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— Nossa... foi assaltado, Edu? — Sergio, que estava jogado no sofá do apartamento de Eduardo, desdenhou ao ver o amigo entrando, todo desalinhado e com um forte cheiro de álcool.

— Você não tem mais casa, Sergio? — Eduardo jogou as chaves sobre o móvel da sala e despencou na poltrona.

— Estava fazendo companhia para o Thor, não é amigão? — Sergio alisou a cabeça do cachorro, que passou direto e foi cheirar Eduardo. — Foi a Vivi que te deixou nesse estado?

— Que Viviane? Eu nem me lembro de ter visto ela quando saí do restaurante.

— Mas e o jantar?

— A filha da mãe é perfeita. — Eduardo estava pensando nas feições de Maria Fernanda discutindo com ele no banheiro do restaurante. Era como se ele estivesse vendo toda a cena novamente, cada jogada de cabelo, cada gesto com as mãos, o olhar decidido, a postura confiante e a beleza inconfundível. — Está tão mudada.

— Edu?

Eduardo ouviu o som dos dedos estalar na sua frente e despertou dos pensamentos.

— Eu me tranquei com a Maria Fernanda no banheiro de um restaurante.

— E aí, ela está mais experiente? Esse tempo todo com aquele cara, algum benefício isso tem que te trazer. — Sergio tirou suas conclusões.

Eduardo levantou do sofá, foi até a varanda do apartamento e respirou fundo. Sergio encostouse em seguida.

— Vá embora! — Eduardo estava com o

olhar confuso e transtornado ao mesmo tempo.

— Foi porque eu perguntei da experiência?

— Sergio, eu estou me controlando aqui para não quebrar sua cara dentro do meu apartamento e ver seu sangue no meu porcelanato.

Eduardo saiu da varanda, foi até o bar, encheu o copo de uísque, bebeu tudo em uma só golada, depois pegou o copo já vazio e atirou na direção de Sergio, que por sorte se esquivou. O copo se chocou em um abajur, por pouco não quebrou a parede de vidro que compunha a arquitetura luxuosa e vazia do apartamento.

— Você está louco? — Sergio não conseguiu entender a fúria de Eduardo. — Eu só queria saber... tudo bem, se não quiser contar, não conta.

— Eu sei que aquele verme está com ela, não preciso de você me lembrando disso!

— Então, não rolou nada? — Sergio se aproximou mais uma vez.

— Eu joguei na cara dela que já sabia da menina. — Eduardo sentou no sofá.

— E ela? — Sergio sentou ao lado e Thor sentou-se no chão para observar os dois.

— Ela me acusou de não querer a menina, quando eu estava todo armado para acusá-la pela mentira... porque isso não se faz com um pai.

— Não mesmo! Esconder uma filha de um pai é um erro muito grave. Ainda mais quando esse pai deixa claro que não quer essa filha.

— Vá embora que eu converso com o Thor! — Eduardo levantou, encheu outro copo e bebeu de uma vez. — Eu vou dar um jeito de tirar minha filha dela. — Virou outro copo.

— Você sabe que a justiça não te daria a guarda, Edu. Não adianta nem insistir.

— Pensei na loucura de sequestrá-la e levar para um colégio interno. Assim eu vou poder visitála e recuperar o tempo perdido. — Bebeu outro copo.

— Eu quase acreditei no “recuperar o tempo perdido”. — Sergio deu ênfase à frase.

— Maria Fernanda falou que a menina nasceu prematura e doentinha. Quase   não sobreviveu, depois teve outras complicações. Eu fiquei com o coração partido, Sergio.

— O Thor é minha testemunha que você falou isso — Sergio debochou, mas logo caiu na real. Eduardo estava sendo sincero. — É sério isso, Edu?

— Por isso ela é miúda daquele jeito. Eu descobri o motivo dela manquejar de uma perninha. A mãe disse que foi uma infecção, quando ela tinha poucos meses de vida.

