capítulo 11

Sarah

Se passou um dia, o Edu conseguiu encontrar um ótimo lugar, ele preparou toda papelada, não é muito grande, mas já é um começo e o valor ficou ótimo para os nossos bolsos.

Mas com todas as encomendas só vou poder pensar em decorar depois, pois agora eu tenho que me apressar para entregar tudo. Não são muitas quantidades, não é festa, mas apareceram duas encomendas de 100 empadas, a minha sorte é a Fernanda.

Agora com cinco meses, tenho uma consulta a ir, o Adrian vem novamente na mente, não queria aceitar nada dele, mas pelo meu filho eu preciso.

No dia seguinte, fui a consulta, uma obstetra me atendeu, fez uma avaliação, fiz exames e ultrassom. Meu menino tá com peso ideal, consegui aumentar meu peso também, a anemia está melhorando e meu bebê tá saudável. É a melhor notícia, já comecei o dia bem, sai da clínica 11h, estou morrendo de fome, tomei café da manhã em uma lanchonete no caminho, passei no mercado e voltei pra casa.

Os dias foram os mesmos, não precisei mais ir as ruas pois agora as empadas que me sustenta, a Fernanda vem me ajudar todos os dias, fizemos muitas empadas, agora temos torta salgada, bolos recheados feito pela Fernanda e faço outros salgados também. As vezes vendo pela porta de casa para os mais próximos que querem comprar, e a maioria é por encomenda.

Foi assim por três meses, as coisas só estavam a melhorar, eu consegui guardar um bom dinheiro, a Fernanda não quis nenhuma parte do dinheiro, segundo ela eu preciso guardar para o bebê e ela só vai aceitar quando tivermos na nossa lanchonete.

Com isso eu guardei tudo, só tirei para o mercado, as minhas vizinhas inventaram de fazer um chá de bebê, ganhei tantas coisas que eu só sei chorar ao ver, fiquei muito emocionada, feliz da vida, eu não sabia que todas aquelas pessoas gostassem de mim. Tenho muitas fraldas, roupinhas, acessórios, mamadeira, só falta o berço e uma cômoda mesmo.

O Adrian não me ligou, não apareceu mais, simplesmente sumiu, eu não sei se isso é bom ou ruim, ultimamente estou pensando muito nele, acho que porque o bebê tá pertinho de nascer.

Não sei como tá a vida dele ou se tá com a esposa, provavelmente é isso, não vamos incomodar ele.

Eu e a Fernanda já pagamos os três meses das parcelas, começamos a decorar um pouco da lanchonete, como ganhei muitas coisas então deu para tirar um dinheiro e a Fernanda como sócia tirou do dela.

Compramos mesas, cadeiras, algumas coisas para a cozinha, o Edu junto de um amigo dele pintou e arrumou as paredes, iluminação, mas ainda falta muito.

O amigo dele se chama Luan, eles se conhecem de muitos anos, estudaram juntos, o Luan se formou em administração, ele gostou do nosso projeto e quer investir na nossa lanchonete. Claro que não quis, não sei se posso confiar, não o conheço e ele teria uma parte da nossa porcentagem. Eu preferi não arriscar, ele quis nos ajudar com essas pequenas coisas e aceitamos.

Com as encomendas e os outros salgados, compramos tudo que precisava e aqui estamos nós terminando de arrumar.

Sempre passa alguém perguntando se já tá funcionando, minha vontade é de gritar que sim, mas essa hora vai chegar, estávamos arrumando tudo quando simplesmente ouço uma voz grossa falar da entrada.

Adrian:Sarah?

Olho para trás surpresa, eu estava em pânico, nervosa, suando e sem reação. Foi como a vez no hospital, eu fiquei sem reação, não esperava ele aqui e nem que voltasse a me procurar.

Luan:Não está funcionando ainda

Olho para o Luan sem reação, o Adrian estava olhando pra ele...furioso? criei coragem e fui até ele.

Sarah:Oi Adrian

Adrian:Como vocês estão?...aponta para a barriga

Sarah:Bem, estamos bem, como me encontrou aqui?

Adrian:Passei na sua casa e me falaram que está aqui. É seu esse lugar?

Sarah:Sim, estou montando uma lanchonete

Adrian:Você sempre foi boa na cozinha

Sarah:O que deseja Adrian?

Adrian:Podemos conversar?

Sarah:Não acho que temos assuntos para conversar

Adrian:Por favor Sarah, fiquei meses fora, precisamos conversar.

Sarah:Adrian

Adrian:Pelo nosso filho Sarah, não pode me ouvir? estou sendo tão condenado assim? te fiz tanto mal pra não poder conversar comigo?

