Capítulo I (Vênus)

Eu... Tinha 25 anos quando aconteceu.

  Acordei com o barulho da chuva, era uma chuva de verão, sabia que ia ser passageira então levantei, tomei banho e fiz todo meu ritual de skincare e o meu ritual matinal. Me preparei, arrumei a minha única mala já que não vou ficar fora por um longo período de tempo, organizei meus documentos e passaporte dentro da minha bolsa preta e fui esperar o táxi na porta do hotel da empresa que trabalho em um cargo que, eu diria, talvez, deveras importante. Eu estava vestida de maneira mais simples, usava uma calça preta mais folgada, um cropped preto básico sem mangas e uma jaqueta jeans claro com a estampa do Álbum Krig-ha, Bandolo! Do Raul Seixas que eu mesma pintei a mão, a jaqueta é longa e vai até o quadril e estou calçando um coturno normal básico. O táxi chegou, a chuva parou, e eu fui direto ao aeroporto, fiz todos os procedimentos e fui esperar o meu voo na sala de espera. Peguei o meu Kindle comecei a ler o novo capítulo do mangá de Jujutsu Kaisen, estou bastante triste por que meu personagem preferido da obra morreu, eu estava tão irritada com o mangá que joguei o Kindle dentro da minha bolsa e fui comprar uma água.

Quando voltei, percebi que o aeroporto estava bem vazio, era uma quarta feira e não havia muita gente, quando voltei notei que tinha um grupo de mais ou menos 13 pessoas nos bancos em frente ao meu, que também iriam pegar o mesmo que eu. A viajem ia ser bem longa, estava sentada vendo o Twitter quando recebi a informação que o voo ia atrasar algumas horas. Eu já estava entediada, quando percebi que um cara estava me encarando, e sem querer olhei nos olhos dele, mas tirei rapidamente, ele também parou de olhar para mim. Não consegui ver se ele era bonito ou feio, se talvez tivesse cara de maníaco porque ele, como todo mundo estava de máscara. Ao passar de algumas horas já era quase meio dia e eu estava com fome, comprei alguns salgadinhos e chocolates para comer e por sorte chegou a hora do meu embarque. Eu fui a primeira a subir no avião e era a primeira vez que eu voava na classe executiva. Sento no meu lugar pego os meus fones e abro no Spotify e começo a ouvir a música Intimidade da Liniker, é quando eu percebo que O CARA QUE ESTAVA ME ENCARANDO SENTA EXATAMENTE DO MEU LADO. E ele é bem bonito até mesmo de  máscara,  tenho uma leve impressão que ele é um cara famoso ou no mínimo muito rico, ou sei lá, os dois. Não consigo raciocinar direito por que acabei  pegando no sono.

 (Kim Tae-hyung)

   Já estava meio atrasado quando a van da empresa veio nos buscar, por sorte me preparei a tempo. Estava tão cansado da  agenda intensiva de shows, ensaios, preparações, brigas e ainda tenho que lidar com minha urticária colinérgica, e sinto muita falta da minha família. Sinceramente, eu estou sofrendo bastante com toda a pressão que vem de todos os lados. Eu estou no último banco da van, vendo a chuva passar e o tempo abrir, é chuvas de verão não duram tanto! Estava tão cansado que peguei no sono durante a viagem. Durmo até chegar ao aeroporto, quando o J Hope me acorda de maneira carinhosa e avisa que chegamos. Descemos, e fiquei surpreso que não há quase ninguém no aeroporto. Após todos os procedimentos que temos que fazer para pegar o voo, ficamos na sala de espera, eu estava quieto por estar cansado e resolvo descansar um pouco. Fico com sede e vou comprar algo para beber nas máquinas, quando eu vejo uma mulher usando uma jaqueta muito incomum, tiro uma foto discretamente do desenho da jaqueta, achei muito interessante. Volto e sento de novo no mesmo lugar que eu estava antes, quando eu olho em linha reta, está a mesma mulher da jaqueta.

Ela era linda, tinha os cabelos pretos com as pontas avermelhadas, ela não era coreana, mas eu senti um calor muito grande ao olhar para ela, que parece estar meio irritada. Eu a olhei fixamente e ela finalmente olhou de volta, mas fiquei meio envergonhado e parei de olhar. O voo demorou já que ele estava atrasado, e eu tentei muito não olhar para aquela mulher que estava sentada na minha frente. Chegou a hora do embarque, e demoramos para subir por que estávamos esperando alguém da equipe voltar do banheiro. Fizemos o embarque e cada um sentou em seus devidos lugares, mas quando eu percebi, a mulher da sala de espera estava sentada ao meu lado, ela estava ouvindo uma música no fone que estava bem alta por sinal, mas quando eu iria dar os comprimentos ela tinha caído no sono. Eu não sei porque, mas eu estava nervoso, ela estava me deixando nervoso, ninguém tinha feito eu me sentir assim. Ela continuava dormindo e estava com o celular na mão, porém o celular dela caiu sobre uma bolsa preta que estava sob os seus pés, então eu apanhei o celular e guardei no bolso da minha calça para devolvê-la quando acordar.

