Madel o mirava, com tanto desprezo, o fez sentir o mais inútil dos homens, sem contar a pena que sentia da sua pobre filha, tão frágil e indefesa, sendo trocada por alguns dias de diversão...
_Quer saber? Não quero mais falar sobre isso, são apenas alguns dias espairecendo com minhas amigas, mas você quer fazer tudo parecer tão errado! Estou farta disso: você é sempre tão certinho e responsável! A vida é mais que isso! Não tente me fazer sentir culpada porque não vou. Sei de minhas necessidades e respirar ar fresco longe dessa pressão é uma delas! - Diz indo em direção à porta.
Então Henry diz a si mesmo:
_Ela nem se despediu da Mel...
Depois de uma noite sem dormir, Henry não conseguiu trabalhar, parecia que Melina havia percebido a tensão no ar e chorou o tempo todo. Ele ainda tentava digerir toda aquela situação, mas era tão difícil, por que Madel não gostava de ser mãe como todas as mulheres? Por que não conseguia amar sua própria filha? Para falar a verdade, ela parecia amar apenas a si mesma.
Já sabia que mesmo sendo dono de uma grande empresa estava causando preocupação em seus pais por causa do estilo de vida opulento de sua esposa, o que acabou causando uma grande rixa entre eles e Madeleyne. Por mais discreto que fosse com tudo que era relativo ao seu casamento, as colunas de fofoca e as redes sociais faziam seus familiares ficarem a par do estilo de vida faraônico dela.
Seus pensamentos são atrapalhados pelo som da campainha, Henry se levanta para atender e não acredita no que vê no olho mágico: seus pais estavam do outro lado da porta! “Mas como assim? Logo hoje? Eles nunca aparecem e saíram do interior do Espírito Santo e vieram até aqui no Rio de Janeiro, será que souberam de alguma coisa? ”. Henry suspira e passa a mão em seus cabelos, não havia hora pior para isso acontecer. Como justificaria a ausência de sua esposa? Então ele prepara seu melhor sorriso e abre a porta.
Sua mãe, Laura, o abraça e diz:
_Oi querido, quanto tempo! Estava com tantas saudades de você e da minha netinha! Ficamos aguardando pelo convite pra virmos, mas ele nunca aconteceu.
_É verdade filho, sempre quisemos ser presentes na vida de nossos netos, mas até agora só pudemos visitar a Mel quando nasceu.
Envergonhado, Henry diz:
_Me desculpem, é que a vida muda muito quando temos filhos e eu estou ás voltas com a empresa também, então o tempo passou que nem me dei conta, mas sabem o quanto amamos vocês e como são importantes pra nossa família.
_Quando você diz “nós”, se refere a você e Mel, não é mesmo? Porque a Madel não nos suporta! - Como sempre seu pai, Demétrio Leclerc era a sinceridade em pessoa.
_Filho, além de visitar a nossa netinha, temos um outro assunto importante para tratar. Sabe que demos a você e sua irmã uma criação liberal, não gostamos de nos intrometer a não ser que vocês peçam, mas estamos muito preocupados com seu casamento, as atitudes de sua esposa não estão corretas.
_Mãe, não adianta eu tentar te explicar a Madel, ela é irreverente e gosta de aproveitar a vida, sei que ela é diferente de você, mas ela é uma ótima pessoa e eu gosto muito dela.
_O que sua mãe quer dizer é que essa mulher vai te levar a falência! - Esbravejou seu pai. _Ela não tem comportamento de quem quer levar uma vida com você, ela mais parece uma sanguessuga que quer aproveitar até a última gota do seu sangue pra depois te abandonar! Será que você não percebe? Você nunca foi assim, ostentador! Sempre trabalhou ao meu lado, mas não me pedia nada, os carros que você teve foram presentes meus, se dependesse de você tinha formado na faculdade andando de moto. Filho, por melhor sucedido que você seja, esse estilo de vida vai acabar com tudo que você se dedicou a ganhar!
Nesse momento, os olhos de seu pai se encheram de lágrimas e Henry se envergonhou disso.
_Eu entendo e agradeço a preocupação de vocês, prometo conversar com ela quando ela voltar.
Então sua mãe o questiona:
_Voltar de onde? Onde ela está, meu filho?
Enrubescendo, Henry responde:
_Bom... é que ela estava muito entediada, então resolveu sair em um cruzeiro de vinte dias pelo Caribe com suas amigas.
_O QUÊ?! - Seus pais gritam em uníssono.
