Marise Almeida Silva estava trabalhando naquela noite atendendo as mesas, seria sua última mesa, servida como garçonete.
Olhava atenta o relógio da parede que marcava a meia-noite e 21, seu plantão já havia acabado, porém ela não podia fechar até que o último cliente se retirasse, ansiosa esperando que o casal, pagasse logo a comanda que acabara de entregar a eles, era o último dia dela ali, seus sonhos a partir de amanhã iriam tornar realidade. Depois de muita tentativa ela conseguiu uma bolsa do curso de culinária gastronomia no melhor restaurante gastronômico de toda a região da França em Monte Ferrante na cidade de Clermont Ferrand, uma cidade pequena, porém muito rica nas sua história gastronômica, onde grandes chefes deram início às suas carreiras.
Nunca foi privada de seus sonhos, apoiada pelo pai José Augusto, que queria somente a felicidade da filha. Perdeu a esposa três meses depois que a filha nasceu, seu mundo desmoronou, mas graças a filha que precisava dele, não deixou que um buraco do chão o puxasse para o abismo sem fim, seguiu firme em criar sua filha sozinho, a dificuldade financeira o fez privar de muitas regalias, contudo o amor e a dedicação nunca faltaram, sua filha sempre esteve em primeiro lugar e logo que descobriu que o sonho dela era ser uma chefe de cozinha renomeada, depois abrir o seu próprio restaurante,o velho José Augusto com 58 anos, loiro, com os olhos castanhos claros, não deixou que seus fios brancos o impedisse de ajudar a filha.
Marise sorriu ao ver o casal se levantando abraçados e logo correu para a porta, e trancou observando se o casal já havia entrado no carro, foi a mesa retirou a grana, fechou o caixa, voltou a mesa e levou as louças para a cozinha, onde o cozinheiro e auxiliar já terminava o serviço.
—Hoje terminamos mais cedo. Se já quiser ir. —O cozinheiro e dono se virou para Marise.
Marise sorriu.
—Você tem muito para comemorar — o cozinheiro sorriu para ela, que já retirava o avental pela cabeça.
— Eu estou esperando Bianca. Ela ficou de me buscar para me levar para casa.— diz caminhando até o seu armário.
— Hoje a noite promete, tem certeza que não quer ir com agente. — avisou Marise ao se virar para auxiliar de cozinha, lavando as mãos.
—Não sinto muito! Eu ainda tenho que estudar muito para uma prova, que nem sei se estou preparada. —largou as louças já guardadas e foi abraçar Marise. — Já vou te parabenizar de novo, e te desejar que essa nova jornada seja sempre como sempre desejou. —Marise retribuiu o abraço.
Ela sabe bem como foi difícil conseguir essa bolsa e juntar o dinheiro para alugar um bom apartamento e comprar as passagens, sem a ajuda do pai, ela nem se que saberia se conseguiria, só de pensar em deixar seu velho sozinho seu coração doía, mas ela sabia que quando se tem sonhos tem o sacrifício.
Logo que Ana, a auxiliar se afastou, Roberto o cozinheiro a abraçou também e desejou boa sorte, logo a porta do fundo foi aberta e Bianca entrou, não parecia muito animada, enquanto falava com Marise, mas cedo antes da reunião de seu pai. Algo ruim deve ter acontecido, Marise sentia pela amiga.
—Está pronta para irmos? —todos olharam para Bianca que estava desanimada, não era o feitio dela já que ela sempre chegava animada e contagiando alegria.
—Olá, para você também! —Roberto cumprimentou, chamando atenção de Bianca, que deu uma risada forçada.
—A reunião foi tão ruim assim? —Marise pegou sua bolsa a colocando no ombro e foi abraçar a amiga.
Bianca não quis responder na frente dos dois e direcionou a saída até onde seu carro estava e dando boa noite aos dois que ficaram para trás se entre olhando.
—Você não vai me dizer? —Marise soltou do braço de Bianca, indo em direção ao lado do passageiro, porém parou e ficou observando Bianca.
—E que não queria estragar a noite. —Bianca destravou o carro, abriu a porta e Marise a imitou logo depois entrando.
—Bianca pela sua cara, sei que não está bem. Você precisa me contar, coloca para fora. —Marise se sentou virando o corpo na direção de Bianca.
Bianca suspirou fundo:
—Meu pai cortou minhas verbas, na verdade cortou até os meus cartões de crédito. E para piorar cancelou meu voo, e quer que eu assuma a empresa.
Marise arregalou os olhos com surpresa. Como o pai dela poderia fazer isso esse é o sonho de Bianca também desde pequena e foi assim que as duas se conheceram no cursinho de fast-food que foi lançado por um restaurante para colocar mais pessoas no mercado em suas novas filiais, queriam abrir em outras cidades.
Bianca já teria conseguido a vaga, mas não foi, por esperar Marise, ela ofereceu até dinheiro emprestado, para que as duas fossem juntas, e assim que as duas abriram o restaurante de sociedade, Marise pagaria aos poucos, mas ela não aceitou. E agora agora ela iria sem amiga, o choque foi grande.