(Vênus)

Acordei com a turbulência do avião, isso me irritou profundamente, tentei dormir novamente mas fiquei com vontade de ir ao banheiro, o cara bonito estava ao meu lado. então pedi licença em inglês, ele se afasta, peguei minha bolsa preta e fui direto ao banheiro. Quando terminei minhas necessidades, olhei no espelho e percebi que meu rosto estava amassado, tirei meus fones Air dotes e em seguida lavei meu rosto, passei um hidratante, ao acabar guardei tudo de volta incluindo meus fones. Depois de quase 10 minutos no banheiro, notei que meu celular havia sumido, procurei na minha bolsa mas não estava lá, então resolvi voltar ao meu assento e procurar. Não tive tempo de procurar, por que o cara bonito estava me encarando e tirou um celular do bolso e entrega em minha mão, me cumprimentou em inglês, e disse que eu havia deixado cair em quanto dormia. A voz dele era grossa e rouca, arrepiei só de ouvir a sua voz, me senti desconfortável, e envergonhada, agradeci de maneira bem tímida, ele sorriu com os olhos e me perguntou o significado do desenho da minha jaqueta, e me mostrou uma foto que ele havia tirado quando eu estava de costas em algum momento no aeroporto, fiquei muito mais tímida que antes, mas mesmo assim respondi. Então esse foi o gatilho para termos uma conversa de horas, conversamos sobre muitos assuntos, inclusive tínhamos gostos em comum. Na verdade, ele falava muito sobre ele, mas não me importei pois me considero uma boa ouvinte.

Nossa conversa foi toda em inglês, então resolvi falar em coreano com ele, e ele fica muito surpreso de maneira positiva e me parabeniza por ser tão boa no idioma. Depois seguimos toda nossa conversa em coreano que é o idioma nativo dele, ele me pediu o meu Instagram, fiquei um pouco desconfiada, a minha conta é muito pessoal, mas só se vivi uma vez. O que me incomodava, era conversar com uma pessoa que eu não sabia o nome, então perguntei. Basicamente o que eu sei sobre ele é que seu nome era Kim Tae-hyung, mas eu podia chama-lo de Tae, ele curtia música e tocava instrumentos de sopro, gostava de artes e ver filmes e séries no tempo livre, também me disse que não gostava de lugares muito quentes já que tinha uma espécie de alergia. Conversamos de coisas bem aleatórias, até do formato das nuvens, a voz dele era penetrante e seus olhos eram castanho escuro, enquanto conversava eu deslumbrava todos detalhes do seus rosto, entre uma conversa e outra e retirou a máscara para tomar um chá gelado que nos foi servido, eu recusei pois tenho alergia a hortelã. E, quando ele retirou a máscara parecia que eu estava diante de uma tela pintada a mão, ele era perfeito! Parecia que o tempo havia parado até que ele me perguntou o meu nome foi quando eu senti tinha sido puxada de maneira violenta para a realidade. Quando disse o meu nome esperei risadas ou olhares de pena, foi difícil ser criança com um nome de um planeta, de uma Deusa, ou de um quadro de um pintor famoso, Vênus é um nome incomum no máximo exótico.

Mas, para minha surpresa, ele achou incrível e lá se foi horas e horas de conversa sobre coisas inusitadas. Quando chegou a hora de pousar, já era tarde da noite, ele me ajudou a pegar minha mala de mão, já que é mais alto que eu, após a ajuda ele seguiu em frente ao grupo que ele estava no aeroporto, não me importei muito já que havíamos conversado por horas e horas, mas ele não se despediu. Após o desembarque no aeroporto de conexão os funcionários da companhia aérea nos informaram que todos que estavam no voo anterior haviam perdido o voo de destino final que era para São Paulo/Brasil. Os funcionários eram gentis e falavam inglês perfeitamente, fomos todos em um ônibus do aeroporto e fiquei em pé já que passei horas sentada, quando chegamos no hotel que ficaríamos até a tarde do outro dia, pois não havia voos naquele horário, nem na manhã seguinte. Não me abalei, não estava com compromisso marcado, só iria visitar minha família e voltar 15 dias depois.

O hotel era muito luxuoso, imitava a arquitetura grega e tinha lustres enormes no saguão, depois de fazer o check-in, um funcionário do hotel me levou até o elevador, ele era super gentil e me atendeu muito bem, agradeci o serviço. Entrei no elevador que estava vazio além de mim, alguém grita para eu segurar o elevador, meu subconsciente torcia para que fosse o Tae porque eu realmente gostei de conversar com ele, coloquei o pé para impedir que o elevador partisse, um homem que aparentava ter mais ou menos minha idade entrou, ele tinha o braço tatuado, e tinha piercings visíveis na sobrancelha, ele era bem gato, me agradeceu, e ficou um clima tenso no elevador até que chega o meu andar que era o décimo terceiro andar no quatro 122-B que inclusive, era incrível, uma cama grande e macia e um frigobar cheio.

Já que era tudo por conta da companhia aérea eu resolvi tomar uma cerveja. depois de tomar um longo banho, vesti um vestido preto curto me olhei no espelho do quarto e vi que estava com as olheiras bem fundas e não entendi o porquê me preocupei com o que o Tae pensaria se me visse assim, mas logo afastei esse pensamento e passei um creme hidratante com a cor da minha pele e um hidratante labial sabor morango, já que minha boca ficou ressecada do avião o hidratante resolveria esse problema. Pensei em pedir serviço de quarto, por que estava com fome, mas não tinha dinheiro na moeda local, então lembrei dos salgadinhos e chocolates que comprei no aeroporto na Coreia, Peguei um pacote de batata de uma marca qualquer, ligo a tv e ponho a música da Liniker, vou até o frigobar pego uma cerveja e vou em direção a frente do quarto quando alguém bate na porta.

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