Um Belo Contrato
Angelina Bianchi
Tenho dois sonhos em minha vida; primeiro, ser uma grande escritora e segundo, viver em Cartagenas das índias , cidade em que o sol brilha praticamente o ano inteiro, que encantou e inspirou vários autores renomados com sua arquitetura colonial, vielas de paralelepípedos e casinhas enfeitadas com flores, onde quero passar o resto da minha vida. Pode até parecer extravagante, mas o que tem de mau em sonhar?
Os sonhos nos ajudam a encarar a dura realidade da vida.
- angel, angel...
Mesmo com os olhos fechados sabia perfeitamente de quem era aquela voz, a única pessoa que me chama de Angel.
- Bom dia, papai!
Abro os olhos vagarosamente como se obrigasse a alma voltar para o corpo, esfrego meus olhos e forço minhas pernas a ficarem em pé, mas desisto assim que sinto dores por todos os lugares inimagináveis, principalmente na região lombar, consequência de várias noite em claro, sentada junto a escrivania escrevendo meu livro que um dia será publicado.
- você dormiu de novo nessa cadeira? Você trabalha muito minha filha e quando não está trabalhando está enfiada nesse quarto escrevendo.
apesar de não aprovar minha paixão pela escrita, ele nunca foi contra.
- paizinho lindo do meu coração ,o senhor sabe o meu amor pela escrita e por esse universo imaginário e também o quanto eu gosto de trabalhar na floricultura em contato com as flores. Um dia eu vou para bem longe ...
- lá vem esse papo de novo, bem minha querida agora eu tenho que ir, depois conversamos.
Me dá um beijo carinhoso.
Mesmo passando tanto tempo fora, meu pai sempre, fazia questão de ir ao meu quarto todas as manhãs para me acordar e desejar um bom dia.
Minha relação com meu pai sempre foi amorosa, sempre me senti uma pessoa muito amada, porém de uns anos para cá ele está sempre trabalhando; sai cedinho e chega no final da noite, e nos fins de semana é raridade está em casa.
Levanto mais uma vez, contra minha vontade, faço minha higiene pessoal e tomo um longo banho, pois além de relaxar vai fazer com que eu acorde completamente.
Como hoje terei que abrir a floricultura preciso sair mais cedo que de costume.
escolho um vestido soltinho na cor verde, que realça meus olhos, calço o meu fiel escoteiro all star branco, e claro, um casaquinho, pois nunca sabemos quando o tempo em Nova York irá mudar. Deixo meus cabelos soltos eles são longos e ondulados, opto apenas por uma máscara de cílios e um batom rosa clarinho, borrifo meu perfume nos pulsos e atrás das orelhas, sem exagero, e estou pronta.
Abro a porta do meu quarto com todo cuidado do mundo, no intuito de fugir do discurso matinal da dona Helena, minha mãe!
Mas como sempre o rangido alto das dobradiças enferrujadas soam como um estrondoso alarme me fazendo correr em direção a porta.
- Angelina
tentativa fracassada. Minha mãe aparece saindo da cozinha com o pano de secar louças no ombro.
- bom dia, preciso correr vou precisar abrir a loja.
- será que devo cozinhar pedra para o jantar? Seu pai, aquele desnaturado saiu cedo nem olhou no meu rosto e ainda por cima não deixou um tostão para as despesas da casa.
- mamãe, papai levanta todos os dias cedo, vive enfiado dia após dia no canteiro de obras fazendo horas extras para manter essa família, mau tem tempo de respirar.
Fui descendo em direção ao portão que dá acesso a rua.
-aonde pensa que vai mocinha sem deixar o meu dinheiro?
-mãe a senhora sabe muito bem que eu não tenho dinheiro, recebi meu pagamento semana passada e dei todo na sua mão, mau sobrou para a condução.
- quantas vezes tenho que dizer para você parar de sonhar e procurar um emprego de verdade, isso de virar escritora e sumir não sei para onde, não é futuro para ninguém, desce para terra... e isso aí que você ganha não dá para nada.
- que barulho é esse? todo o dia a mesma coisa, eu preciso dormir!
Minha irmã aparece sonolenta fala e sai novamente, já sabendo o que estava acontecendo.
Loira de olhos azuis, é o orgulho dos meus pais, em especial da minha mãe que sempre a apoia. Trabalha como assistente de um CEO em uma das maiores agências de publicidade de Nova York
- vamos, vamos Angelina eu não tenho o tempo todo.
minha mãe insiste
- eu já falei que não tenho dinheiro....
Dou de ombros e desço as escadas. não é que eu seja uma pessoa ruim e não respeite minha mãe, só aprendi a dura penas a não lhe dá ouvidos, tento o máximo possível ficar longe, porque ou ela está brigando ou está me pedindo dinheiro, assim como faz com meu pai.
Eles se casaram muito jovens e no início meu pai tinha uma situação financeira estável, mas após algum tempo as coisas mudaram, meu pai perdeu tudo e com isso vieram as brigas e desavenças, não me lembro muito bem dessa época, pois só vim morar com eles depois que completei 10 anos, até então morava com uma tia no interior de Manhattan . Quando voltei minha irmã já estava com 9 anos. Minha mãe fala que depois que eu nasci ela teve depressão pós parto por isso teve que pedi ajuda a minha tia, talvez seja por isso que não consiga demostrar afeto.
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Atualizado até capítulo 67
Comments
Priscila Eleutério
😢❤️❤️
2024-08-26
3
Andreia Carla
🥰
2024-08-02
0
Dilma Rosson
Que cara lindo pena que é ficção, ne ?
2024-07-18
0