— Se a Suelen tivesse o bebê, ele teria uns nove anos agora. Se ela chegasse com ele e me desse a notícia que não o perdeu com aqueles remédios, cara, eu ia fazer de tudo para ter o amor do filho dela, mesmo não sendo meu.

— É o quê?! — Eduardo olhou diretamente para o amigo, estava incrédulo. — Você é um desgraçado! Acusou a bocuda da Suelen e agora vem com essa conversinha de bom moço!

— Estamos só nós dois aqui, Edu. Se você pode falar de sua menina, eu também posso me abrir e falar do bebê da Suelen. Eu ia criar o moleque, você viu o quanto que eu corri naquele dia para chegar a tempo.

— Não venha pagar de bonzinho e me deixar sozinho na fila de pai filho da puta. — Eduardo já estava sentindo o efeito álcool. — Você acha que eu conseguiria ser um bom pai, Sergio?

— Acho difícil. Mas se eu fosse você, tentaria e ainda pegava minha mulher de volta.

— Eu vi o jeito que a Maria Fernanda olha para aquele verme. Ele tem cuidado com ela, até da menina ele cuida. Ela o chama de pai.

— Só um idiota deixaria passar uma mulher daquelas — Sergio completou o raciocínio de Eduardo, mas ele estava pensando em Suelen naquele momento.

— Você acha que eu tenho chances com minha ex-ferinha?

— Não! Esqueça isso. Você não tem chance nenhuma com ela. — Sergio abraçou o amigo, em conforto.

— Eu só quero conhecer a pequena de perto, ela nem precisa saber que eu sou o pai. — Eduardo já estava zonzo e iniciou seu choro de bêbado. — Ou... pegá-la e levar para longe da Maria Fernanda. — Estancou o choro e cochilou.

— Você está confuso irmão. Está falando besteira. — Sergio deu um tapa de leve no rosto do amigo para despertá-lo.

— Não me bata. — Eduardo levantou o indicador. — Seu... seu desgraçado...

— Somos dois idiotas, Edu.

— Você é o único idiota aqui, Sergio. Nunca se esqueça disso. — Eduardo abraçou o pescoço do amigo.

— Você tem razão, parceiro. Pelo menos você tem uma filha. E eu?

— Você é um homem muito ruim, Sergio — Eduardo falou depois de outro cochilo, sob o efeito do álcool. — Você vai me ajudar a pegar minha filha de volta? — Despertou — Você... Você é meu melhor amigo, precisa me ajudar. Eu te amo, cara. — Começou a chorar outra vez.

— Vou sim, Edu! Também vou pegar a minha Suelen de volta. — Sergio ajeitou o amigo no sofá e Thor lambeu a mão do dono.

***

No final da tarde do dia seguinte, Eduardo,

Sergio e Thor foram até a rua do condomínio onde ficava a cobertura de Maria Fernanda. Eles ficaram à espreita e, como não viram sinal de nenhuma das mulheres, subornou outra vez o porteiro e entraram. Descobriram que Dudinha estava no parquinho do condomínio e seguiram naquela direção.

— São elas? — Sergio sorriu ao ver Suelen deitada em uma das espreguiçadeiras frente à piscina. — Maria Fernanda está do lado. Que corpão, hein? — Sergio provocou Eduardo.

Maria Fernanda e Suelen estavam de saída de banho. Apenas estavam ali para vigiar Dudinha, que brincava no parquinho ao lado com algumas crianças da vizinhança.

— Eu vou ver a menina. Fica com o Thor e de olho nelas. Se você olhar o corpo da minha mulher, eu te mato. — Eduardo entregou a coleira do cachorro e seguiu sorrateiramente pela lateral das redes de proteção do parquinho.

Entrou com o corpo um pouco encolhido e

levou uma bolada no rosto.

— Salut! — Dudinha se abaixou no momento exato que Eduardo fez o mesmo para pegar a bola. — Você é o homem ranzinza e bondoso do shopping? — Ela perguntou com sua vozinha infantil. Ainda estava de cócoras na frente do pai.