Sarah:Não é isso Adrian

Adrian:Seu namorado não deixa?

Sarah:Não tenho que namorado Adrian, o Luan é um amigo que está me ajudando. Vamos pra minha casa, espera um minuto.

O Adrian já estava me irritando, quem ele pensa que é para perguntar do Luan? sei que foi uma indireta.

Peguei a minha bolsa, falei com a Fernanda e voltei onde o Adrian estava. Eu estava prestes a chamar um táxi, mas claro que fomos no carro dele, ele não ia de taxi mesmo.

Fomos em silêncio o caminho todo, não estava longe, dez minutos nós chegamos.

Entramos, ele ficou no sofá, tomei água e sentei no sofá quase não conseguindo com essa barriga enorme.

Sarah:Pode falar

Adrian:Foi as consultas?

Sarah:Sim, o bebê tá bem, conseguiu o peso necessário e está saudável.

Adrian:Que bom, isso é ótimo.

Sarah:É

Percebo que ele tá meio sem jeito, quando ele tá assim é algo sério, ele tá tão bonito...

Adrian:Falei com a minha família sobre o nosso filho

Ele fala de cabeça baixa provavelmente temendo minha reação, eu sabia que era algo sério, não sei se fico com raiva ou triste.

Sarah:Quantas vezes fui chamada de interesseira?...fui irônica, não sabia o que dizer

Adrian:Nenhuma Sarah, você conhece minha mãe, minha irmã, elas jamais iriam pensar isso de você

Ele afirma me olhando, seus olhos estavam fundos, provavelmente está cansado, mas ele está magro, acabado, mas continua lindo.

Sarah:Eu não as conheço bem assim, se sua família já sabe então sua esposa também deve saber, certo? o que ela acha sobre isso? não quero me meter no casamento de ninguém

Adrian:Não estou mais casado, me separei

Sinto meu filho mexer, já tava confundindo com borboletas no estômago, eu deveria estar feliz?

Sarah:Sinto muito

Adrian:Não minta Sarah, não vamos forçar nada

Sarah:Você chegou hoje?

Adrian:Agora, vim direto até você.

Vou ficar no Brasil por um tempo, quero te ajudar com o nosso filho, quero estar perto dele, no nascimento principalmente. Sei que fiquei fora esses meses, tentei te ligar, mas não consegui. Resolvi tudo lá pra ficar aqui, você permite que eu fique por perto?

Sarah: Sim

Que droga, porque eu tinha que falar sim assim imediatamente? eu tô carente agora? se recomponha Sarah.

Sarah: Você pode ficar perto do bebê, pode vim vê-lo, também pode acompanhar o nascimento dele.

Eu não vou tirar esse direito de você Adrian, mas como ele vai estar novinho ainda eu peço que não queira levá-lo para onde quer que esteja ficando, ele não poderá sair nos primeiros dias, e eu preciso amamentar.

Adrian:Eu entendo, não se preocupe, pois não vou pedir isso.

Como vai fazer com ele e a lanchonete?

Sarah:Não sei ainda, mas vou dar um jeito.

Adrian:Eu nunca estou incluso em nada não é?

Fico sem saber como responder, senti uma mágoa nas palavras dele.

Adrian:Você tá precisando de alguma coisa? posso ajudar em algo ou continuo sendo inútil?

Sarah:Não fala isso Adrian, poxa, você acha que é tranquilo pra mim eu pedir alguma coisa ou aceitar assim do nada e tudo?

Adrian:Eu tento ajudar Sarah, eu quero ajudar, você com seu orgulho sempre diz não, me fala o que você e o nosso filho tem que eu dei até agora? nada, não tem nada, porque você não aceita nada, não quer nada, mesmo precisando. Eu acho que te fiz muito mal mesmo, devo ter sido o pior homem, um monstro, sei que você tá magoada, decepcionada, mas....porr@. Eu sou um ser humano, tenho sentimentos, quero ser alguém bom pra você, um pai bom, a altura, mas você nunca permite. Você nem se quer diz que é o "nosso filho", você o chama de bebê, me diz quantas vezes eu toquei a sua barriga? eu nunca pedi porque sei a resposta, você sabe também, você acha que sabe de tudo mas não sabe, não sabe como fiquei esses meses longe de você, de vocês, eu...esquece.

Ele despeja as palavras como um desabafo andando de um lado para o outro, a cada palavra meu corpo arrepiava mais, meu peito aperta, sinto dó dele, exagerei, mas o que eu posso fazer se estou completamente ferida. Ele sai me deixando sozinha na sala, não sei se foi embora, as lágrimas caem como uma tempestade, eu não sei o que tá acontecendo comigo, não sei.

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