Instinto animal

Levantei ele pelo pescoço e olhei fundo em seus olhos, vi o medo o paralisar, lembrei do meu pai em uma situação parecida:

_ Você não pode parar!

Diz o ancião.

Meu corpo estava esquisito a sensação que tive foi prazerosa a tempos que não sinto algo tão bom, após sufoca-lo ele devagar vai fechando os olhos, sem explicações o solto:

_Se a presa morrer antes não terá graça! O sangue precisa estar quente!

Diz o ancião novamente.

O homem foi se encolhendo devagar no canto da parede de uma casa velha, e eu me aproximando mais, quando vi já estava o despedaçando igual um lobo faz com sua presa, minhas roupas ficaram manchadas de sangue passei a língua em meus lábios e lá estava o doce sabor do sangue, mais uma vez senti tudo ao meu redor rodar, estava tonta e tendo alucinações, continuei a caminhar mais a frente avistei uma carroça e uma família a consertar o pneu, me aproximei devagar para não assustá-los:

_Moça? Você está bem? Pergunta uma menininha com um ursinho em seus braços.

_ Precisa de ajuda? Perguntou uma mulher que aproximava a garotinha pra perto dela.

_Hoje é o seu dia de sorte Bonnie, mais comida!

Diz o ancião.

_Eu não vou fazer isso!

Respondi irritada, ambos olham desconfiados para mim.

_Quanto mais melhor!

Diz ele novamente.

_ Já chega! Eu não vou comê-los! Responde bem alto.

_ Mamãe eu tô com medo!

Diz a garotinha.

_É melhor você sair e ir se limpar se alguém ver você desse jeito pensará que você matou alguém!

Diz o homem ainda abaixado perto da carroça.

_A vila fica muito longe?

Perguntei.

_Você não vai querer ir lá!

Diz a mulher, olhei para ela virando minha cabeça lentamente, como se eu estivesse possuída, ela me olha com os olhos arregalados e volta a dizer:

_É melhor você voltar, há muito tempo a vila deixou de ser um lugar pacífico!

Senti meus olhos arderem o vento que corria no ar estava fazendo me sentir muito frio, me perguntei várias vezes se aquela sensação era normal, o homem se levanta e diz:

_Finalmente, agora podemos seguir viagem!

Ambos sorriram, o olhei lambendo os lábios ele parecia bem suculento, quase entrei em pânico quando notei os meus desejos canibais, essa não sou eu!

_Vocês podem me levar até a cidade? Perguntei.

_Desculpe moça, mas já saímos de lá, iremos tentar a vida em outro lugar menos miserável!

Respondeu a mulher.

_ É só você seguir em frente logo estará lá!

Diz a garotinha.

O cheiro do sangue estava me deixando louca eu mal conseguia controlar meus impulsos, isso não é normal está na cara, fechei meus olhos tentando ignorar meus desejos:

_Não se renda Bonnie!

Disse uma voz em minha mente.

_vamos, você precisa deles para ficar mais forte, se fizer isso estará libertando eles do sofrimento!

Diz o ancião.

_Eu preciso lutar contra essa força maligna!

Não fui forte o bastante, me entreguei ao meus desejos horríveis senti a angústia deles o pânico o medo da garotinha quando me viu devorando seus pais, não entendo o por que dos corpos não estarem virando cinzas como o primeiro, por fim a garotinha chorando muito tentava se esconder entre os panos na carroça, o cavalo tentava desesperadamente se solta da árvore, dei gargalhadas assustadoras, me surpreendi com o meu instinto selvagem, uma parte de mim estava muito mal com isso, mais outra estava completamente feliz e faminta por sangue, por fim faltava só a garotinha:

_Não posso fazer isso, ela é uma criança! Disse uma voz em minha cabeça ( a possível eu ).

_As crianças são as mais saborosas! A carne é macia e o sangue é puro!

Diz o ancião.

_Para, você não é assim, você tem que voltar a si! Não deixe que ele te domine, assuma o controle Bonnie!

Disse a possível eu.

_Só mais um pouco e se tornará invencível, você só precisa vencer essa barreira posta pela sua eu do passado!

Coloquei as minhas mãos sobre a cabeça a apertando:

_Calem a boca vocês!

Gritei assustada.

_Você vai me comer?

Perguntou à garotinha chorando.

_Eu irei comer até seus ossos!

Responde me aproximando, ela rapidamente cobre sua cabeça, Timming e Caión aparece:

_Pare Bonnie você não é assim!

Diz Timming.

_Eu preciso comer!

Respondi salivando muito.

_O sangue, a carne, a alma, todos são perfeitos!

Disse novamente.

_Você está confusa, não dê ouvidos aos seus instintos!

Diz Caión, sorri com os dentes enormes, era como se eu estivesse realmente me transformando em um animal:

_O que está acontecendo comigo? Por que meus dentes estão enormes? Perguntei assustada pegando em minha cavidade bucal, era como se dentro de mim existisse duas e não uma de mim:

_Fica calma Bonnie nós iremos lhe ajudar! Diz Timming.

_Desculpe!

Diz Caión tentando me paralisar com um de seus poderes.

_Isso é inútil!

Dei gargalhadas.

_Teremos que apelar pelo mais pesado! Respondeu Caión, Timming joga flechas de gelo em mim que felizmente nem chega a me tocar, elas são derretidas a um metro de distância.

_Timming! Não lance para matá-la!

Fala Caión pasmo.

_Essa não é a Bonnie que conhecemos, este é o ancião! Ele conseguiu a enganar direitinho, ela só o fortaleceu!

_Mais é o corpo dela, não podemos feri-lo! Disse Caión.

_Irão ficar parados falando o que podem fazer ou não ou vão me atacar de uma vez? Não tenho o dia todo !

Respondi debochadamente.

Caión e Timming me atacam juntos, eles realmente tem um potencial elevado mas considerando a minha força agora eles não são páreo pra mim, sei que estou convencida demais, aos poucos estou descobrindo o meu valor, após inúmeras tentativas fracassadas resolvo atacar de volta, adquiri a habilidade de um arquidemônio não sei como exatamente, a grandes chances de ter sido quando absorvi o demônio que habitava em mim ou pelo fato do livro conter várias almas tanto humanas como demoníacas, quando vi ambos caído no chão me senti péssima não era o que eu queria, isso estava fora de controle disse a mim mesma que não comeria a criança custe o que custa:

_Você não pode me reprimir!

Diz o ancião, sinto algo queimar dentro de mim.

_O que está acontecendo?

_Você irá pagar muito caro por isso!

Aos poucos minha visão foi ficando escura até que nada vi…

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