— Bondoso? — Eduardo sentiu uma leve emoção. — Bondoso, eu?

— Você fica bonito com esses ternos, senhor ranzinza. Poderia me entregar a bola? Nossa, sua mão é grande. — A menina demonstrou um pequeno espanto. — Você deve trabalhar muito nas construções e lavouras... olha minha mão como é pequenina. — Dudinha estendeu a mãozinha e Eduardo admirou os dedinhos gordinhos. Ele estendeu a mão, ainda receoso e viu a filha deitar a palma na sua.

Enquanto sentia a textura da pele lisinha,

ele analisou o rostinho de Dudinha. Ela tinha os olhos graúdos de Maria Fernanda, mas as feições do rosto eram suas e os cabelos, de sua mãe. Ele sentiu uma vontade enorme de abraçá-la e acariciar os cabelinhos feitos fios de ouro. Sentiu o coração bater forte no peito, estava rendido pela emoção. Ele tinha uma filha, uma menina linda e esperta. Tinha feito algo de bom na vida. Sentiu desejo de lutar por sua família. Ali, na sua frente, estava seu melhor projeto, um projeto lindo, uma luz para iluminar o final do maldito túnel que ele construiu.

— Você está bem? — Dudinha perguntou já de pé, apertando o indicador na testa dele.

— Estou, estou bem pequena.

— Meu nome não é pequena. Meu nome é Maria Eduarda e Dudinha.

— Dudinha, claro, claro Dudinha. Meu nome é Eduardo. É um prazer revê-la — Eduardo apertou levemente a mão sobre a sua, ainda de joelhos.

— Eu sou Maria Eduarda e Dudinha, você é Eduardo e... — A menina batucou o dedo no queixo. — É estranho um homem ser chamado de Dudinho. Então vou te chamar de... Dudu.

— Dudu? Olha só, já é um belo começo. — Eduardo sorriu. — Seus olhos são lindos, pequena... Dudinha — Eduardo corrigiu.

— Eu busco entender algumas coisas da vida, mas permaneço sem compreensão. — Dudinha enrolou uma mecha dos cabelos. — Por que as pessoas têm olhos coloridos? Minha maman disse- que os meus saíram aos dela. Eu queria encontrar meu papá de sangue. Talvez os olhos dele sejam rosa. Quero ter olhos rosinhas, Dudu.

Eduardo sentiu a lágrima descer dos olhos e levantou. Virou as costas para Dudinha para empurrar o choro, mas não conseguiu, precisava fugir, não estava sabendo lidar.

— Com licença, pequena... Dudinha. Eu...

eu vou ali. — Ele saiu apressado, abaixou na portinha de saída do parquinho, cercado de redes de proteção e caminhou até onde Sergio estava com Thor.

— E aí? Como foi Edu? — Sergio segurou firme a cólera do cachorro, pois ele estava agitado.

— Quero convidá-la para um jantar.

— Jantar? Convidar a criança para um jantar?

— Sim, é minha filha e eu quero jantar com ela, mulher gosta dessas coisas.

— Sim, e então, a chamou para seu jantar?

— Eu me perdi nas palavras. Ela... ela é tão fofa e bonitinha.

— Fofa? Você está chorando, parceiro?

— Quando você me viu chorar? Isso... Foi uma corrente de ar que passou e me pegou desprevenido, foi isso. Vai lá você. Leve o Thor. O Thor sempre impressiona as mulheres.

— Mas você é pai, Edu. Precisa se aproximar primeiro.

— Não seja covarde, Sergio. Olha seu tamanho. A menina tem meio metro de altura. Vá lá e faça o convite. Precisamos aproveitar que a Maria Fernanda não está por perto. Do jeito que a minha ex-ferinha é rancorosa, é bem capaz de chamar os seguranças e piorar tudo. Vá logo e se apresse.

Sergio puxou a coleira de Thor que, por alguma razão, grudou os dentes na barra da calça de Eduardo e o puxou junto.

