CAPÍTULO NOVE

 — Monica? - a voz dele tem um grave tom de angústia, não de irritação. - Quando foi que eu bati em você? E… pelo amor de Deus! Te espancar na frente de outras pessoas? De onde você tirou isso?

 — Foi um pesadelo, como você disse. - ela ainda chora muito, e seu rosto continua enterrado no peito dele.

 — Se você não tivesse medo de mim, não teria tido esse pesadelo. - Ben fala suavemente, a embalando como se fosse um bebê. - E eu não devia ter respondido à sua pergunta. Nós estamos juntos há dois anos, e você já devia ter percebido que não bato em mulheres, a não ser na bunda, durante o sexo, o que também não acontece sempre. - ele a afasta o suficiente para olhar em seus olhos, mas estão fechados enquanto ela chora. - Olhe para mim. Por que tem medo de mim, Monica?

 — Eu não sei… - sua resposta sai baixa, e seus olhos estão arregalados para ele. - talvez seja… - ela se cala, engolindo seco.

 — A maneira que eu faço sexo com você! - ele afirma depois de perceber que ela não vai falar. - Diga o que quer. Diga como quer que eu seja com você.

 — Eu vou pensar nisso. - Monica sussurra.

 — Então agora você me deve duas respostas. Qual delas sai primeiro? - ele a olha intensamente e sua voz é suave. - Durma agora, está bem? Sem mais pesadelos, por favor.

Monica respira fundo, sentindo o delicioso perfume suave e inebriante da colônia pós banho de Ben. Tudo dele é exclusivo, e ela sabe que jamais sentirá esta fragrância em outra pessoa. Seus pensamentos voam enquanto ele a embala e canta suavemente.

Ela não consegue identificar a canção. Sabe apenas que é uma antiga canção de amor. Ela sabe ainda que, se não fosse Ben quem a estivesse cantando para ela, poderia muito bem ser uma linda declaração de amor. Mas seu coração interpreta como se fosse tal declaração, e ela adormece sorrindo em seus braços.

Em seus sonhos, Benedict declara seu amor na frente de todos; reúne repórteres e a mostra para o mundo como sua verdadeira esposa, e renuncia às suas celebridades. Monica sorri, podendo finalmente dizer que o ama, e que ele a conquistou com seu charme, seu carinho e seu amor.

Quando acorda, Monica se lembra do contrato e de sua cláusula principal:

“Por nenhum motivo, Monica Johnson poderá solicitar o divórcio ou a anulação do casamento, sendo esse um direito reservado apenas a Benedict Smith.”

“ — Sua vida me dá forças, mamãe. Continue bem, por favor!”

Ela se vira para Ben. Seu rosto bonito adormecido, não denuncia o monstro que ele é com ela. Nunca denunciou, na verdade. Mas ela não recusaria nada, só para que sua mãe tivesse o bom tratamento médico que tem. Tudo o que é possível fazer, eles estão fazendo por sua mãe. E agora, os medicamentos estão preparando o corpo dela para receber um transplante cardíaco.

Monica faz uma prece para que o transplante seja bem sucedido e que ela possa levar sua mãe para casa. Talvez não a casa de Ben. Talvez uma casa simples, que ela possa pedir para ele dar de presente à sua mãe, ou que ela mesma possa pagar, nem que seja o aluguel, ou comprar com as economias que está fazendo com o salário que recebe de seu emprego. Então ela começa a relembrar seus passeios com sua mãe pelas ruas de Londres, e deseja poder fazê-los novamente.

 — Já acordou? - a voz suave de Ben a tira de seu faz de conta perfeito.

 — Bom dia, querido. - ela beija seu rosto e sorri levemente.

