Arraial do Cabo — parte 2

Eu e Breno dormimos até uma hora da tarde, cansados da viajem e de nos pegarmos. Ele dormia bem, parecia um pintura com  suas tatuagens e corpo másculo— não o acordei, fui ao banheiro e estava varado de fome— não tinha nada para se comer e eu bem que busquei algum restaurante delivery para pedir nosso almoço, mas logo ele desceu atrás de mim.

- Vamos almoçar?

- Estou procurando um lugar para entregar comida para gente.

- Que nada, vamos na orla  e próximo ao centro existem vários restaurantes e comemos por lá e damos uma volta, amanhã teremos que ir embora, a não ser se quiser ficar essa semana aqui comigo, ou até quarta.

- Eu tenho que procurar emprego Breno.

- Aliás, eu tenho novidades, uma conhecida que encaminhei seu currículo, lógico que dei uma melhorada nele, pediu para você entrar em contato com ela para uma audição, mas parece que é para um evento no final do mês que vem. Um dos bailarinos sofreu um acidente numa cachoeira e quebrou a perna e indiquei você. Você não gosta de apresentação?

Eu e meu ritmo perigoso com Breno. Há dois anos eu não sei direito o que é pisar num palco e tenho em mente em apenas me dedicar a possibilidade de ser professor de balé de qualquer escola de dança e depois ter a minha própria escola; não estava nos meus planos se apresentar, até mesmo por que foi assim que fiquei visado no mundo da prostituição, isso me criou um trauma muito grande.

Breno e eu saímos daquela casa para explorar um pouco o local e comermos algo e tive o prazer de comer, sem dúvida, num dos melhores restaurantes que conheci no Brasil.

- É incrível esse peixe e esse molho de camarão é divino. A senhora está de parabéns! — disse a uma garota nova recém formada em gastronomia.

Breno não poupou seu dinheiro em me levar nos lugares badalados e tinha muitas pessoas estrangeiras ali e outros turistas brasileiros também. Uma garota se aproximou de Breno e era muita bonita e sorriu até chamar atenção dele.

- Quem é vivo sempre aparece! — disse a ele que levou de maneira natural aquele encontro.

- Eu digo o mesmo. Como você está?

Eles se cumprimentaram e Breno já em pé, me apresentou ela.

- Essa é Tamires, uma amiga de longa data!

- Prazer!

Ela passou um bom tempo com a gente e nós convidou para uma balada que estava divulgando, bem, Breno era cheio da grana e ele seria certamente os clientes em potencial dela.

- Essa aqui é a Rafa minha namorada!

- Oi.

Rafaela era uma garota bem diferente de Tamires, ela era doce enquanto a outra era bem intrometida e ficou nós alugando por uma hora. Quando vi, outros conhecidos vieram para cumprimentar Breno, inclusive um sócio dele de um empreendimento que não consegui saber do que era, mas tinha a ver com uma fábrica. Fiquei cansado de tanta bajulação a ele e conversas do seu mundo, eu parecia um primo distante dele e ele se resumia a falar de mim apenas um nome Vinícius.

- Vamos indo, você disse que ficaríamos mais reservado! — Disse olhando para seus olhos que me encarava discretamente.

- Vamos. Mas sairemos mais tarde, a noite aqui é incrível e Tamires é a melhor promoter da região.

- Está bem, mas quero descansar um pouco e quero estrear minha calça nova e meu sapato.

- Está bem! — Ele tirou meu cabelo que o vento insistia em jogar em meu rosto.

Não deu tempo para fechar os olhos. Nosso sossego durou meia hora dentro daquela casa, Tamires e outros amigos de Breno apareceram com um som alto e logo me deram um cerveja — não estava afim, mas resolvi beber para aguentar aquele povo todo naquela casa — intimidade? Breno e sua fama de pegador era o que aqueles amigos tinham dele e eu sobrei enquanto Tamires e Rafa buscavam aproximação de Breno, vi que rolava uma discursão entre Rafa e Tamires, mas deixei quieto. Saímos atrás de diversão e logo vi a companhia de Rafa e Jonas como as únicas da noite.

- Você está bem? — Perguntei a Rafa que passou a tomar um xote no bar comigo.

- Você não é ótimo de Breno, não é?

- Não.

- Ela sempre faz isso comigo. Tatá muda quando vê esse Breno. Ela já magoou muito ela e ela não toma vergonha na cara.

- Quer dançar?

Antes que Rafa ficasse bêbada e eu como ouvinte de seus dramas a peguei e fomos para a pista de dança . Jonas nos acompanhou enquanto Breno estava cercado e o pouco que eu vi segurando as pernas de Tamires numa mesa reservada da boate, ele estava gato, uma blusa preta colada e seus músculos bem desenhados nela. Quando achei que ele estava curtindo Tamires e outras pessoas ele logo aparece na pista.

- Você é meu, sabe disso, não é?

- Cadê Tamires?

- Vamos para casa.

- Irei no banheiro primeiro. — Sai da frente de Breno que encarou Rafa e Jonas e logo trocaram olhares nada amistosos.

Assim que sai naquele corredor, avistei Tamires e Breno me encarando.

- O que vocês dois querem comigo?

- Você! — Os dois responderam.

Dei um beijo em Breno e depois a beijei e quando percebi estávamos nos três nós beijando.

- E Rafa e Jonas?

Eles ficam, homem para você aqui, só eu, Vick.

- Entendi. — sorri um pouco alto e deixei me levar pelos dois.

Fomos para uma apart-hotel do lado da boate, onde Tamires alugava um flat e participei até certo ponto daquele ménage. Estava exausto e indisposto a agradar aqueles dois, não foi nada daquilo que imaginei quando Breno me chamou, mas decidir deixá-los. Quando abri os olhos novamente, estava Breno, Tamires do meu lado e logo senti alguém deitando do meu lado se aconchegando em mim. Era Rafa, tristonha e bêbada querendo qualquer afeto dentro daquela relação problemática com Tamires.

Após passar um longo tempo pensando na minha situação, recordei do antigo Vick que precisava agradar casais, homens e algumas mulheres para pagar uma conta que nunca fechava de uma dos bordéis mais caros de Toulouse. Não era eu ali, duas pessoas sendo usadas por outras sem um mínimo respeito pela gente e por nossa história. No dia seguinte, Breno sentiu meu distanciamento e peguei o celular de Rafa para manter o contato, ela disse que voltaria para casa de sua mãe na Pavuna.

Aproveitamos uma parte da manhã vendo o mar gelado e sem nenhuma intenção de mergulho. Breno se desculpou, porém não senti raiva ou algo do tipo dele, eu queria mesmo era não ter que bajula-lo por mais tempo e resolvemos voltar para o Rio no final da tarde do domingo mesmo.

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