— Calma, amigão. — Sergio puxou o Golden retriever outra vez. — Vamos lá fazer o convite para o jantar do Edu.

Sergio seguiu pelo mesmo caminho que o amigo tinha feito antes. Já dentro do cercado do parquinho, ele procurou Dudinha.

— Aquela é a anjinha, filha do Edu, Thor.

Vamos lá, ajudar nosso parceiro.

— Un chien! — Dudinha colocou as duas mãozinhas sobre as bochechas e abriu a boca em um fofo "O" de admiração.

— Já falei que você arrasa corações, garotão? — Sergio acariciou a cabeça do cachorro, enquanto chegava mais próximo da menina.

— É seu esse cachorro, Mon seigneur?

— Dudinha acariciou os pelos de Thor sem medo.

Thor se assanhou.

— O Thor é um parceiro geral, bicho solto. Parece que ele gostou de você.

Thor estava com a cabeça no ombro de Dudinha, enquanto ela o abraçava.

— Ele é cheiroso e grande. É um Golden

retriever. Il est beau!

— Meu Deus, que menina esperta. —

Sergio olhou para onde o amigo estava. — Você gosta de jantar, anjinha?

— Jantar não é questão de gosto, é necessidade humana. Doces não podem faltar em jantares. Eles ajudam na reprodução de serotonina, que regula o humor das pessoas. Por isso os adultos são tão ranzinzas, eles têm o costume de evitar doces. Por isso, vivem fraquinhos, sem energia para fazer uma simples caminhada.

Sergio olhou o pingo de gente na altura de suas coxas e se deu conta que sua própria boca estava aberta, sem reação.

— Hã... É uma ótima razão para comer doces. Doce faz bem para saúde, não é? — Sergio levantou os ombros e mostrou os dentes em um sorriso pouco assustado.

— Seria bom eu encontrar um adulto masculino de terno cinza, camisa com minúsculas florzinhas e sapato gigantesco e ele fosse capaz de falar isso para a minha maman. — Sergio se olhou e ele estava com aquelas características. — Venho tentando convencê-la sobre os benefícios do açúcar há um bom tempo, mas ela está irredutível. Pessoas adultas são teimosas. — Dudinha esclareceu.

— Então... você aceitaria um convite para um jantar repleto de doces? — Sergio olhou para Thor ainda com os dentes amostra, Thor também mostrou os dentes, depois os dois olharam para Dudinha.

— Se a minha maman me levar, eu aceito. Doces não podem ser rejeitados. Qual o seu nome, homem elegante?

— Sergio. Tio Sergio.

— Vou avisar a minha maman do seu convite, tio Sergio. Espere-me aqui, volto com a resposta. — Dudinha deu um abraço em Thor e beijou os dois lados do rosto do cachorro, como se ele fosse um humano.

Sergio ainda ficou parado alguns segundos absorvendo a desenvoltura da filha do amigo, mas em seguida saiu disparado do parquinho. De longe ele viu Maria Fernanda e Suelen de pé, olhando para Eduardo. Os homens correram até o carro.

— Sem dúvida nenhuma, aquela menina é sua filha, cara. — Sergio ainda estava meio assustado.

— Claro que é, a Dudinha é minha cara e tem meu nome. Maria Fernanda se lembrou de mim e fez essa homenagem. Você acha que eu tenho chances?

— Não. Já falei isso — Sergio respondeu de imediato e Eduardo perdeu o riso nos lábios.

***

No dia seguinte era domingo, Maria Fernanda tinha aprontado Dudinha desde cedo para ir pela primeira vez a uma reunião na igreja que Antonieta e Jorge frequentavam. A igreja era ligada a um projeto que abraçava uma comunidade carente da cidade. Ela queria continuar suas obras de ajuda ao próximo no Brasil.

Dudinha estava linda sentada no sofá da sala, a mãe ainda se arrumava no quarto. Suelen tinha passado aquele dia com sua família.