Mesmo sendo um homem independente e conhecido no mundo dos negócios como um investidor agressivo, que não tinha medo de nada nem ninguém, Henry só pôde olhar para o chão. Não tinha coragem de encarar seus pais agora, como poderia justificar o injustificável?
Sua mãe toca em seu queixo, obrigando-o a olhar para ela:
_E você acha isso normal? Sua esposa sair por tanto tempo sem que você esteja junto e abandonando um bebê de quatro meses? Meus Deus, que tipo de mulher é essa? Como ela ousa fazer isso?! Por que não nos contou? Não nos considera mais sua família? Onde a Mel está?
_ A Mel não passou a noite bem, então Luzia a levou para dar uma volta no parque.
Seu pai o abraça e diz:
_Filho, não viemos até aqui para trazer peso pra você. Eu te conheço e sei que por mais que tenha relutado em ver a realidade de seu casamento, existem linhas que jamais devem ser cruzadas, entende? Quando se perde o respeito não sobra mais nada e por mais que a gente ame alguém, se não amarmos e respeitarmos a nós mesmos, não vale mais a pena.
_É isso mesmo, e tem mais, aquela mulherzinha...
_Chega, Laura! – a interrompe Demétrio. _Estamos aqui para ajudar nosso filho e não para trazer problemas pra ele. Se ele quiser tocar nesse assunto novamente, conversaremos sobre isso, se não, o assunto está encerrado.
_Sim, querido, você está certo. Filho, se permitir, ficaremos aqui e te ajudaremos com a Mel até a Madeleine voltar.
_Não queria atrapalhar vocês, mas se puderem ficar, agradeceria muito.
Demétrio o olha e sorri:
_Não há nada que gostaríamos de fazer mais do que isso.
Os dias se passam e seus pai ao saberem do retorno de Madeleyne voltam pra casa. Ela chega deslumbrante, com um bronzeado perfeito e age com naturalidade, como se nada tivesse acontecido.
Ao olhar para ela Henry se sente estranho, normalmente ao vê-la seu coração disparava e todo seu corpo reagia a ela, mas agora é como se fosse apenas uma estranha, uma mulher bonita entre tantas outras e não aquela a quem ele se entregou por tanto tempo de corpo e alma.
Madeleyne não perde tempo e dispara:
_Creio que já imaginava, mas quero o divórcio. Nesses dias de liberdade tive a certeza de que essa vidinha de família perfeita não é pra mim. Ainda há muitas pessoas que quero conhecer e muitos lugares pra ver. Não se preocupe com a Mel, pois lhe darei a guarda, mas quando for conveniente pra mim e você, a buscarei para ficar uns dias comigo.
Henry ouvia a tudo calado e em seu íntimo perguntava: “Como não percebi que era só casca, só aparência? Ela é realmente linda, mas com o tempo isso não importa mais. Beleza e caráter precisam andar juntos”. Já estava cansado de abrir mão de tudo só pra ter Madeleyne ao seu lado, enfim, aquela história não valia mais a pena. Então calmamente disse:
_Ok, se assim está bom pra você, para mim está ótimo. Por favor, organize para levar suas coisas, se é que você vai querer algo, creio que o magnata Albert Anderson pode te dar muito mais do que já pude.
Madeleyne arregala os olhos em surpresa, mas em seguida dá de ombros:
_Vejo que os tabloides já entraram em ação, não é? Preferia te contar pessoalmente, mas já que sabe é isso mesmo, conheci o Albert na viagem e quero ver no que vai dar. Ele me convidou para ir ao Texas ver seus poços de petróleo e não perderei essa oportunidade.
Naquele momento Henry entendeu que só é possível perder aquilo que se teve um dia e aquele não era o caso: ela nunca foi dele, de fato. Era melhor se concentrar em sua filha e sua empresa pois seu relacionamento definitivamente não tinha mais volta.
Então Madeleyne se despede:
_Obrigada pela compreensão, Henry. Amanhã venho buscar minhas coisas.
Ela lhe dá um beijo na boca e vai embora. Ao vê-la se distanciar, Henry jura a si mesmo:
_Nunca mais amarei mulher alguma!
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Atualizado até capítulo 114
Comments
Suelena Azevedo Piccioly
Ah não, vc tem que conhecer a Gabi. Ela será perfeita para vc.
2023-06-14
3
Sonia Regina Rodrigues
que mulher insignificante essa vai sofrer e pagar por tudo que esta fazendo
2023-03-04
1
Sueli Da Silva Simão
a beleza exterior acaba a interior permanece.
2023-02-17
1