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Mesmo depois do mergulho, Jade ainda sentia seu corpo quente, e querendo ou não, sabia o porquê.

O quase beijo entre ela e seu "senhor" foi algo que Jade não imaginou que um dia poderia acontecer, não da parte dela.

Fazia algum tempo em que ela estava na casa, mas ainda lhe doía a morte de Téo, e saber que estava nos braços de outro homem quase o beijando a fazia ter a sensação de estar o traindo.

Sentindo o arrepio por esses pensamentos, a mulher esfregou os braços arrepiados ao lembrar também de um simples toque no ombro que recebeu, ou quando o comandante a trouxe para mais perto dele.

Por que aquele homem cruel estava mexendo tanto assim com ela?

Sentindo raiva de tal sensação, sentou-se na cama no meio da madrugada e ali ficou, esperando para que algo acontecesse, sem saber exatamente o quê.

Seus pensamentos não a abandonavam de maneira alguma, e consequentemente, Traw era o rosto mais presente no momento.

Os pequenos pingos de água no peitoral marcado pela guerra, sua pele quente mesmo após o mergulho, seus braços fortes, suas mãos grandes, seus ombros largos, sua barriga definida, além da cicatriz que a atravessava verticalmente. Seus olhos marcantes cor de mel, seus cabelos levemente encaracolados, seus lábios tão bonitos, e o pouco que pôde ver de seu sorriso... Cada detalhe que viu naquele homem, fisicamente, a fazia ficar arrepiada, e sabendo que isso significava que sentia uma certa atração por ele, não podia deixar que isso fosse além.

O sol nascia em Kezer, indicando outro dia quente e agradável, e reclamando por não conseguir dormir direito, Jade se levantou do mesmo jeito para seus serviços matinais. Como ela encararia Traw esta manhã sabendo do que quase aconteceu no dia anterior?

Ela deveria se manter calada? Como se nada tivesse acontecido? O que exatamente?

Saindo do quarto, Jade foi até o banheiro lavar o rosto antes de realmente começar o dia, e depois de pentear e alinhar seus cabelos, se dirigiu até a cozinha para começar a arrumar o café da manhã.

Traw gostava de pães com doce de figo, enquanto Jade detestava até mesmo o cheiro do doce. Mas após colocar a mesa, limpou suas mãos novamente e foi em direção ao quarto, onde esperava encontrar as roupas para ela lavar mais tarde. Porém no meio do caminho da grande casa, encontrou-se com seu dono, e com vergonha de olhá-lo nos olhos, quis desviar de seu corpo e seguir seu caminho, mas o homem a parou estendendo o braço para o lado.

— Espera... — Ela ouviu sua voz grave.

Seu coração acelerou de repente, e levantando os olhos lentamente, sabendo que assim que o olhasse nos olhos, seu corpo se arrepiaria novamente.

— Precisamos conversar sobre ontem.

Com os olhos atentos nele, o viu apontar o caminho para sua mesa, e lá se sentaram os dois, até que novamente Traw começou a falar.

— Eu... Queria pedir desculpas, não deveria ter me aproximado daquela forma quando disse que não o faria.

— Você disse que nunca me tocaria sem minha permissão. — Jade falou olhando para baixo.

— Eu sei, justamente por isso que eu...

— Mas eu não disse não...

As palavras de Jade impressionaram tanto a ele quanto a ela mesma. Talvez sua mente tenha falado antes que ela percebesse realmente o que saía de sua boca.

Se arrependendo no mesmo instante, sentiu seu rosto esquentar de vergonha e, desviando o olhar, tentou arrumar suas falas.

— Que-quero dizer... Não disse nada porque por mais que eu não goste da situação, ainda sou sua criada, e não tenho escolhas... Tanto que você não me liberta disto.

Depois de alguns segundos a encarando sério, com as sobrancelhas intactas, sabendo que o que ela acabou de falar foi realmente uma desculpa pelo que disse mais cedo, abaixou os olhos para comer um pouco do doce, lambendo os dedos em seguida.

— Já te disse que liberto você, assim que eu conseguir alguma missão para fora do reino. Mesmo que...

— Eu sei, eu sei, você só me trouxe para cá para me proteger, mas... Já que é assim... Até esse dia chegar, você... Poderia me ensinar a me defender? — Disse a mulher, que já havia pensado nisso há alguns dias.

— Como é?

— Qual o problema? Não levo o dia todo para arrumar essa casa, e assim, quando você me libertar, vai poder ficar tranquilo ao saber que não poderão me fazer mal. E então?

— Ah... — Traw suspirou largando o pão. — Mas não espere que todos os dias eu esteja aqui para te ensinar. O rei precisa de mim muitas vezes.

— Sem problemas, o que te peço é que me ensine a usar uma espada, ou a... Dar socos, eu não sei... Arco-e-flecha, quero que me ajude me ensinando a me defender sozinha, e assim vou poder começar uma nova vida em outro lugar...

— Certo... — O comandante disse após pensar por mais alguns longos segundos. — Se é isso que você quer.

Entendendo que deveria sair naquele instante, Jade empurrou sua cadeira para trás e se levantou, mas antes que desse alguns passos para trás, Traw levantou sua voz:

— Espere, você não comeu nada ainda, não é?

— Vou comer mais tarde.

— Sente-se e coma, hoje você não vai precisar fazer nada, quero que você esteja bem disposta porque quando eu voltar, iremos começar o seu treinamento.

Um pouco surpresa por suas palavras, concordou com a cabeça e se sentou, tentando imaginar como seria seus treinamentos a partir de hoje. Será que ela aprenderia rápido? Como seria o método de ensinamento de Traw? De uma coisa Jade sabia, a partir disso, ambos teriam muito mais contato tanto assim como o físico e, será que ela receberia apenas o conhecimento sobre se defender, ou ganharia algo a mais de seu dono?

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Comments

Mininha

Mininha

Essa história é maravilhosa👋🏾👋🏾👋🏾

2022-07-21

4

Eliane Pereira

Eliane Pereira

verdade

2022-05-24

0

Alzira Falconi Gomez

Alzira Falconi Gomez

vai ser legal

2022-05-23

0

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