A campainha da cobertura tocou e Dudinha se levantou do sofá com cuidado para não amassar o vestido. Esperta, rodou a chave e abriu a porta. A primeira coisa que viu foi um ursinho branco com um enorme laço no pescoço.

— Oi... Lembra-se de mim? Ontem, lá embaixo... — Eduardo sorriu ainda receoso.

— Ma mère était inquiète pour une raison quelconque. — Dudinha apontou o dedo para Eduardo, demonstrando uma fúria infantil.

— Droga! Por que eu não aprendi francês!? — Eduardo reclamou baixo, mas isso não passou despercebido aos ouvidos de Dudinha.

— Falou nome feio na minha frente. A

maman vai saber disso! — Dudinha estava brava, pois a mãe tinha ficado assim quando soube de Eduardo e Sergio no parquinho.

— Droga não é nome feio. É apenas uma expressão quando algo dá errado.

— É uma expressão feia. — Eduardo sorriu com a firmeza da menina.

— Eu posso entrar? — Eduardo tentou soar tranquilo.

— Só quando a maman autorizar. — A menina cruzou os braços, em frente à porta aberta.

— E onde ela está?

— Ficando bonita para meu papa.

— Jura? — Eduardo arqueou uma das sobrancelhas se divertindo com a ideia.

Dudinha mudou as vistas para o urso de pelúcia, Eduardo aproveitou e entrou na sala.

— Olha o que eu trouxe pra você. — A menina abriu um sorriso de canto a canto e Eduardo se deu conta de que ela não tinha puxado apenas os olhos da mãe.

— Il est beau.

— Dudinha, vamos combinar só uma coisa. — Ele se abaixou na altura da filha. — Eu não sei seu idioma muito bem, então, você pode falar em português comigo?

— Sua maman não te ensinou francês?

— Ela acabou esquecendo. — Eduardo coçou a cabeça, envergonhado por estar na frente de uma criança esperta, que sabia algo a mais que ele. — Seu nome é lindo Dudinha, você sabe por quê sua mãe o colocou? — Ele estava tentando entrar no assunto da paternidade com a menina, aproveitando que estavam a sós. — O meu é

Eduardo, isso tem um significado especial para nós.

— Maria Eduarda era o nome da minha vovó camponesa, que foi para o céu e deixou minha maman com minha vovó fazendeira. — A pequena falou.

— Que safada! — Eduardo pensou alto. — Sua mãe te falou isso?

— Se falar isso na frente da maman ela te coloca no banquinho da desobediência, Dudu. Eu vou deixar.

— Melhor eu ter cuidado então. — Eduardo brincou. Ele estava caindo de amores pela pequena ousadia e segurança da menina que parecia ter puxado a ele nesse aspecto.

— Pode ser nosso segredo. — Dudinha olhou diretamente para o urso e se a mãe estivesse na sala, teria deduzido que ela estava propondo uma troca de favores.

— Claro! Toma, é seu. — A menina pegou o urso e alisou o felpudo.

Eduardo se lembrou de quando, anos atrás, presenteou Nanda com o urso marrom.

— Dudinha! — Maria Fernanda gritou perto do sofá — O que está fazendo aqui?! — Olhou seriamente para Eduardo, mas internamente assustou-se. Ela conheceu aquele homem o suficiente para saber que a racionalidade dele era suficiente para tramar algum sequestro.

Eduardo perdeu um pouco o ar quando viu a mulher toda produzida e mais elegante ainda que os outros dias. Sua vontade era ir até ela e abraçá-la fortemente para acabar com toda a saudade que ele sentia.

— Eu ganhei um presente maman — mostrou o urso para a mãe.

— Devolve, Dudinha! — ela falou fria e tentou entender a desaprovação na feição de Eduardo. Achou um desaforo.

— Mas eu quero, maman. — Dudinha, mimada, choramingou.

— Amanhã compramos outro igual, agora devolve.

— Maman!

— Dudinha!

