Um Destino... O Amor! "Amores Improváveis (Vol. 2)"
Segunda fase:
UM DESTINO... O AMOR!
"Amores Improváveis (Vol. 2)"
“A verdade liberta, pois você pode fazer o que quiser com ela, inclusive negá-la, mas a responsabilidade é sua quando ela aparecer.” Pry Olivier.
...1...
Maria Fernanda teve uma gestação turbulenta. Ela passou praticamente a gravidez toda deitada em uma cama, com uma gravidez de risco.
Dudinha nasceu prematura e passou dois meses internada em uma unidade intensiva. Nesse período, foi diagnosticada com uma osteomielite e foi cuidada com todo amor e proteção de Maria Fernanda.
Quando Giovane soube que Maria Fernanda estava passando por problemas de saúde em Paris, entrou em um avião e foi encontrá-la. Foi ele que a auxiliou durante o período tumultuoso da gravidez. Ele também registrou a bebê como sua filha e, quando Dudinha já estava mais forte, voltou para o Brasil. Giovane tinha assumido compromisso com a jovem filha de um fazendeiro vizinho.
Maria Fernanda se dedicou aos estudos e a sua pequena. Ela só abriu seu coração para tentar um novo amor depois de quatro anos que estava na França. Manteve um relacionamento com um colega de faculdade, mas foi algo superficial e não sustentou por mais de seis meses. Nesse período, Thiago viajou à França a negócios e a reencontrou. Desde então, Paris passou a ser o destino preferido do taiwanês.
Ela não era mais a menina indefesa que saiu do Brasil com o coração estraçalhado. Passou a ser uma mulher forte, inteligente, corajosa e sábia. Na França, estudou economia, fez mestrado em técnicas financeiras, estagiou e foi contratada por uma das maiores empresas de auditoria daquele país.
Na cidade capital da moda, aprendeu o gosto pela elegância e requinte das vitrines, então aliou os estudos da amiga Suelen — em moda — com a sua experiência profissional e colocou em prática um projeto. Iriam abrir uma grande loja de moda feminina. Com muita experiência em finanças, ela sabia que em Paris o mercado seria acirrado pela concorrência. Por isso mesmo, resolveu encarar os fatos, verificar cicatrizes e pensar em voltar para o Brasil.
Ela e Suelen conheceram o prazer pelas obras
de caridade. Juntas, visitavam orfanatos, promoviam eventos para arrecadar alimentos e utensílios para os menos favorecidos e doavam de seu próprio bolso. Além disso, Maria Fernanda incentivava a filha a seguir pelo mesmo caminho. A mulher escolheu não seguir pelo caminho da arrogância e orgulho, assim se tornou uma mulher fatalmente linda, notada por muitos, segura e com uma ousadia inabalável.
Eduardo, com o passar dos anos, tornou-se muito competitivo e arrogante. Sua ambição pelos negócios se multiplicou e, com o poder, vieram os inimigos e na mesma proporção, as mulheres. Ele nunca assumiu compromisso oficial com nenhuma delas, pois a jovem de cabelos longos e olhos azuis com quem ele casou, mesmo estando longe por oito anos, nunca foi esquecida.
PARIS — FRANÇA
OITO ANOS DEPOIS.
— Me ofereceram o dobro do meu salário para que eu desistisse do pedido de demissão. — Maria Fernanda se sentou em uma das aconchegantes poltronas em sua casa. — Não há mais o que fazer. Aprendi muito como auditora fiscal, mas está na hora de abrir meu próprio negócio.
— Tem certeza de que não vai se arrepender, gatona? Você fica tão poderosa descobrindo os podres das empresas e deixando todos aqueles golpistas temendo por sua chegada.
Suelen sabia que seu maior sonho estava prestes a se realizar, mas queria ter certeza de que a amiga estava realmente feliz com o novo projeto.
Através da influência de Maria Fernanda, a visão de futuro de Suelen foi aguçada e a morena estudou muito para conseguir seu diploma de design de moda. Abrir uma grande loja tendo Maria Fernanda como sócia era onde ela queria chegar, aquilo finalmente estava prestes a acontecer.
— Amo a experiência que a profissão me trouxe, mas às vezes é preciso assumir riscos para alcançar excelência. Meu primeiro passo é sair da zona de conforto.
