Surpresa desagradável

No dia seguinte Carol estava radiante se lembrando da noite maravilhosa que tinha tido com Fernando.

_ Que carinha feliz é essa? Luci chegou interrompendo seus pensamentos.

_ Não é nada, só estava pensando como a vida é boa.

_ Melhor dizer a verdade, estava pensando em como seu marido é bom e gostoso. Falou rindo.

_ Oh tira o olho que ele tem dona. Falou em tom de brincadeira com a amiga.

_ Disso eu sei, uma dona ciumenta.

_ Será que hoje conseguiremos terminar nosso trabalho mais cedo? Quero fazer uma surpresa para o Fernando.

_ Acredito que sim, conseguimos colocar quase tudo em ordem, não vejo problema em sair mais cedo hoje, bom que aproveito e vou ao salão dá um trato no meu cabelo, está precisando. Olha essas raízes. Diz apontando para a cabeça.

_ Seu cabelo está lindo, mas se quer ir, vai ficar mais linda do que é.

_ E quanto ao escritório, vamos fechar contrato com o do edifício espelhado, né?

_ Sim, aquele lugar é perfeito para nós.

_ Vou ligar para o corretor então.

_Mudando de assunto, ontem quando você foi embora, o cara que diz que estudou comigo, Ricardo, apareceu do nada.

_ Sério?

_ Eu até assustei. Ele falou que trabalha lá perto.

_ E o Fernando lembra dele?

_ Estava tão cansada ontem  que esqueci de perguntar. Hoje não vou esquecer.

_ Não gostou dele? .

_ Não sei, só acho estranho eu não me lembrar absolutamente nada dele.

_ Talvez Fenando te ajuda a lembrar e aí fica tudo bem.

_ Pode ser.

O dia passou super rápido na percepção de Carol. Ela saiu do trabalho por volta das 16 horas e passou no supermercado e em uma adega onde comprou um vinho. Como era sexta-feira queria preparar um jantar especial para Fernando. Chegando em casa ligou para o marido.

_Oi minha linda.

_Oi. Adivinha onde estou?

_ Está aqui na portaria?

_Não, já estou em casa, tenho uma surpresa para você.

_ Uma surpresa… gosto das suas surpresas. Cassandra estava indo até Fernando e parou escondida para ouvir a conversa.

_ Vai demorar muito.

_ Não falta, ele olhou as horas, em uns 20 minutos estou saindo daqui. Já estou ansioso para saber o que me espera em casa.

_ Vou ficar te esperando. Muitos beijos. Carol estalou os lábios para que o marido a ouvisse. Fernando sorria de felicidade. Cassandra recuou a princípio pensando em algo que pudesse atrapalhar aquela felicidade. Passando os 20 minutos, Fernando se preparava para sair. Cassandra vendo sua movimentação, começou a caminhar em sua direção e propositalmente tropeçou em uma cadeira caindo no chão e dando um grito para ser ouvida. Fingia sentir dor.

_ Como dói, ai ai ai ai…Fernando foi até a colega de trabalho.

_ Se machucou?

_ Acho que torci o tornozelo. Fernando a ajudou a se levantar enquanto ela fingia dor.

_Quer que eu te leve ao medico?

_ Não precisa… Acho que um gelo já ajuda. Você poderia ir até a copa olhar se tem gelo pra mim?

Claro. Fernando não demorou a voltar da copa. Não tem.

_ Que pena, tem uma farmácia aqui na esquina, se não for te incomodar poderia comprar um spray daqueles para dor, deve ser bom. Fernando não recusou o pedido de Cassandra e foi até a farmácia.

_ Obrigada. Ela pegou o remédio e aplicou no pé.

_ Precisa de mais alguma coisa?

_ Não quero incomodar mais. Daqui a pouco vou estar melhor e vou para casa, pode ir já te prendi demais aqui. Vou embora de carro de aplicativo para não forçar o pé ao dirigir.

_ Está bem. Boa noite. Cassandra notou que ele havia deixado o Smartphone no sofá e não fez questão de avisá-lo.

_ Boa noite. Assim que ele saiu se apossou do aparelho, mas ele estava bloqueado. Cassandra havia pensando em ligar para Carol a fim de causar ciúmes, mas como ele estava bloqueado não conseguiria.

_ Droga, assim ele não me servirá de nada. Jogou o aparelho no sofá e foi arrumar suas coisas para ir embora.

Carol já estava preocupada. Mesmo sendo sexta feira,  já haviam se passado quase duas horas que tinha falado com Fernando e ele chegava. Resolveu ligar.

Cassandra notou que o Smartphone de Fernando estava tocando. Abriu um sorriso ao ver o nome de quem ligava. Logo atendeu.

_ Alô.

_ Alô? Carol ficou confusa quando uma mulher atendeu o telefone do marido.

_ Oi querida, sou eu Sá. Carol ficou vermelha de raiva enquanto Cassandra sorria vitoriosa.

_ Aconteceu alguma coisa? Por que está com o telefone do meu marido?

Calma querida, vou te explicar. Falou com a voz mansa. Ele esqueceu o aparelho aqui, aí resolvi atender. Fala para ele que vou guardar com muito carinho para ele até segunda. Caso ele precise do smartphone pode ir na minha casa buscar. Ele tem o endereço. Dito isso Cassandra desligou na cara de Carol.

_ Que mulher antipática. Depois da conversa com Cassandra, Carol perdeu até o apetite.

Pouco tempo depois Fernando chegou e notou o cheiro gostoso de comida.

Cheguei amor. Carol só olhou para ele e não disse nada. O que foi? Perguntou tentando beija-la. Carol virou o rosto.

_ Cadê seu celular?

Fernando apalpou o bolso da calça onde costumava deixar o aparelho e não o encontrou.

_ Acho que perdi.

_ Não, está com a sua querida Sá. Disse com raiva Carol.

_ Como você sabe?

_ você estava demorando e então te liguei, quem atendeu foi ela, disse que vai cuidar de seu aparelho com carinho e se quiser pode ir buscar na casa dela. Carol falou fazendo careta.

Vem cá, vem. Fernando abraçou a esposa. Minha ciumenta. Não precisa ficar assim. Eu esqueci o aparelho lá, garanto que a Cassandra não atendeu por mal.

_ Sei, e por que você demorou.

_ Cassandra machucou o pé e eu fui na farmácia comprar um remédio.

_ Essa mulher te persegue. Falou seria.

_ Adoro quando sente ciúmes, mas acho que já está exagerando.

_ Você que não percebe quem é essa Sá.

_ Não vamos brigar, vamos? Cadê minha surpresa.

_ Sua surpresa já esfriou. Ela apontou a mesa.

_ Vamos dar um jeito, está com um cheiro ótimo.

_ Não estou mais com fome. Carol foi para o quarto ainda irritada.

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