— Não precisa devolver, Dudinha, eu te dei, é seu. — Eduardo se abaixou perto da menina, que já estava com os olhos cheios de lágrimas. — Não chora.

— Não queira comprar minha filha! — Nanda sussurrou firme, pois não queria discussões na frente da filha. — Ela não precisa de nada que venha de você!

— Ele é bonito, mas eu não posso ficar com ele, Dudu. — Ela estendeu o urso.

— Dudu? — Nanda questionou, vendo Eduardo enxugando com os dedos as lágrimas da filha.

— Não chora, princesinha, o urso é seu. — Eduardo terminou de enxugar os olhos de Dudinha, depois voltou a olhar para Maria Fernanda. — Precisamos conversar e rever esse assunto.

— Vou inspecionar seus interesses com essa aproximação, mas agora, saia da minha casa.

— Eu vim ver como a menina está e... — Eduardo perdeu a fala, pois perdeu o rumo dentro da beleza de Maria Fernanda. — Quando ficou tão bonita, mulher? — Eduardo olhou diretamente para os seios de Nanda. Ela colocou a bolsa frente ao busto.

— Eu vou fazer uma ligação para a polícia se não sair em cinco segundos.

— Ela já te mandou sair duas vezes, Dudu, não seja teimoso com minha maman. — Dudinha mostrou a quantidade com os dedos e correu para o lado da mãe.

— Aonde está indo, assim? — Ele perguntou ainda a observando sem nenhum pudor.

— Se não sair eu vou chamar algum segurança do prédio. Como entrou aqui?

— Eu sou um homem influente, entro em qualquer lugar. — Ele negou a parte do suborno que vinha fazendo ao porteiro do prédio.

— Ele te chamou de safada, maman. — Dudinha revelou, desaforada.

— Isso pode não ser verdade. — Eduardo sorriu sem graça, passando as mãos no cabelo.

— Minha filha não mente.

— Acabei de descobrir isso. Vai me colocar no banquinho da desobediência? — Eduardo tentou quebrar o gelo.

— Coloca sim, maman! Ele merece mais que eu.

— Saia agora! — Maria Fernanda foi até a porta e segurou intencionalmente.

— Você sempre tem a pior escolha, Maria Fernanda. — Ele a fitou diretamente nos olhos, depois saiu em sua melhor forma.

— Ele não é legal, maman? — A pequena curiosa perguntou, formulando suas teorias.

— Esquece isso filha, vamos, o táxi já está nos esperando. Preciso escolher logo nosso carro.

Quando chegou na frente do condomínio, Maria Fernanda viu de longe o táxi se distanciando e estranhou ele não ter esperado, já que ela tinha descido na hora marcada.

Ela não sabia, mas Eduardo dispensou o táxi quando deduziu que seria para ela.

— E agora filha? Seu pai não atende. — Ela estava ligando para Thiago quando ouviu a buzina no outro lado da rua e Eduardo acenou com as mãos.

Maria Fernanda fingiu não perceber, virouse de costas e continuou a discar o número de Thiago. Tentou várias vezes, mas só dava na caixa de mensagem.

— Eu só vou levá-las, nada mais que isso!

A mulher se assustou com a voz grossa perto e deixou o aparelho celular cair.

— O que pretende? — Nanda segurou a mão da filha e colocou perto de seu corpo. Dudinha abraçou as pernas da mãe.

— Não sei. Mas quero conversar com você, ou com seus advogados. Surgiu um... — Ele olhou para Dudinha — Surgiu uma questão nova e quero rever meus direitos. — Ele arrumou a gravata no pescoço e firmou a postura.

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Comments

Rosangela Moreira

Rosangela Moreira

eu sei que ele foi um canalha com ela e um fdp mas eu tô Amandooo kkkkk

2024-06-01

2

Maria Das Graças

Maria Das Graças

🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬🤬

2023-10-08

3

Amanda

Amanda

Ridículo 😠

2023-08-20

2

Ver todos

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