15. Fique longe dele

Eu não sei o que aconteceu na casa do Diogo, pela forma como tia Lili chegou acho que as coisas não foram muito bem. Depois de subirmos a escada e fechar a porta Lilian perguntou.

_O que exatamente aconteceu entre você e aquele muleque?

_Nos pegamos algumas vezes... Nunca chegamos a tirar a roupa e coisas do tipo. - meio que minto.

_Não acho que ele seja o tipo de rapaz para você namorar... Ele não tem um pingo de educação, foi rude e grosseiro. Ele está repetindo o terceiro ano e esta sempre se metendo em problemas. Não quero que se envolva com ele Ana. Não é isso que quero você. Você entende? Entende que esse tipo de companhia pode te trazer mais problemas?

_Sim... - Digo com vergonha.

_Eu sei que não sou sua mãe...

_Tia, não... Você é mais minha mãe do que a Jaqueline.

Tia Lili sorriu.

_ Eu amo você. Não quero que se meta em problemas, quero que tenha um futuro brilhante.

_Tudo bem...

_Fique longe desse rapaz, fique longe dele.

_Sim. - Respiro fundo.

_E você e o Bruno estão de castigo essa semana, vão ter que limpar o quintal e o jardim.

_Sim senhora.

_Otimo! - Ela sorri. - Amo você Aninha.

_Também te amo tia.

.........

Ficar de castigo durante a semana nem foi de todo ruim. As coisas entre eu e o Bruno não são as mesmas, apesar de as vezes o clima pesar muito. A macha no pescoço se foi e eu não voltei para a casa da minha mãe.

Hoje é o nosso último dia de castigo e amanhã viajamos para sítio. Estou ansiosa para ir, eu adoro aquele lugar, o verde os animais, a comida, o lago... Tudo muito lindo e aconchegante. É tudo preciso para esquecer os problemas que arrumei.

Pelo menos Diogo se esqueceu de mim e desistiu de falar comigo depois de tentar por quase quatro dias. Eu li as mensagens que ele deixou e ouvi os recados da caixa postal, não sei se acredito no que ele disse, se aceito as desculpas e tudo mais. Eu acredito que minha tia tenha os motivos dela para me mandar ficar longe, com certeza motivos bons. Eu sei que ela me ama, sei o quanto cuida de mim durante todo esse tempo, não seria justo ser grosseira com ela ou desobediente quando ela faz tudo por mim.

_Você quer ajuda para varrer o quintal ou prefere que eu faça outra coisa? Bruno pergunta me tirando dos meus pensamentos.

_Eu já estou terminando... Pode aspirar a piscina se você quiser... O meu, o que ele é mesmo meu? Não importa! Bruno ligou a mangueira no aspirador e começou o seu trabalho.

_Minha mãe pediu para plantar umas mudas de rosas... - Ele meio que grita pra mim enquanto término de varrer o quintal

_Eu sei, ela me falou, vou terminar aqui e faço isso... Respondo enquanto vou até a pá e a lata de lixo do quintal.

_Vai precisar cavar, você não quer ajuda? - Porque ele está insistindo em me ajudar? Esses dias ele tem se limitado a só responder minhas perguntas.

_São daquelas rosas miúdas, sabe, das que tinha antes? - Digo buscando uma forma de fazê-lo terminar o que começou e me deixar como tem feito.

_E?

_E essas rosas não precisam de buracos grandes. Eu consigo fazer, obrigado. - Cato todo o lixo e jogo na lixeira indo em direção a casinha onde fica a bomba da piscina e as coisas do jardim.

_Eu vou ajudar mesmo assim.

_Que seja! - Respondo irritada, essa semana eu precisei de ajuda e ele não quis me ajudar passei o resto da tarde varrendo e lavando a varanda sozinha, coloquei os produtos na piscina e liguei o filtro e ainda lavei a porcaria do banheiro que fica área enquanto ele jogava videgame, agora ele simplesmente quer me ajudar com algo que não preciso.

Enquanto faço o buraco na terra para plantar as duas mudas de rosas Bruno se ajoelha do meu lado. Ele me ajuda cavando o outro buraco, estamos em silêncio, mas não chega a ser aquele silêncio constrangedor. Coloco umas das mudas no buraco e começo a encher o restante com terra para dar sustentação a plantinha ainda em silêncio.

_Vai estar frio quando chegarmos no sítio. - Bruno fala parecendo triste.

_ Eu sei. Respondo ao me levantar para pegar o regador.

_Eu queria poder nadar, mesmo com a piscina, o lago é diferente... - Jogo água na terra para que assente e espero que ele termine para que eu possa molhar a terra onde ele plantou a muda dele.

_Quero ver o Art estou com saudade é o aniversário de 3 anos dele, depois quero ir até a cabana e ficar por lá lendo... - Art é o nome do meu cavalo, tio Cláudio me deu no meu aniversário.

_Ele é bonito... - Bruno sorri e se levanta depois de terminar de encher o buraco com terra e firmar as raízes .

_Foi o melhor presente que ganhei na vida! - Meu sorriso rasga o rosto porque amo meu cavalo. Amo muito, de verdade. Molho a terra olho para Bruno que está com olhos presos em mim

_É... - Ele responde sério.

Nossos olhos estão pesos um no outro.

_Você ainda está com o Diogo? - Bruno pergunta sem tirar seus olhos dos meus e se aproxima um pouco.

_Não... - Respondo quase perdendo a voz. - Por... Porque?

Ele sorri, um pequeno sorriso de lado. O sorriso que ele costuma dar quando vai fazer algo de errado. Sinto meu estômago gelar e um leve tremor passa por mim. Fecho meus olhos antes que os lábios do Bruno toquem os meus.

Eu não sei o porquê que sinto como se fogos explodissem dentro de mim.

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