Um mal-entendido?

Após discutirmos alguns contratos importantes, olho no relógio e já são 14:00hs, ou seja, meu horário de almoço já passou. Olho para Ricardo e ele diz:

- já está com fome,minha querida.

-Sim. - digo.

- Vamos almoçar juntos?

-Sim, mas primeiro... me diga se você já conversou com a sua esposa.

-Não. - suspira, se levanta da poltrona e fica de costas para mim.

-Ricardo, você precisa resolver essa situação.

-Eu sei que prometi a você, mas não tive coragem, apenas lhe disse que quero o divórcio, não tive coragem para nada mais.

Reviro os olhos e me levanto impaciente, ele se vira também e se encaminha até mim e segura em minhas mãos as levando aos lábios para um singelo beijo.

-Helen,você sabe que é muito especial para mim, não sabe.

Afirmo com um gesto de cabeça.

-Helen, passar este fim de semana com você,foi revigorante.Você sabe gosto muito de você querida, você é um presente na vida deste velho - diz isso e me puxa para um abraço.

-Ricardo, eu também me sinto da mesma maneira.

-PAI!!!

Com o susto,me afasto de Ricardo imediatamente,mas ele continua segurando a minha mão.

-Oliver!? filho o que faz aqui? - diz calmamente.

-Eu é que pergunto,o que o senhor estava fazendo aqui com essa...

Não estou gostando do rumo dessa conversa. Se controla Helen,se controla.. Ricardo percebe minha tensão.

-Oliver, porque entrou na minha sala sem ser anunciado ou bater na porta?

-O que?! Quem devia estar pedindo alguma explicação sou eu, após ter visto essa cena- Nossa ele esta muito irritado,penso eu - o senhor devia ter vergonha,de se prestar a um papel desses, além de aqui é o seu local de trabalho.

- CHEGA!!Oliver,eu sou seu pai e não admito insinuações ao meu respeito,e muito menos no da Helen- fala Ricardo com a voz elevada - bem Helen,minha querida, vamos almoçar.

olho para o tal de Oliver e ele parece me fuzilar com os olhos.

-Pai!

-Conversamos depois Oliver.

E saimos da sala à caminho do restaurante,em completo silêncio, que por sinal era constrangedor. Chegamos ao restaurante,um lugar bem aconhegante e tradicional. O garçom vem e nos entrega os cardápios, fazemos os pedidos e ele se retira.

- Ricardo, você está bem.

- Não se preocupe comigo, eu que devo perguntar se está tudo bem.

- Sim está , ele é o seu filho mais velho? o que estava morando na Alemanha?

- Sim, é o Oliver. Se ele voltou é porque Alba disse-lhe algo, mas porfavor não quero pensar sobre isso agora. - dou um sorriso, então mudamos de assunto e conversamos algumas trivialidades e o garçom chega com os nossos pedidos,comemos e conversamos,afinal amo conversar com Ricardo. Após pedimos a conta e voltamos a empresa. Me despesso e volto a minha sala e já são 16:30hs.

...Oliver...

Chego em Nova York e já são 09:00hs, o voo foi tranquilo,tive que vim sem avisar, preciso conversar com os meus pais. Minha mãe, Alba, me ligou chorando e nervosa me falando sobre o casamento dos dois, que pra mim sempre foi sólido, não imagino meus pais divorciados, eles sempre foram muito apaixonados um pelo outro, tenho que descobrir o que aconteceu.

Ao sair do aeroporto aceno para um taxi,ele para e eu entro,lhe entrego o endereço da casa dos meus pais, mesmo cansado a preocupação com minha mãe é maior. Quando chego encontro Maria, nossa governanta e minha ex-babá,quando me vê começa a chorar, vou até ela e a abraço.

- Como você está bonito,meu bebê.

- Maria eu não sou mais bebê, por favor. Sou um homem.

- você é um bebê rabugento.

Nós dois rimos.

- Maria,onde está minha mãe?

- dona Alba está no quarto.

- bem vou ve-la.

Subo as escadas em direção ao quarto dos meus pais. bato na porta e escuto entre.

-Mãe!

_Filho, que saudades de você.- levanta da cama em que estava deitada degustando uns quitutes.

_Eu também estava com muitas saudades, dona Alba. - abraço forte.

_Que bom, que você voltou- ela se afasta, se vira de costas e começa a chorar.

_ o que foi mãe, não está chorando só porque eu voltei, não é - brinco.

_ é claro filho.

_ então vou voltar agorA MESMO por onde eu vim.-rio - Dona Alba, eu ti conheço, por favor me diga o que está acontecendo. Mãe eu fiquei preocupado com a sua ligação. Me diga o que está acontecendo _ peço ficando a sua frente.