— Eu só estou me certificando de que você está certa disso, porque eu estou muito feliz! — Suelen pulou do sofá onde estava sentada e abraçou a amiga, toda empolgada. — Vamos ser sócias, gatona! Quando eu poderia imaginar que eu voltaria ao Brasil empresária?
— Maman… — Dudinha correu e se jogou entre as duas, que ainda se abraçavam.
— Cuidado, petit, olha sua perna!
Dudinha tinha finalizado mais um tratamento para conter as dores que sentia na perna.
— Já estou quase curada. Esses remédios são bem fortes. — A voz de Dudinha soava com bastante firmeza e convicção. Quem não a conhecia fazia outra ideia dela, pois seu corpo miúdo escondia uma mente carregada de esperteza.
— Maman tem muita fé, ma princesse. Brevemente essa dor nunca mais vai voltar. Agora só falta a última cirurgia.
A pequena, com sete anos, já tinha sido submetida a quatro grandes cirurgias. A doença já tinha sido eliminada, porém deixou suas sequelas. Dudinha ficou com três centímetros a menos em um dos joelhos, algo perceptível e doloroso. Uma simples caminhada no parque ocasionava fortes dores e às vezes febre emocional.
— Vem cá no colo da tante, minha bonequinha.
A menina se jogou no colo de Suelen e começou a trançar os cabelos da tia.
— Você já falou a ela? — Suelen sussurrou sobre a cabeça da pequena para que apenas Maria Fernanda ouvisse.
— Não — a mãe sussurrou no mesmo tom.
— Por que não fala logo? — Suelen continuou sussurrando.
— É um segredo de dois? — Dudinha perguntou no mesmo tom das duas.
Nanda e Suelen se olharam e não conseguiram segurar a risada. Suelen abraçou e beijou a bochecha da menina várias vezes, ainda sorrindo.
— Você é uma petit muito esperta. É mais esperta que sua mãe quando a conheci. — A morena deu sua típica e contagiante gargalhada.
Nanda jogou uma das almofadas na amiga e puxou Dudinha para seu colo.
— Nos próximos dias, vamos para outro país, petit. Maman e sua tante vão abrir uma loja enorme, cheia de vestidos e muitos espelhos. — A mãe preferiu usar as palavras, pois uma das brincadeiras preferidas de Dudinha era vestir seus vestidos, desfilar pela casa e parar em frente ao espelho, onde para ela era o final da passarela.
— Eu vou poder trabalhar com vocês?
— É justamente por isso que a maman está mudando de trabalho. Agora vamos trabalhar todas juntas. Eu, você e a tante.
— Sabe para onde vamos? Para pertinho de seu papa[5] — Suelen falou despreocupada e Maria Fernanda olhou seriamente para ela. Suelen logo tratou de consertar.
— Seu papa, Thiago. Ele está te esperando para te encher de presentes.
Quando Dudinha completou quatro anos e seis meses, chamou Thiago de papa pela primeira vez. Apesar de ter se sentido muito importante, Thiago conversou com ela em uma linguagem infantil e confirmou a explicação da mãe da pequena, que ele a protegeria como pai, mas que o seu pai de sangue era outra pessoa, que um dia ela poderia encontrálo. A menina, muito esperta, insistiu que ele era seu papa, então não houve mais nada a fazer.
Existia uma amizade verdadeira entre Thiago e Nanda, embora o taiwanês nunca escondesse sua real intenção. Quando Dudinha estava com um pouco mais de seis anos, Nanda aceitou o pedido de namoro de Thiago. Ansioso, ele passou a contar os dias para o final do contrato de casamento que prendia a sua namorada ao ex-marido.
— Ele me prometeu um chiot quando casasse com você, maman.
— Então teremos que procurar uma casa com quintal para seu cachorrinho. — Maria Fernanda beijou os cabelinhos loiros da filha.
— Agora é só arrumar as malas! — Suelen fez cócegas no abdômen da menina, fazendo-a se contorcer no colo da mãe.
BRASIL
Dudinha foi a primeira a avistar Thiago no portão de desembarque. Ele sorriu com os olhos cheios de lágrimas, pois estava muito feliz. Não conseguia esconder a alegria de ter a mulher amada e seu presentinho por perto.
De agora em diante, as veria com mais frequência e não apenas nos feriados prolongados, onde era possível fugir da administração da joalheria.
