Capítulo 10

Elisa acordou revigorada, sonhou que, como a bela adormecida, era despertada por um beijo casto de um príncipe... Beijo que despertou desejos há tempos adormecidos. Tomou um belo banho, mas quando se preparava para fazer o café foi surpreendida com uma bandeija farta decorada com uma rosa e um bilhete que dizia vire e fotografe.

Ela obedeceu, deparando-se com um "Eu te amo" escrito a mão. O motivo? Óbvio, um post meloso nas redes sociais. Meloso, mas fofo... Exatamente dois minutos após postar ela recebeu uma mensagem de um número desconhecido ordenando que apagasse o post, o que causou medo e euforia, afinal esse era o plano.

Saiu saltitante para mostrar a mensagem ao Jacob, após abraçá-lo e beijar seu rosto, que o fez rir horrores ao vê-la comemorar essa ameaça, e, aproveitando o embalo respondeu seu post com uma frase sugestiva: " Café perfeito é como você, quente, doce e intenso. Amo acordar com teu cheirinho..."

- Agora temos novidades, mas contenha-se, surgiu uma pista, mas ainda não foi totalmente investigada.

- Sobre?

- O paradeiro dos gêmeos. Mas não se empolgue, temos que proceder com sabedoria...

- Eles estão... Não pôde completar a frase, estava trêmula, e caiu sentada de vertigem.

- É sério, não temos certeza se são eles... Tem uma senhora que cria dois netos gêmeos numa comunidade ribeirinha... A questão é que ela nunca foi mãe. Ainda não sabemos o tipo do envolvimento dela com o rapto, se ela está sendo paga para cuidar deles, ou quase nada, na verdade, só sabemos que eles estão sempre limpos, bem cuidados e felizes, vivem brincando e a seguem pra todo lugar.

- Vamos buscá-los agora! Eu preciso ver como estão... começou a hiperventilar de desespero.

- Calma, foco, eu sei que parece uma tortura, mas, agora não podemos. Olha aqui, temos uma foto...

- Meu Deus, estão quase igual à progressão de idade, apenas mais morenos, e tão gorduchos... Disse num choro silencioso.

- Se fizermos qualquer movimento precipitado, perdemos a chance de incriminar o verdadeiro culpado, e, por hora, eles estão ótimos, a Lily foi verificar pessoalmente, ela disse que a vó Estela é muito carinhosa com eles.

- E Eu, faço o quê?

- Espera, e observa... Bem, a Lily nos presenteou com uma desculpa, falou que as fotos eram pra um projeto social de apadrinhamento para as festas de fim de ano. Mas nesse caso, não podemos presentear só eles, nessa comunidade tem pelo ao menos trinta crianças e adolescentes carentes, ia dar muito na vista...

- Mas, eu preciso.... Começou a gaguejar enquanto buscava organizar as próprias emoções, não queria, de forma nenhuma ficar sequer mais um minuto sem seus bebês, mas tomando eles à força chamaria atenção demais, o Jacob tinha razão, e mesmo confusa sabia que ia precisar esperar e manter a rotina, e essa era a primeira vez, em dois anos, que nem queria ir ao treino. E o que ela faz para viver?

- Faxina, pelo que dizem.

- Podemos chamá-la para uma diária aqui, ou você acha que chamaria muita atenção?

- Aqui pra casa?sem chance. Mas talvez... Tá, tive uma ideia, mas precisa prometer que vai se conter.

- De que se trata?

- Vou perguntar pro síndico se posso pagar uma diarista para limpar a área de lazer com meus próprios recursos, se ele repassaria o valor para ela como se fosse o contratante, com a condição de ela trazer os garotos e deixá-los brincando no playground. Assim você os veria, poderia interagir e até ajudar com mantimentos, roupas, sei lá, enquanto se reaproxima deles. O que acha?

- Sério? Questionou com um sorriso tão imenso que beirava o insano.

- Me dá um minuto, ligo pra ele agora. Promete se comportar? Ela assentiu silenciosamente enquanto ele ligava, ficou sentada no tapete aos pés de Jacob aguardando resposta sem emitir som algum por vários minutos.