—Seu pai não pode fazer isso!—diz, ajeitando a bolsa no colo.
—Não só pode, como fez. —Bianca se virou para ela.—Meu irmão Lucas tentou intervir em nossa briga, porém meu pai não deu o braço a torcer.
—Então não temos o que comemorar! —Marise entrou em desespero porém soube disfarçar, Bianca já se mostrava nervosismo demais para que Marise surtar se.
—Como não!?? —Bianca segurou a mão da amiga.
—Bi não peça para que eu vá sem você, você já poderia estar lá há dois anos, se não fosse por mim.
—Marise eu sei como é importante esse sonho para ti, você não pode deixar de ir é uma oportunidade única, uma bolsa. Se você negar, não terá segunda chance.
—Mas….
—Nada, amiga meu irmão prometeu me ajudar. Vou confiar nele, logo que você perceber estarei chegando lá, para irmos as baladinhas. —Bianca deu um sorriso sincero que foi contagiado, que Marise acabou sorrindo e a abraçando.
—Você me promete? —E estendeu o dedinho mindinho, como elas tinham costume de fazer.
—Palavra de escoteiro. —Bianca fez o mesmo.
—Que escoteira Bianca! — as duas caíram na gargalhada.
—Vamos seu pai já deve estar preocupado. —Bianca falou melancolia, levando as chaves e as girando, colocando as mãos no volante, não era inveja mas ela gostaria de ter tido um pai como o de Marise.
—Vamos, mas sem balada! Não quero mais ir. —Bianca a olhou rápido e depois voltou a olhar para a rua.
—Isso não, você não vai deixar de ter a despedida. E sua última noite. —Marise mexeu a boca entortando.
—Não vou ter motivo de comemoração.
—Como não? Por mim vai! Nossa última noite juntas. Talvez até meu irmão vá, não acredito muito, porém. —Marise corou de se lembrar de Lucas, não o via muitas vezes, contudo quando o via na casa de Bianca, estava saindo, ou concentrado em alguma coisa, em seu celular ou notebook, mal trocavam comprimento, porém Marise sentia algo por ele, que nem mesmo Bianca sabia.
—Mas não vamos ficar muito tempo, OK! —Pronunciou passando a mão na cabeça ao sentir uma fincada.
—Ah Marise, você só vai sair às 7 horas da noite. —Bianca viu o rosto sério de Marise e assentiu então. —Tudo bem.
Uma hora mais tarde, depois de Marise tomar um banho, enquanto Bianca provava uma porção de batata gratinada, que José Augusto preparou, elas se despediram dele, e as duas foram à boate Crystal Delírio.
Ao entrarem, elas foram surpreendidas pela música alta que tocava 50 cent com Eminem_You Don't Know_ com uma batida ao vivo do DJ e as luzes piscantes, as duas gritaram e foram direto para pista e começaram a pular e dançar com movimentos aleatórios. Meia hora depois as duas ofegantes diminuíram o ritmo.
—Vou buscar uns drinks para nós. O que vai querer? —Bianca gritava no ouvido de Marise para que entendesse.
—Não precisa, eu pago, vou contigo. —Marise já procurava a localização do bar.
—Larga de ser chata, fica aí eu já volto. —Bianca se afasta.
— Água então, quero água com gás, não vou beber nada com álcool. —Ela gritou para que Bianca ouvisse.
Marise sentia uma leve dor de cabeça imaginou que se bebendo álcool, só pioraria, não comentou com ninguém porque não havia motivo.
Bianca se virou de costas e saiu pela multidão até o balcão de bebidas.
No lado de fora, Lucas descia do carro, guardou o celular e a chave controle no bolso da frente da sua calça, ajeitou a gola de sua camisa, caminhando escutou o som alto, ele suspirou não gostava de ir em boates, porém prometeu a irmã depois da briga que tiveram com pai, mais justo deixar a irmã feliz.
Ainda não acreditava que seu pai era tão frio e sem coração, ele tinha conhecimento de que seu pai não se importava com a família,e o pai se mostrou pior do que imaginava e a raiva consumia e aquela barulheira só aumentava sua irritação. Ele conseguiu dormir um pouco à tarde, porém ainda não havia recuperado totalmente o sono depois de dois plantões direto. Já na pista, procurava por sua irmã ,sem nem mesmo pedir licença, pensou que seria perda de tempo, já que ninguém o ouviria mesmo. Quando trombou com alguém e minutos depois pisou no pé.
—Sinto muito por isso! Eu… —Sua voz vacilou quando ele se virou e viu o rosto dela, olhos tão azuis não podiam ser naturais.
—Tudo bem! — Ela dizia colocando uma mecha de Deus cabelos atrás da orelha.
—Ah você... Lucas! —Bianca correu e abraçou o irmão entregando a água para Marise, ficou feliz por ele ter aceitado o convite. —Vejo que já encontrou com a felizarda que vai para a França. Você se lembra dela né Marise.?! —Lucas ficou admirado com a beleza da loira a sua frente e quando sua irmã disse " Marise " se lembrou da amiga da irmã, porém nunca tinha reparado nela. Ou melhor quando ele a buscou na memória, Marise ainda era adolescente. E agora ali em sua frente uma linda mulher.