— Papa! — Dudinha gritou em francês, desprendeu-se de Nanda e correu para os braços de Thiago, que a abraçou com ternura.
— Meu presentinho lindo.
— Je t'aime, papa.
— Eu também te amo muito, francesinha.
A mãe analisou a cena fofa a sua frente com lágrimas de felicidade nos olhos.
— Ele é lindo, não? — Maria Fernanda perguntou orgulhosa.
— Eu não vejo nada de mais — Suelen provocou a amiga.
— Olha só se não é a mulher mais linda do mundo. Me deixa ver. — Thiago girou a namorada pelo braço, enquanto Dudinha estava agarrada em seu pescoço. — Está ainda mais linda.
— Vamos acabar com essa melação, pois estou muito cansada e meus pés merecem descanso — Suelen reclamou.
— Você também está muito bonita Suelen, mas vejo que continua a mesma reclamona de sempre.
— O problema é que agora sou rica, querido amigo. — Suelen rodou o indicador que destacava a unha de gel. — Sou rica e futura empresária. Por isso, sou praticamente obrigada a andar com esses saltos quilométricos.
— Você poderia usar uma sapatilha. — Thiago tentou achar uma solução para a amiga dramática a sua frente.
— Se existiu sapatilhas um dia, eu não soube da existência. — Suelen deu a risada contagiante.
Ela usava os saltos porque gostava e era dependente deles. — Vamos! Vamos indo porque preciso visitar meus veinhos mais tarde. — A morena bateu no ombro do taiwanês, que estava em um elegante terno.
Juntos, seguiram para a cobertura de Maria Fernanda em um dos prédios requintados da cidade. ***
Todos já estavam na cobertura. Naquele momento, as mulheres estavam na sala descansando da viagem e Thiago estava massageando os pés da namorada.
— Separei dois pontos no shopping para vocês darem uma olhada. Um é imenso, com dois pisos, o outro é menor, porém está pronto sem precisar de reforma — falou Thiago.
— Vamos ver isso amanhã, Su. Quanto antes fecharmos, melhor. Você vai conosco, Thiago?
— Vou ter uma reunião mais cedo, então encontro vocês lá depois.
— Eu também vou, maman? — perguntou a menina, quase dormindo.
— Mas é claro, petit! Não falei que iríamos trabalhar juntas? Então, você é minha secretária particular e precisa estar sempre comigo para fazer as anotações de tudo que a maman falar.
— Não vai contratar uma babá, Fernanda? — Thiago sabia que a vida da namorada seria corrida, assim como a de Suelen. Dudinha precisaria ter alguém com ela o tempo todo.
— Não! Da minha filha cuido eu. Depois de mim só a Su. Não quero ter uma filha criada por babá e longe dos meus olhos. Onde eu for minha filha vai. — Maria Fernanda não teve a companhia de sua mãe, por isso era rigorosa naquela determinação.
— Escolhi a mulher certa para ser a mãe dos meus filhos. —Thiago estava com um sorriso travesso no rosto e Maria Fernanda sorriu convencida.
— Já vão começar novamente? — reclamou Suelen, que estava folheando uma revista em um dos sofás. — Ou estou implicando demais com os romances alheios ou estou carente por não ter um. Vou me preparar para ir ver minha família, só espero que o traficante da rua de baixo não esteja mais por lá. Ele falava cantadas quando eu subia a ladeira e me dava um frio na espinha. — Suelen se levantou e foi em direção ao quarto.
— Não vá com joias. O Brasil não é mais o mesmo — Thiago alertou a amiga espevitada.
— A Suelen sabe o que faz. Ela é assim, mas tem muito juízo — Nanda falou ao namorado.
— Não vejo a hora desse divórcio sair. — Thiago estava alisando o cabelo de Dudinha, que já estava cochilando em seu colo.
— Está perto. Agora só faltam mais três meses.
Maria Fernanda ficou pensativa. Ela tinha desejado muito que chegasse o dia da quebra do contrato que possibilitaria o divórcio. Pensar em rever Eduardo a fazia sentir uma fisgada na cicatriz já fechada. Com toda certeza, ele estaria ainda pior que há oito anos. Deveria estar tão louco pelo trabalho que não se lembraria de assinar os papéis, talvez usasse uma secretária ou cópias digitalizadas. Várias coisas passavam pela mente dela. Qualquer possibilidade para não precisar olhar para a face dele seria ideal.