 — Monica, quando você me chama de querido, acho que está aprontando alguma coisa. - ela abre a boca, mas ele não a deixa falar. - Estou brincando. - ele mostra seu sorriso estonteante e ela sorri aliviada. - Bom dia, querida. - seus lábios tocam os dela num beijo suave. - Não temos muito a fazer hoje. Durma mais um pouco. - ele a abraça, fazendo-a adormecer novamente.

 — Ben! - Monica fala baixinho, quando o carro para em frente à agência que vão visitar. - Eu sempre quis conhecer esta agência de designs! - seu rosto deslumbrado o deixa satisfeito.

 — Por que não procurou emprego aqui?

 — Eles só aceitam indicações, e ainda assim, dos designers mais renomados. E devem ser pelo menos cinco indicações! Eu tive apenas três tutores renomados.

Mas ela sabe que apenas a indicação de Ben, teria lhe garantido a entrada também. Afinal, ele é o dono da maior e mais renomada joalheria de toda a Inglaterra; fundada há mais de cem anos, referência em joias por todo o mundo.

Depois de mais uma declaração sobre sua futura coleção aos repórteres, Ben, mais uma vez, não teve problemas em mostrar os desenhos concorrentes à Monica. Ele a observa os examinar, e nota que são os primeiros designs que a faz suspirar. Com um sorriso discreto, ele faz um pequeno aceno para o proprietário da agência, que se dirige à ela.

 — Estou muito ansioso para saber sua opinião, Monica. - suas palavras a fazem erguer a cabeça, tirando os olhos do design. - Mudaria alguma coisa, ou eles estão bons assim?

Ela olha para Ben, arregalando levemente os olhos. Ele sobe e desce rapidamente as sobrancelhas, indicando que ela deve dar sua opinião. Ela estreita os olhos como quem não entende sua atitude e ele assente brevemente, confirmando o que ela deve fazer.

 — Bem… Tony… eu… - ela começa insegura, engole seco, e respira fundo. - olha, eu realmente me impressionei com os desenhos da sua agência. - enquanto ela fala, ele desvia o olhar rapidamente para Ben, levantando discretamente uma sobrancelha, parecendo decepcionado, quando ela abaixa a cabeça para selecionar um design. - Mas eu arredondaria os cantos das pedras. Olha… - ela coloca o desenho em cima da mesa e aponta as partes que as representam. - estão formando quinas que podem arranhar, ou até mesmo ferir, a pele de quem as usar. - Ben abaixa a cabeça escondendo seu sorriso. - E… - ela hesita por poucos segundos. - eu também diminuiria um pouco o espaço entre elas.

Tony assente devagar, percorrendo o olhar pelo desenho.

 — Recebeu um aumento há poucos meses, Monica? - Tony a olha nos olhos, quando pergunta.

 — Como sabe? - Monica estreita os olhos. - Foi um pequeno aumento, mas recebi.

 — Enviei uma proposta para você, através da recepção de sua agência. Acredito que não a tenha recebido. - ela arregala os olhos ouvindo. - No dia seguinte, recebi esta resposta.

Monica pega o papel que ele tira de uma gaveta e lhe entrega.

 — Dylan! - ela sussurra. - Filho da puta!

No papel está escrito que ela havia ficado lisonjeada com a proposta, mas que acabara de receber um aumento de salário e que, portanto, estava satisfeita na Agência Brown, uma vez que eles a haviam empregado sem experiência comprovada.

 — Fui honesto com eles, não enviando a proposta diretamente para você, e o mínimo que eu esperava, era que eles tivessem sido honestos também. Não preciso ser honesto agora, uma vez que eles não foram, e se quiser esperar pela escolha do design da futura coleção de Benedict, não faço objeção. Mas… estou lhe oferecendo o dobro do salário para iniciar aqui conosco. A não ser que consiga uma oferta melhor, mas ainda assim, posso subir um pouco mais a oferta, dependendo do valor que te oferecerem. - ele conclui olhando para Ben, que ri baixinho. - Então, o que me diz? De quanto tempo você precisa para me responder, Monica?

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