Marise se corou e somente estendeu as mãos, nervosa, nem a fez sentir a pisada nos pés.
—Me lembro sim! —Lucas retribuiu o aperto de mão. —Sim, me lembro sim! —Lucas mentiu, bem na verdade era meia mentira ele lembrava dela, afinal a irmã vivia falando de Marise. Ele só não se lembrava quando foi que ela cresceu . Da sua linda nova feição.
Bianca pegou pelo braço do irmão e o outro de Marise e os direcionou, gritando:
—Vamos para a área vip! Aqui está muito lotado. —Caminharam sendo arrastados por ela.
Ao iniciar a subida na escada, seu irmão ria da atitude da irmã, e Marise não sabia como agir e se sentia tola, contudo não tinha como controlar suas emoções. Fazia tanto tempo que não o via. Que achou que poderia ter perdido seus sentimentos. Mas estava enganada, já que seu coração batia no peito sem intervalos.
Bianca desgrudou dos braços de ambos e subiu a escada, dançando, Lucas ofereceu que Marise fosse na frente a mesma sorriu e subiu e ao chegar lá sentiu a dor no pé e resolveu sentar.
Lucas percebeu que a amiga da irmã se sentou e foi fazer-lhe companhia. Marise passou a mão no pé por cima do scarpin mesmo, Lucas percebeu e sentiu-se mal.
—Desculpa por isso! —Marise o olhou e sorriu de lado.
—Tudo bem, acidentes acontecem. —Continuou com o sorriso e se alegrou por conseguir falar com ele sem gaguejar ou falar alguma idiotice.
Uma mulher se aproximou de Lucas puxando conversa com ele, e o mesmo dialogava com a mulher por educação, afinal era uma conhecida. Marise ficou sem graça e nesse momento sua dor de cabeça aumentou um pouquinho, resolveu ir chamar Bianca para ir embora, ela odiava estragar o momento de felicidade da amiga, porém a dor estava incomodando.
—Bi se não importa eu gostaria de ir! —Marise notou que a amiga nem a escutou devido estar trocando olhar com o rapaz que acabara de subir as escadas, então decidiu não interromper, chegando em casa mandaria notícias através de mensagens.
Ela se virou para Lucas, porém notou que o mesmo estava ocupado conversando, o ciúmes que sentiu a fez sentir mais péssima ainda, então foi embora sem se despedir. Pediria um carro pelo aplicativo descendo a escada, já com celular em mãos, quando já ia digitar, Lucas se levantou, se despediu da moça e a alcançou, colocando a mão em seu ombro.
—Já, vai? —Marise se virou para trás e não evitou sorrir.
— E que eu estou cansada, e amanhã tenho … quer dizer, ainda hoje tenho que preparar muita coisa antes de ir embora. —Ele se aproximou para escutá-la, deixando-a envergonhada.
—Venha, vamos nos despedir de Bianca. Eu te levo. —Marise queria gritar de felicidade, suas estranhas dançaram em seu interior, seu coração palpitava tamanha felicidade, a alegria foi tanta que por um momento esqueceu da sua dor de cabeça e do pé.
Bianca já estava aos beijos com rapaz, Lucas não se culpou em nenhum momento de interromper;
—Com licença! —Lucas fala afastando o moço dos braços de Bianca. Que o recebe com cara feia, porém não disse nada.
—Estamos indo, vou levar Marise. Você não quer ir? —Bianca ficou feliz por Lucas oferecer a levar Marise, já que ela tinha planos para a noite.
—Não mano, pode ir tranquilo! —Ela se afastou do irmão e deu abraço na amiga. —Estarei em sua casa ao meio-dia. Peça para o tio fazer o bife à parmegiana que tanto adoro. —Marise sorriu, afastando de Bianca, seguindo Lucas, que olha para trás e Bianca já estava aos beijos novamente com o rapaz.
Lucas ao se aproximar, quase colocando suas mãos nos ombros dela, para levar até onde seu carro estava, sentia seu calor com a intensidade, mas ele não a tocou, e Marise tentou se concentrar na tarefa de caminhar.
Ele pegou o controle em seu bolso e destrancou o carro e abrindo a porta para que Marise entrasse, que a mesma se sente a rainha, já que ninguém nunca tinha feito isso ainda para ela. O agradeceu e ele caminhava na direção da porta do motorista.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Ezanira Rodrigues
Então, a Maria já tinha uma queda pelo irmão da.melhor amiga... interessante.
2024-04-10
3
ARMINDA
🤭🤭🤭🤭BIANCA É RÁPIDA CONHECEU O RAPAZ E JA AGARROU UIIIII🤪🤪🤪
2023-04-14
3
ARMINDA
🤔🤔🤔🤔🤔MARISE E LUCAS FORAM MUITO RÁPIDOS NA DESPEDIDA.🤔🤔🤔🤔
2023-04-14
2