— Eu quero me casar o mais rápido possível, Thiago. Os papeis do divórcio serão assinados em um dia e no outro já quero assinar as proclamas do nosso casamento.
— Seu pedido é uma ordem, minha princesa. Uma ordem que será cumprida. Meu desejo é que isso aqui seja minha família. — Thiago se referiu aos três no grande sofá.
— Isso é tudo que eu mais quero. Eu mereço essa felicidade toda depois da minha caminhada.
***
Maria Fernanda estava em um grande espaço do shopping mais visitado da cidade. Em sua companhia estavam Suelen, Dudinha e uma corretora. Ela tinha se encantado com o ponto comercial com dois pisos. Era uma loja imensa, ideal para seu tipo de negócio. Porém, seria preciso uma grande reforma para ficar ao seu modo.
— Vocês fizeram um ótimo negócio. Este é um dos melhores pontos de loja neste shopping. A visão aqui é privilegiada de todos os pontos. — A corretora estava feliz.
— Também é o mais caro, não é danadinha? — Suelen comentou, deixando a mulher sem graça.
— Dudinha! — Maria Fernanda percebeu a ausência da menina no grande salão. — Onde está a Dudinha, Suelen?
— Ela estava aqui agora mesmo, Nanda…
As duas partiram para o corredor central à procura da menina.
— Ela não conhece nada aqui! Onde está minha filha? — Maria Fernanda estava apavorada, pois olhava para todos os lados e não avistava nenhum sinal.
Dudinha tinha se distraído com um grupo de palhaços que passou na porta da loja e saiu atrás da trupe por curiosidade, mas logo percebeu estar longe da mãe e da tia, então sentou em um banco no meio do shopping e começou chorar.
A mãe estava desesperada, assim como Suelen, à procura da menina e foi um grande alívio quando viu os cabelinhos dourados de longe.
— Petit! — Maria Fernanda gritou, avistando a cabecinha da menina pelas costas.
Tinha um casal e uma criança conversando com a menina, certamente oferecendo ajuda. Nanda afastou as pessoas, ajoelhou-se e abraçou a pequena, beijando toda extensão do seu rosto.
— Por que fez isso, petit? Você não conhece nada aqui. Nunca mais faça isso. Você está bem, meu amor?
— Eu só queria ver os palhaços. Sou curiosa e teimosa, maman. — Dudinha estava recuperandose do choro, já nos braços protetores da mãe.
Mais atrás, Suelen estava paralisada vendo a cena à sua frente. Sim, era ele, só podia ser ele. aquele olhar frio era o mesmo e a companhia também. Viviane olhava para Suelen, tentando decifrar de onde a conhecia.
Eduardo reconheceu Suelen de primeira, mas ainda não tinha visto o rosto da mulher ajoelhada, abraçando a filha, embora já tivesse a certeza de quem se tratava.
Suelen sentiu suas pernas tremerem e foi preciso segurar o salto no piso para não cair. Eduardo estava com o olhar confuso, fiscalizando Maria Fernanda e Dudinha, tentando descobrir se ali era mesmo a jovem que, há anos atrás, ele deixou partir para longe dele.
— Maria Fernanda?
Eduardo estava atordoado e seu coração parecia desgovernado dentro do peito. Era uma sensação que ele há muito não sentia. Aquela sensação que só sentiu pela menina que anos atrás deixou ir para longe de sua vida. Suas mãos começaram a soar frias. Ele abriu a boca duas vezes e nas duas vezes não conseguiu pronunciar nada.
Quem era aquela mulher? Por que ela tinha mudado tanto? Várias perguntas giravam em sua mente e todas as respostas apontavam para ele como um soco na cara.
Maria Fernanda, ainda com os joelhos no chão, estava estática. Ela ouviu a voz de Eduardo e sua única reação foi abraçar a filha fortemente. Sabia que aquele dia ia chegar, mas não imaginou que fosse tão rápido.
Ela pegou Dudinha no colo e se virou para encará-lo. Ele tinha mudado muito, estava mais maduro e muito bem-posto. Maria Fernanda sentiu um nó formando-se em sua garganta, pois já estava abalada pelo sumiço de Dudinha e aquilo contribuiu para seu estado.
— Maman, você está me apertando. — Maria Fernanda só se deu conta de que estava pressionando o corpo da filha demais contra o seu quando ouviu a reclamação.