_Filho, é o seu pai.

_ o que tem ele mãe. - ela começa a chorar.- Para de chorar mãe e me conta.

_ o seu pai, me pediu o divórcio. Porque ele tem uma AMANTE. O seu pai está me traindo, me trocando por uma qualquer.

_ como pode dizer isso mamãe, o meu pai nunca faria isso.

_ tanto faria, como fez. Eu os vi juntos, ele é tão sem vergonha que a colocou para trabalhar junto com ele na empresa, eu me sinto tão humilhada, EU DEDIQUEI ANOS DA MINHA VIDA AO SEU PAI. eu  amo o seu pai, filho. - e começa a chorar copiosamente.

_ por favor não chora, eu vou conversar com o meu pai, ele vai ter que esclarecer essa história, tenho certeza que há um mal-entendido.

_ Sim filho,mas não diga que eu te contei, ele pode ficar revoltado e piorar a situação.

_ não se preocupe mãe.

Saio do quarto decidido a esclarecer essa situação, peço para o motorista da minha mãe, o sr. Mateus, que me leve as empresas Queens, amanhã tenho que providenciar um carro. Chego a empresa e vou direto ao elevador e aciono o botão da presidência. Chego no andar e não vejo a secretária, então caminho em direção a sala do meu pai, quando vejo uma loira, muito bonita pelo menos de costas,escutando atrás da porta.

_ha,ha - arranho a garganta e a loira se assusta e quase que abre a porta totalmente.

_ bom dia senhorita, gostaria de saber quanto é que o meu pai te paga para que possa ficar ouvido as conversas dele. Porque posso me candidatar para a vaga.

_ n-não é é o-o q-ue papa..re..ce - diz gaguejando.

_ está me chamando de burro e que não sei interpretar o que vejo, é isso senhorita. - digo sério e a moça arregala os olhos, seguro a minha vontade de rir. - por favor   volte aos seus afazeres.

- Sim senhor. - e passa por mim praticamente correndo.

Caminho até a porta que está entreaberta e vejo o meu pai abraçado com uma mulher, ela dizendo que o ama, não me controlo e entro gritando na sala, eu e o meu pai discutimos e ele ainda a leva para almoçar, isso é absurdo, antes de sair ela ainda me olha  parecendo confusa eu a fuzilo com o olhar. Tudo indica que as suspeitas de minha mãe são reais. Horas passam e eu continuo esperando o meu pai chegar do tal "almoço".

_Até que enfim, pensei que era almoço e janta de uma vez!

_Abaixa o tom, só por que criou barba na cara acha que pode chegar aqui dando uma de Homem pra cima de mim, o que faço ou deixo de fazer é assunto meu. E esse assunto está encerrado, vou para casa estou cansado e com dor de cabeça, se quiser ficar fique.

Meu pai sai me deixando de boca aberta sem conseguir dizer nada. Então decido ir até a secretária dele atras de informação.

_ Senhorita, como se chama.

_ Patrícia. - diz com um sorriso gigante, parecendo que vai rasgar o rosto dela.

_ Quem era a mulher com que o meu pai estava conversando mais cedo na sala dele.

_ o senhor viu também a pouca vergonha, o nome dela é Helen, é uma aproveitadora, tem menos de 4 anos trabalhando aqui e já é diretora do setor de contabilidade da empresa,é uma oportunista, interesseira, mal amada, sem noção de moda, sem vergonha, ofereci...

_ Patrícia me poupe do restante de adjetivos, por favor apenas me diga onde posso encontra-la.

_ 4º andar, sala da diretora chefe. Mas cuidado sr. não se engane com aquela oport..._ a interrompo

_ Obrigado pela informação, pode ir pra casa, eu e nem meu pai voltamos hoje, tenha uma boa noite. -vou para o elevador antes que ela começe a tagarelar novamente.

_ Não é justo, primeiro o pai agora o filho, que sonsa.... o que ela tem que eu não tenho! _ diz Patrícia

Chego ao 4º andar e a tal de Helen também está de saída.

_ Aonde pensa que vai, quero falar com você agora.- digo em voz alta, ela me olha e responde.

_ Querer não é poder, e se você não percebeu estou indo embora, e você não é o meu chefe então resumindo não vai ser você a me pagar horas extras. - diz isso e caminha em direção ao elevador, antes dela sair a seguro pelo braço.

_ Quem você pensa que é?

- Eu não só penso como tenho certeza de quem eu sou, mas não posso dizer o mesmo de você, agora solta o meu braço, pois já perdi 1 minuto do meu descanso com você. - eu a solto e ela sai me deixando perplexo com o seu atrevimento, mas ela não perde por esperar.

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