O salão estava em alvoroço. Os convidados se entreolhavam, cochichavam entre si, tentando entender o que estava acontecendo. Os flashes dos fotógrafos não paravam, captando cada gesto, cada expressão. O que deveria ter sido um espetáculo de humilhação se transformava em uma cena histórica.
Aurora permanecia de pé, ao lado de Rafael, ainda sem acreditar no que acontecia. Seu coração batia tão rápido que parecia prestes a saltar pela boca. Nunca em sua vida havia se sentido tão exposta, mas ao mesmo tempo, nunca tivera uma sensação tão estranha de segurança.
Rafael, por outro lado, parecia absolutamente inabalável. Segurava a mão dela com firmeza, o olhar intenso varrendo o salão, como se quisesse deixar claro para todos que aquela mulher não estava mais sozinha. Que quem ousasse questioná-la, teria que enfrentar a presença dele.
— Aurora… — uma das madrinhas se aproximou, hesitante, segurando a barra do vestido. — Você tem certeza? Isso é… completamente inesperado.
Aurora a olhou nos olhos. Havia medo em seu peito, mas também uma coragem recém-descoberta.
— Nada do que aconteceu até aqui foi planejado — respondeu, a voz embargada mas firme. — Mas eu não vou permitir que a história termine como Levi e Yasmin queriam.
Rafael apertou sua mão, em um gesto quase imperceptível de apoio.
O coordenador do evento, ainda nervoso, pigarreou.
— Senhora… senhor… temos os convidados, o salão, o juiz de paz que já estava a caminho. Tecnicamente, nada impede que o casamento aconteça. Só precisamos da sua confirmação.
O peso daquela frase caiu sobre Aurora como uma onda. Ela piscou várias vezes, tentando absorver a realidade. Estava mesmo diante da possibilidade de casar-se com Rafael, ali, naquele mesmo instante, diante de todos?
Levi e Yasmin já não estavam mais no salão. Haviam saído com o orgulho ferido, mas deixaram para trás a sombra da humilhação que tentaram impor. Agora, só restava a escolha dela.
Rafael se inclinou um pouco em sua direção, de forma que apenas ela pudesse ouvir.
— Você não precisa dizer sim se não quiser — murmurou. — Eu vim para estar ao seu lado, não para te forçar a nada. Se você quiser apenas ir embora, eu vou com você.
Aurora o encarou. O olhar dele não tinha arrogância, não tinha cobrança. Era um convite. Uma promessa silenciosa de que, pela primeira vez, ela poderia escolher.
As lágrimas marejaram em seus olhos.
— Rafael… — sua voz tremeu. — Por que você fez isso?
Ele sorriu de leve, quase melancólico.
— Porque, desde a faculdade, eu sabia que você merecia muito mais do que Levi podia te dar. Eu só não tive coragem de dizer antes. Hoje, quando vi seu pedido… soube que era a hora.
Aurora fechou os olhos por um instante. O peso das lembranças caiu sobre ela: Levi prometendo mundos, Levi traindo com a mesma naturalidade com que respirava, Levi tirando dela até o direito de sonhar. O fardo das promessas quebradas parecia sufocá-la… mas, ao lado de Rafael, sentia como se alguém finalmente dividisse esse peso.
Quando abriu os olhos, sabia sua resposta.
— Então vamos fazer isso — disse, com a voz ainda trêmula, mas carregada de decisão. — Vamos casar.
O salão explodiu em murmúrios, mas também em aplausos tímidos que logo se tornaram mais firmes. Alguns convidados, que conheciam de perto as crueldades de Levi, enxergavam naquilo não apenas um escândalo, mas uma justiça inesperada.
O juiz de paz chegou pouco depois, surpreso ao ser informado da mudança repentina, mas ainda assim preparado para cumprir sua função. Os padrinhos se entreolhavam, alguns desconfortáveis, outros sorrindo discretamente diante da força de Aurora.
Enquanto tudo se organizava, Aurora teve um instante a sós com Rafael em um canto do salão.
— Você tem certeza que quer isso? — ela perguntou, nervosa. — Casar-se comigo assim, no meio de um caos?
Ele tocou seu rosto com delicadeza, afastando uma mecha de cabelo que caía sobre os olhos dela.
— Eu nunca tive tanta certeza de nada em toda a minha vida — respondeu, e havia uma firmeza em sua voz que fez o coração dela disparar. — Não importa se é caótico, se é inesperado. O que importa é que é real.
Aurora sentiu o corpo estremecer. Era como se, pela primeira vez, estivesse diante de alguém que não fazia promessas impossíveis, mas sim declarações de verdade.
Pouco depois, o juiz os chamou. Aurora caminhou pelo corredor improvisado com o coração na boca. Não era o casamento que sonhara, não havia a perfeição de contos de fadas, mas havia algo mais importante: dignidade, coragem, e um homem ao seu lado que a olhava como se ela fosse o centro do universo.
Na hora de dizer o “sim”, Aurora respirou fundo, sentindo todos os olhares sobre ela. Sentindo o peso das escolhas, do passado, e das feridas abertas.
— Sim — disse, firme, olhando para Rafael. — Eu aceito.
O sorriso dele foi imediato, iluminando o rosto de uma forma que a fez acreditar que talvez, apenas talvez, a vida ainda pudesse lhe reservar algo bom.
Quando os aplausos encheram o salão e Rafael segurou seu rosto para beijá-la pela primeira vez, Aurora sentiu as correntes finalmente se quebrarem. O fardo das promessas de Levi havia ficado para trás.
Ela tinha um novo começo.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Dilma Melachos
que isso arrasou 👏👏👏👏👏👏
2025-09-18
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Dulce Gama
amei que guinada extraordinária ela Deu tomara que leve se arrependa e ela seja muito feliz com Rafael 👍👍👍👍👍🌹🌹🌹🌹🌹🎁🎁🎁🎁🎁❤️❤️❤️❤️❤️🌟🌟🌟🌟🌟
2025-09-12
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