— Você teve uma filha, Maria Fernanda? Quando teve uma filha? — A expressão de
Eduardo estava totalmente confusa.
— Esse homem ranzinza ia me ajudar a te procurar, maman.
Maria Fernanda olhou para Suelen, que estava com os olhos assustados, e desceu as pálpebras dos olhos, mostrando tranquilidade para a amiga.
— Vamos, ma princesse. — A mãe beijou o rosto da filha e segurou em sua mão. — Vamos, Suelen. — Caminhou deixando Eduardo para trás.
— Você teve uma filha? — Eduardo deu a volta e parou em sua frente. — Quando voltou?
— Excuse moi. — Nanda tentou ignorar outra vez o homem. Seu nariz estava naturalmente elevado.
— Como pode ser tão irresponsável, mulher? — Eduardo a confrontou, ainda perdido. — A menina estava perdida. Isso aqui é enorme. Tem pessoas de todo tipo! E se eu não tivesse a encontrado?
Nanda continuou andando. Suelen estava do lado e Dudinha agarrada a uma de suas mãos.
— Vamos conversar um pouco. Onde está hospedada? — Eduardo seguiu atrás dela, ainda querendo olhá-la.
Naquele momento, ele estava abalado ao ver Maria Fernanda forte e extremamente atraente. Longe do seu poder.
— Está passando certa vergonha, mon chéri. — Suelen falou com o seu costumeiro deboche.
— Mas o que… — Eduardo olhou Suelen dos pés à cabeça e constatou que o vestido que ela usava era muito elegante. Depois desviou o olhar para Maria Fernanda, caminhando sobre saltos, segurando a mão da pequena.
— Maria Fernanda! — Ele correu atrás dela.
Nanda estava abalada com o reencontro, mas aquilo jamais seria demonstrado ali.
— Vamos, meu gato. Ainda temos muitas lojas para procurar o presente da sua irmã. — Viviane seguiu atrás deles, evidentemente ameaçada.
Eduardo mantinha as aparências com ela. Viviane sabia que o homem não era fiel, pois ele nunca escondeu, mas ela tinha possessão por Eduardo e não se importava.
— Viviane, vá passear em alguma loja. Depois eu pego você.
— Eduardo, não faça isso! — Viviane gritou com sua voz infantilizada. — Nem pense em fazer isso comigo! — A loira olhou para os dois lados, pois estava envergonhada.
Maria Fernanda voltou o olhar para o menininho loiro, que aparentava ter seis anos, segurando a mão de Viviane, então identificou nele os mesmos olhos de Eduardo.
— Eu preciso resolver uma situação aqui, Viviane. Deixe o Lipe comigo e volte para empresa. — Eduardo continuou encarando Maria Fernanda, analisando-a minuciosamente sem nenhum pudor.
— Você vai comigo agora, Eduardo!
Maria Fernanda pegou Dudinha no colo e continuou andando. Eduardo estava com os olhos bem fixos nela e seguiu atrás.
— Aonde vai? — Ele deu a volta mais uma vez e ficou na frente de Nanda. — Quero conversar, mulher. Nossa, como você mudou…
— Fique longe dela! — Suelen gritou próximo a Eduardo.
— Você está mais atrevida que antes, Suelen! Isso continua não me dizendo nada! — ele falou com sua pose de arrogância.
Dudinha entendeu que Eduardo estava brigando com sua tia Suelen, então do colo da mãe começou a estapear o homem de terno.
Entre os tapas fraquíssimos que recebia, ele analisou a pequena no colo de Maria Fernanda e procurou semelhanças com a mãe. Apenas encontrou os olhos e a cor do cabelo loiro.
Loiro?
— Por que pintou o cabelo? Por que cortou? — Eduardo olhou para os cabelos da mulher, totalmente descontente. Como se tivesse algum poder de decisão sobre ela. — Eu não acredito nisso. — Soltou o ar de vez e balançou a cabeça, alterado. — Por que fez isso?
Maria Fernanda pensou em qualquer pergunta vindo dele, menos aquela.
— Vamos, Nanda! — Suelen chamou.
— Você já almoçou? — Ele continuou no rastro da mulher. — Temos assuntos pendentes, Maria Fernanda.
