Caçadores da Dimensão Sombria.
O vento cortante da noite soprava nas árvores da floresta, fazendo as sombras se moverem de maneira ameaçadora. A pequena cidade de San Felice, com suas ruas estreitas e casas de madeira desgastadas pelo tempo, parecia tranquila demais para a realidade que estava prestes a ser revelada. No entanto, os moradores sentiam um medo crescente, um mal que se espalhava como uma doença silenciosa. O que era para ser um simples desaparecimento isolado de um fazendeiro havia se transformado em uma série de eventos inexplicáveis.
Foi então que a chamada chegou: uma mensagem criptografada para o grupo conhecido como Os Vigilantes. Uma equipe de caçadores de criaturas e artefatos sobrenaturais que há anos lidava com forças além da compreensão humana. O líder do grupo, Marcus, leu a mensagem com um olhar sério. Algo estava errado, e eles não poderiam ignorar.
"A cidade precisa de nós", disse ele com uma voz grave, enquanto sua mão passava pela barba rala. Ele se virou para os outros membros do time, que estavam reunidos em seu esconderijo, um antigo prédio abandonado fora da cidade. O ambiente estava em silêncio, quebrado apenas pelo som de seus passos e pela luz amarelada de velas espalhadas pela sala.
Ao lado de Marcus, estava Emma, a mais jovem e mais impetuosa da equipe. Seus olhos eram atentos, ávidos por cada detalhe, e seu entusiasmo pela caçada era inegável. Ela já havia participado de diversas missões, mas esta parecia diferente. Algo em sua pele lhe dizia que o que os aguardava em San Felice era algo mais sombrio e perigoso do que qualquer coisa que eles já enfrentaram.
"Não podemos perder tempo. Se a cidade está em risco, temos que agir rápido", disse ela, ajustando seu casaco de couro enquanto se aproximava do mapa detalhado da cidade espalhado sobre a mesa.
Ao lado deles estava Victor, o caçador mais experiente, conhecido por sua calma sob pressão. Seu rosto rígido e a expressão pensativa indicavam que ele já estava analisando todas as possibilidades. "San Felice sempre teve uma aura estranha. Já ouvi histórias sobre eventos inexplicáveis naquela região. Vamos nos preparar para o pior", murmurou, ajustando suas armas com precisão. A tensão no ar era palpável. A missão parecia simples à primeira vista, mas todos sabiam que nunca era tão simples quanto parecia.
A equipe se dirigiu rapidamente para o local. Ao chegarem na entrada da cidade, os moradores estavam visivelmente tensos. Alguns fechavam as cortinas de suas casas assim que os viam chegar, enquanto outros observavam de longe, como se esperassem algo ou alguém. Marcus não os culpava. A escuridão que pairava sobre San Felice parecia afetar a todos, transformando até mesmo os mais corajosos em sombras de si mesmos.
"Vamos até a caverna nas colinas ao norte", disse Marcus, sua voz baixa e autoritária. "É lá que os desaparecimentos começaram."
Conforme o grupo se afastava da cidade, a paisagem ao redor mudava. As árvores cresciam mais densas, e o caminho que os conduzia para a caverna se tornava cada vez mais estreito e difícil de percorrer. O céu, antes limpo, começava a se fechar com nuvens pesadas. O cheiro da terra úmida e a umidade no ar indicavam que uma tempestade estava prestes a desabar. Mas nada disso os impedia. Sabiam que o tempo era crucial.
A entrada da caverna era um grande arco de rochas, quase oculto pelas árvores e pela vegetação densa. À medida que entravam, um calafrio percorreu a espinha de cada um. O ar dentro da caverna era denso, abafado, como se algo estivesse observando cada movimento deles. O som de seus passos ecoava pelas paredes, amplificando a tensão que se acumulava.
"Algo está errado", murmurou Victor, seu olhar atento percorrendo cada canto sombrio do local. "Sinto uma presença aqui."
Emma, com os olhos brilhando de curiosidade, puxou a lanterna e iluminou o caminho à frente. As paredes da caverna estavam cobertas por inscrições antigas, marcas que pareciam quase vivas, como se ainda pulsassem com algum tipo de energia obscura. Era impossível não notar o cheiro metálico e a sensação de desconforto crescente.
"Essas inscrições... elas não são humanas", disse Emma, parando diante de uma dessas marcas. "O que quer que esteja aqui não pertence a este mundo."
Marcus se aproximou, seus olhos examinando as inscrições com atenção. Ele sentiu a mesma estranheza, mas estava mais focado no que havia mais à frente. "Precisamos continuar. O artefato deve estar perto."
À medida que avançavam mais profundamente, o grupo começou a perceber algo ainda mais perturbador: o silêncio. Não havia sons de animais, não havia o eco de gotas d'água caindo. Era um silêncio mortal. O ar parecia estar se comprimindo à medida que avançavam, como se algo estivesse esperando por eles.
De repente, Emma parou. "Eu vi... eu vi algo. Lá, na sombra."
Marcus e Victor se viraram rapidamente, mas não havia nada. Apenas as rochas e as sombras dançantes projetadas pela luz da lanterna.
"Você está vendo coisas", disse Victor, mas sua voz não tinha convicção. Ele também sentia que algo estava errado, uma presença que parecia segui-los.
Eles continuaram, até que finalmente chegaram a uma sala profunda no interior da caverna. No centro, em um pedestal de pedra, estava o artefato: um orbe brilhante, envolto em correntes escuras que emanavam uma energia perturbadora. O brilho do orbe parecia atrair a luz, como se estivesse sugando toda a energia ao seu redor.
"Isso... isso não é normal", disse Marcus, sua voz grave e tensa. Ele sabia que o artefato era poderoso, mas algo ali estava mais do que maligno. Algo que não pertencera à terra dos homens.
Nesse instante, o ar ao redor deles vibrou com uma sensação de poder crescente. As sombras nas paredes começaram a se mover, ondulando e se distorcendo. Emma deu um passo atrás, o medo agora evidente em seus olhos.
"Eles estão aqui..." sussurrou, quase em pânico. "Estão nos observando."
Antes que Marcus pudesse responder, as sombras ao redor deles começaram a tomar forma. Figuras indistintas emergiram das paredes, escuras e etéreas, seus olhos brilhando com uma luz espectral. O grupo estava cercado. Algo despertara no momento em que o artefato foi tocado.
O líder do grupo, com sua mão firmemente no punho de sua espada, deu um passo à frente. "Preparem-se. A verdadeira caçada começou."
Mas, à medida que a escuridão se fechava sobre eles, uma única pergunta pairava no ar: quem ou o que estava realmente por trás dessa maldição? E o que mais estava escondido nas sombras?
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Atualizado até capítulo 20
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Ana Luiza Peixoto dos Santos
/Drool/
2024-11-22
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