Capítulo 19

...Beatrice...

Eu acabei falando demais sem pensar, o assunto da minha mãe sempre foi um tabu na minha casa, eu não devia ter falado nada. Felizmente a comida chegou e me tirou do momento constrangedor, mas conhecendo o Elliot como eu conheço e pelo jeito que ele está me olhando tenho certeza que ele não vai deixar o assunto passar ileso.

Quando a nossa comida chegou e eu fui preparar tudo na pequena mesa, que tem na sala da casinha, enquanto Elliot abriu um vinho que veio junto com duas taças. Nos sentamos na mesa e ficou um silêncio constrangedor com Elliot me encarando.

-Você não vai parar de olhar para mim né? - Eu falo o encarando de volta - Deveria comer, o macarrão está uma delicia. - Eu falo e passo a língua pelos meus lábios e Elliot engole a seco.

-Oh mi bella, eu comeria, me fartaria e até repetiria, pois estou faminto mas minha fome não é desse macarrão. - Ele fala e eu engasgo com a comida e fico tossindo.

Rindo ele vem até mim e dá uns tapinhas de leve nas minhas costas, em seguida massageia, enquanto eu dou uma longa golada no vinho, e recupero o fôlego aos poucos, fato dele  estar tão próximo, ou a sua mão nas minhas costas, faz meus pelinhos arrepiarem, Dio Santo, ele mexe muito comigo.

-Você tem pensamentos nada puros Elliot. - Eu falo mais corada que nunca.

-É impossível pensar em algo puro olhando para seus lindos lábios, Bella mia. - Ele fala próximo a minha orelha, e eu aperto minhas coxas uma na outra exc’itada.

Ele volta para o lado dele na mesa, e muda o assunto rapidamente, ele é muito bipolar. Nós jantamos agradavelmente depois do  comentário nada puro de Elliot, e quando terminamos vamos nos sentar na sala, ele começa a me encarar, e não sei se foi o vinho, ou o comentário na mesa, mas eu estou ainda estou exc’itada e agora mais corada pelo vinho e algumas besteiras que ele solta vez ou outra. Então ele volta no assunto, que eu não queria falar mais. E se senta mais próximo a mim quando fala.

-Você ainda não respondeu minha pergunta. - Ele fala e coloca a mão no meu joelho para me encorajar, eu sinto minha intimidade pulsando, com esses toques aleatórios dele, então eu pretendo falar para ver se quebra um pouco essa tensão sex’ual entre nós.

-Se eu não respondi, talvez porque eu não queira tocar no assunto, não acha? - Eu respondo com um pouco mais de grosseria do que queria. Mas ele insiste.

-Você confia em mim, Bea? Sabe que tudo que me contar, eu não contaria a ninguém se você me pedisse para não fazer. - Ele enche minha taça de vinho.

- Acho que está me embebedando para que eu te conte. - Eu falo com um pequeno sorriso, encarando minhas mãos.

-Não preciso te embebedar para isso, achei que fossemos amigos. - Ele fala e coloca a mão no meu antebraço.

Eu respiro fundo e o encaro por alguns minutos. Ele também me encara, mas dessa vez não estou desconfortável.

-Se eu te responder, você vai ter que responder qualquer pergunta que eu fizer. Ok? - Eu falo encarando os olhos que desde do dia do beijo não sai da minha mente.

-Fechado. - Ele responde e sorri de lado.

-Minha mãe não morreu, Elliot ela fugiu. - Eu solto e ele continua me olhando, mas dessa vez sério.

-Mas seu pai… -  Eu o interrompo

-Meu pai me fez prometer,um tempo depois que ela foi embora, que eu não contaria a ninguém que ela fez isso, ele não queria que a Gigi crescesse achando que foi abandonada pela mãe. - Ainda falo apertando uma mão na outra tão forte que os nós dos meus dedos ficaram brancos.

-Mas porque sua Mãe fugiria e deixaria as duas filhas para trás? - ele fala e me vira para ele, segurando minhas mãos com a sua. Eu respiro fundo, segurando lágrimas que não quero deixar sair.

-Antes de eu nascer, minha mãe engravidou duas vezes de dois meninos, meu pai sempre foi louco para ter filhos e não filhas, mas um ela perdeu com 5 meses e o outro com 6 meses de gestação, até que eu vim ao mundo, meu pai ficou arrasado quando eu nasci e não era um menino, e por pior que seja, eu descobri isso da própria boca dele. - Eu falo e ele aperta minhas mãos me dando forças para continuar contando.

-Seu pai é um idiota, você  e a Gigi foram as melhores coisas que ele fez na vida de mer’da dele. - Elliot fala com um pequeno sorriso de lado. - Continue, acho que tem mais certo?  - ele perguntou e eu concordei com a cabeça.

-Mesmo ela quase morrendo quando eu nasci, assim que ela ficou melhor, ele continuou, tentando o tal “filho homem”, mesmo o médico dizendo que seria péssimo para minha mãe outra gravidez, que ela poderia perder o útero ou até mesmo morrer. Mesmo assim minha mãe engravidou mais uma vez antes da Gigi, de um menino, foi uma gravidez ótima, ela não sofreu no parto como sofreu de mim, foi tudo perfeito, porém o bebe nasceu com cardiopatia congênita, e morreu no hospital um mês depois que nasceu. Depois de muita briga e discussões, meu pai continuou tentando, era torturante, minha mãe teve depressão, meu pai parecia um cachorro no cio, eu peguei ele com a minha mãe várias vezes, em vários locais da minha casa, tanto que até hoje eu não como na mesa da cozinha, eu tinha 13 para 14 anos na época, então minha mãe engravidou da Gigi, mas com medo ela não quis saber o se’xo do bebê. - Eu apertei as mãos do Elliot dessa vez.