Ele lembrou que não tinha muito tempo. Talvez chegasse atrasado à reunião, isso nunca tinha acontecido antes, mas Eduardo estava abrindo uma pequena exceção. Assumiria os riscos depois.
— Em breve, um advogado irá procurá-lo com os papéis do divórcio. Vamos resolver de uma vez por todas os nossos assuntos pendentes. — Maria Fernanda continuou andando.
Ele recebeu um choque interno ao ouvir a voz firme e decidida da mulher. Aquela não era a jovem que ele viu pela última vez, chorando. Não, definitivamente não era. Eduardo estava totalmente perdido na beleza daquela mulher, que ele mesmo rejeitou por egoísmo. Estava sendo um débil de trinta e três anos.
Que porra eu estou fazendo, rastejando atrás dela? Pensou, indignado com seu próprio comportamento.
— Não se preocupe, querida esposa. Eu mesmo cuidarei disso! — Tentou ser frio. Isso sempre foi fácil para ele. — Apenas queria acertar logo esse grande problema, já que te encontrei por aqui. Foi por isso que andei atrás de você. Tenho pressa em resolver essa situação. — Consertou a gola do blazer grafite que usava.
— Isso é tudo o que eu tenho desejado, Eduardo.
Ele chegou sentir faltar o ar ao ouvi-la pronunciar seu nome.
Como essa mulher conseguiu ficar ainda mais linda? Perguntou-se e sentiu um arrepio.
— Papa chegou. — Dudinha, ainda no colo
de Nanda, viu Thiago se aproximar.
Thiago olhou seriamente para Eduardo, pegou Dudinha e beijou rapidamente sua namorada.
Eduardo contraiu a mandíbula de raiva por ver a cena. Ele encontrava Thiago nas festas de empresários da cidade, mas sempre ignorava. Nunca poderia imaginar que o taiwanês estava se relacionando com sua mulher.
— Então sempre estiveram juntos! — Ele se indignou.
— Gato, não faça isso! — Viviane implorou para não ser humilhada em público com uma cena de ciúmes de Eduardo por outra mulher.
— Eu fugi da maman, papa… — a pequena confessou, alisando o rosto de Thiago.
— Isso é verdade? — Thiago perguntou a Maria Fernanda.
— Foi em segundos que me distrair com a corretora. Quando olhamos, ela não estava mais lá.
— Irresponsável! — Eduardo ainda estava lá e tornou a atacar, reivindicando atenção.
— Você falou o que, cara? Você tem mesmo a coragem de chamar minha Fernanda de irresponsável? — Thiago o confrontou. — Essa mulher é a melhor mãe do mundo! Ela é a mãe da minha filha. Não se atreva a ofendê-la, pois eu não sou mais o moleque de dezessete anos que você conheceu.
Thiago se enfureceu. Ele jamais admitiria que Eduardo acusasse Maria Fernanda, que sofreu tudo sozinha para cuidar da filha.
— Você teve essa menina com ele ou com outro? — Eduardo exigiu uma explicação que amenizasse a sensação de soco no estômago que tinha levado.
— Thiago, vamos agora! — Maria Fernanda pegou na mão do namorado e Eduardo estremeceu por dentro.
— Fique longe de minha família! — Thiago ordenou, antes de virar as costas e sair carregando Dudinha no colo e segurando a mão Nanda.
Suelen apenas levantou a mão e deu um tchau irônico para Viviane. Eduardo ficou para trás vendo a família distanciando-se dele e sentindo seu coração esmigalhado.
Dudinha estava com a cabeça encostada no ombro de Thiago e os olhos graúdos na direção de Eduardo. Ela levantou uma das mãozinhas e deu um curto tchau para ele. Por alguma razão, Eduardo sentiu um aperto diferente no peito ao receber aquele olhar. Ele brigou com lágrimas insistentes, pois aconteceu algo em seu coração que ainda não tinha vivenciado.
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Comments
Ana Priscila
eu espero que ela não caia na besteira de ficar c ele, pois foi o Thiago que ficou c ela
2024-02-27
3
Marcia Rodrigues
concordo 👍 não cabe ela voltar para ele. Quando ela estava na pior foi o Thiago que a ajudou e ele merece o amor da Fernanda
2024-01-28
1
Dina Diniz
Tem até um filho com a outra , ñ acredito q vai ficar juntos, me nego a acreditar
2023-10-19
2