Tudo dá errado

Ponte que liga Manhattan ao Brooklyn

Carrie esperou ansiosa por esse momento com Luca. Pulava de alegria ao pensar que o momento mais importante deles aconteceria lá, no Chelsea, no seu local preferido em Nova York.

Miranda e Samantha foram ajudá-la com o look. Tudo tinha que ser perfeito. Luca era perfeito. Eles eram perfeitos, um para ao outro.

Conforme o tempo passava a excitação de Carrie aumentavam. Olhou a hora no celular e viu que Luca estava atrasado. Luca nunca atrasava, nunca. Tirou os sapatos de salto e sentou-se no sofá da sala, para respirar, e controlar a ansiedade. Não demorou para que Luca desse notícias.

Luca - Carrie – disse com uma profunda irritação na voz – O carro novo do meu pai, pifou. Já tentamos de tudo e não liga. Minha mãe não está em casa. Você se incomoda se formos de táxi? – ele perguntou a contragosto.

Carrie - Luca, claro que não. Mas, podemos ir com o meu carro. Vem pra cá.

Luca - Ok. Estou saindo – ele respondeu um pouco mais animado.

Luca chegou rapidamente à casa de Carrie, que o recebeu com as chaves do carro dela nas mãos. Ela notou que o rapaz se encontrava alterado, diferente do que era normalmente. Sua jugular pulsava com força, rápido, e uma leve aspereza impregnava a voz dele.

Caminharam até o carro parado na rua, de mãos dada, com cumplicidade. Carrie jogou as chaves do carro para ele, rodeou o carro, e se colocou ao lado da porta do carona. Eles entraram, ele ligou o carro, e nada. Nada? Como assim? Nada. O carro não ligou. Luca teve um acesso de raiva. Bateu violentamente as mãos no volante, e xingou Enrico.

Luca - Desgraçado, isso só pode ser coisa dele.

Carrie - O que você está dizendo Luca. Calma. Quem é ele?

Luca - O Enrico. O desgraçado do Enrico. Deve ter descoberto sobre nossos planos.

Carrie - Luca, o que é isso? Como Enrico saberia? Como ele saberia qual carro usaríamos? Não seja tolo.

Luca - Merda Carrie. Aquela sua amiga vive pendurada no tal Enrico.

Carrie - Sam não contaria para ele nossos planos. Não, ela...

Luca - Como não porra? Como não? Esse tal Enrico é filho de um mafioso, rico, poderoso. Ele poderia sabotar todos os carros do bairro se quisesse.

Carrie - Pare Luca, isso não faz o menor sentido. Pare. Vamos pegar um táxi. Essa é a nossa noite perfeita ok? Não vamos estragar nossa noite, ou deixar que qualquer outra pessoa faça isso, se é que isso seja possível.

Luca olhou ressentido para Carrie. Por que ela defendia aquele sujeito? Duvidava dele, Luca, namorado dela. Sentiu um enorme impulso de desistir da noite, mas poderia não haver outra chance para eles antes da partida dele para Stanford.

Eles pediram um carro de aplicativo. Várias corridas foram canceladas pelos motoristas. Esse não era um bom horário para sair do Brooklin de automóvel para Manhattan, por causa do intenso fluxo do trânsito. Quase uma hora depois de andarem para longe da casa de Carrie, conseguiram um táxi. Carrie dissimulava despreocupação, alegria, mas seus pés doloridos do sapato alto não deixavam que seu sorriso soasse espontâneo. Luca segura a mão dela, mas não a olhava nos olhos, provavelmente, tentando esconder a raiva contida, encapsulada.

Chegaram ao Chelsea duas horas depois da hora prevista originalmente. Resolveram ir direto para o hotel.

Tomar um drink, relaxar, dar boas risadas, como costumavam fazer juntos. Chegaram à recepção para fazer o Check-in.

Luca - Boa noite. Tenho uma reserva no nome de Luca Ricci.

Recepcionista- Um momento senhor

O rapaz olhou no computador, olhou, olhou. Carrie percebeu algo estranho.

Recepcionista- Senhor, não temos nenhuma reserva no seu nome.

Era o que faltava para Luca explodir, deixar seu sangue italiano controlar seus instintos.

Luca - Como assim? – Ele falou alto – Eu fiz uma reserva a quinze dias atrás, e foi confirmada por vocês – Luca mostrou o celular ao rapaz.

O rapaz virou o computador para Luca e mostrou que a reserva havia sido cancelada a menos de três dias.

Luca - Eu não cancelei nada – disse batendo com força no balcão do Hotel. Carrie interveio segurando o braço do rapaz.

Carrie - Calma Luca, por favor. O funcionário não tem culpa de nada. Calma – Ela virou-se para o funcionário tentando ajeitar a situação.

Carrie - Então, não interessa descobrir culpados, nós precisamos de um quarto. Você pode providenciar um para nós, por favor.

Recepcionista- Desculpe senhora, mas estamos lotados. Não temos nada disponível.

Enquanto o rapaz lhe respondia, Carrie começou a pensar que talvez Luca tivesse razão. Eram muitas coincidências em uma só noite. Nada poderia dar tão errado assim, se não fosse provocado. Sim, devia ter as mãos de Enrico por trás de toda essa merda. O rosto de Luca avermelhou-se, a raiva tomou conta dele. Carrie o abraçou, com força.

Carrie - Luca, por favor – ela sussurrou – Eu estou assustada, nervosa. Eu preciso de você. Se acalme, por favor. Somos nós dois, lembra? Nós somos amigos, nós vamos sair dessa, juntos. Eu te amo – Foi a primeira vez que Carrie disse que o amava. A declaração pareceu aquecer o coração dele e abrandar a raiva explícita que ele emanava. Sentiu medo por ele, por ela, por eles dois. Luca abraçou-a de volta, com carinho. Fechou os olhos como se quisesse expurgar todo o fracasso de uma noite que deveria ser perfeita.

Luca - Oh Carrie, essa deveria ser a nossa noite perfeita – ele lamentou.

Carrie - Luca, meu amor, a noite sempre será perfeita quando estivermos juntos, seja aonde for, fazendo o que for. Vamos sair daqui. Vamos tomar um drink, relaxar. E depois decidimos o que fazer, está bem?

Luca - Eu te amo Carrie. Eu mato aquele sujeito se ele se atrever a chegar perto de você.

Carrie - Não Luca, você só está com raiva, frustrado. Você é um cara bacana, um menino gentil, nunca fará mal a ninguém.

Luca - Obrigado Carrie, por acreditar em mim mais do que eu mesmo.

Ele a beijou, e os dois saíram do hotel. Caminharam um pouco pelas ruas do Chelsea em silêncio, de mãos dadas, compartilhando a cumplicidade e o apoio de uma para o outro, naquele momento. Pararam em frente ao Westside Tavern, e entraram. Bastou o primeiro drink para que os ânimos melhorassem. Terminaram a noite rindo, relembrando das aventuras dos últimos dias da escola, dos exames, e da ansiedade pelas respostas das Universidades nas quais aplicaram seus pedidos de vaga e de bolsa.

Chegaram tarde da noite em casa. As luzes da casa de Carrie estavam acesas, e então eles souberam que essa não seria a sua primeira noite juntos, como homem e mulher. Percebeu o suspiro irritadiço de Luca, mas o beijo apaixonado de Carrie o acalmou. Ainda haveria algum tempo para que os dois pudessem unir seus corpos e deixar que a paixão que sentiam um pelo outro tomasse conta deles.

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