-Seu pai é um grande monte de mer’da, eu sei que ele é seu pai mas essa é a verdade. - Elliot fala e eu desvio o olhar e olho para a lareira.

-Depois que a Gigi nasceu, meu pai queria matar minha mãe, e eu acho que ela queria o mesmo, ela quase morreu dando à Luz a Gigi e o médico disse que ela não aguentaria mais uma gravidez. Ela teve depressão pós parto e tentou matar a Gigi duas vezes, eu a impedi uma vez e na outra meu pai a impediu. Só então que ele se deu conta da mer’da que ele fez com a minha mãe. Então ele começou a se redimir, pedir desculpa diariamente, procurou um bom psiquiatra e fez com que ela fosse tratada. Foi bom, porque a minha mãe melhorou, mas não tinha muito contato comigo ou com a Gigi, ela vivia suspirando pelos cantos, cantando baixo quando meu pai não estava. E eu cuidando da minha irmã mais nova, eu dava mamadeira, trocava fralda, colocava para dormir. E no dia do aniversário de um aninho da Gigi, ela foi para consulta com o psiquiatra e nunca mais voltou. - Eu sinto a lágrima que eu estava segurando rolar até meus lábios, e o Elliot rapidamente com o polegar faz o caminho da lágrima, me fazendo ofegar, quando seu dedo toca meus lábios.

-Tem pessoas bella mia, que não nascem para ser pai ou mãe, eu sinto pena por você ter passado por tudo isso, você merece mais, merece o mundo, merece ser feliz. Você não merecia essa família de mer’da, mas eu acho lindo o jeito que você cuida da sua irmã, mesmo tendo passado por tanta coisa. - Ele fala e eu sinto a sinceridade de suas palavras.

Vocês nunca encontraram sua mãe, nunca a tiveram notícias? - ele questiona.

-Sim. - Eu faço uma pausa. - Meu pai mesmo tendo dado ela como morta, para explicar seu sumiço para os parentes e amigos, ele nunca desistiu de procura-lá e no ano passado, ele descobriu que ela e o psiquiatra, vivem na Espanha e tem um casal de gêmeos de 2 anos. 

-Que figlia di una puttana, Dio Mio. - Elliot esbraveja.

-Eu não tive coragem de ir vê-la, nem de contar para Gigi, então para nós ela continua morta, pelo menos até a Gigi  entender mais as coisas. Porém depois que meu pai soube, ele começou a beber mais e já não passava mais as noites em casa. Então eu virei pai e mãe da Gigi.

Eu começo a chorar e Elliot me coloca entre suas pernas no sofá, e me puxa para si, aconchegando minha cabeça em seu peito, nós ficamos em silêncio, não um silêncio constrangedor, um silêncio necessário eu deixo as lágrimas rolarem livres, livres de  ódio que sinto por ela ter me deixado, livre de culpa por nunca contar nada sobre ela. Ele acaricia meus cabelos, sinto sua respiração pesada, e quando eu me acalmo, eu olho nos olhos deles, nossos lábios estão a poucos centímetros um do outro. Então ele fala.

-Às vezes nós temos que carregar fardos, que não são nossos para aprender a valorizar o que temos, eu sinto muito por tudo isso que aconteceu, mas pense em como você faz sua irmã feliz, ela te idolatra está nos olhos dela quando olha para você. E no seus olhos quando olha para ela, você tem orgulho do que ela se tornou. Você deu a ela o que nunca recebeu dos seus pais, e que provavelmente ela também não receberia se eles continuassem juntos. Amor, respeito, carinho, educação.  - Ele fala e aproxima ainda mais nossos lábios. 

-Eu sei, e eu nunca a vi como um fardo, ela é  meu mundo. - Eu falo sentindo o calor da respiração dele nos meus lábios. 

Delicadamente ele leva a mão até minha nuca e grudou seus lábios nos meus, mas não foi cheio de desejo como da primeira vez, foi um beijo carinhoso, calmo, ele me transmite paz. Mas quando ele desce a mão pelas minhas costas, até a minha cintura e dá um aperto firme, eu solto um gemi’do em seus lábios e rapidamente ele para nosso beijo e me encara. Eu quero mais, eu quero ele. Eu vejo nos olhos dele que ele também me quer, mas porque ele parou. Então percebendo que ele não iria continuar eu perguntei.

-Porque Elliot, porque quebraria meu coração? Porque meu pai disse que você nunca poderia ficar comigo? - Ele me encara ainda sem resposta.

-Porque eu sou um mer'da. - Ele fala e se afasta de vez se levantando.

Ele vai até o minibar e pega uma dose de uísque. 

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Conhecem um pouco a história da Bea, coitada que sofreu hein.

Agora vamos conhecer a do Elliot. 

Beijinhos, já tem livro novo no perfil, não esqueçam de acompanhar lá.  

"O babá" veio com tudo.

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Comments

Maria Helena Macedo e Silva

Maria Helena Macedo e Silva

pelo jeito foi tirado do seu perfil vários livros nessa plataforma ficado 4 concluídos ( CEO dominado; A rainha da máfia; Os herdeiros de Nova York e Isaac - o príncipe da máfia) e o sem concluir "Sofia- a princesa da máfia🤔

2024-05-17

0

Celma Rodrigues

Celma Rodrigues

Realmente a Bea tem uma história sofrida, mais a irmã dela é o que é graças à ela, que deu carinho, amor, proteção e cuidado.

2023-02-05

4

Maria Da Conceição

Maria Da Conceição

ninguém é perfeito todos erramos, mas também todos temos direito à felicidade, viu Elliot, e sempre podemos mudar pra melhor

2022-09-29

0

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