1.00
Herbert
... O céu está bonito hoje
A brisa é suave quando acaricia a minha pele, com as mãos no bolso, eu caminho despreocupadamente pela calçada a caminho do meu restaurante de frutos-do-mar preferido da região
Ao longe ouço carros buzinando, está movimentado graças o horário de fim de expediente, suspiro, imaginado que terei que voltar novamente até a empresa para pegar o meu carro
Só consigo pensar que estou com fome, maldita hora que emprestei as chaves para o consultor
Enquanto passo ao lado de uma árvore realmente grande, algo me chama atenção. Paro e analiso a imagem, difícil de enxergar pela falta de luz.
Estou curioso enquanto semicerro os olhos para a sombra entre os galhos
"Deve ser uma cobra"
Eu penso, voltando a caminhar, mas tem algo me incomodando, sinto que estou sendo observado.
O alarme de um carro soa não muito longe, um arrepio corre pela minha espinha. De repente está muito silencioso, ou eu apenas consigo ouvir as batidas do meu coração.
Quando a pequena onde de choque diminui, apresso os meus passos, a fim de sair de perto dessa árvore e da vista do que há nela.
Herbert
Preciso parar de ser tão nervoso, não deve ser nada
Digo, tentando novamente me distrair com o céu. Próximo a uma lata de lixo, vejo alguns filhotes de gato rodeando um maior, essa deve ser sua mãe.
Não deveria, mas minha paixão por filhotes impediu-me de continuar antes de fazer carinho nos bichanos. Vencido, fui até eles e agachei-me, esquecendo completamente o motivo de estar com pressa.
Herbert
São tão magros, estão morrendo de fome, não estão? Não se preocupe, voltarei com algo para vocês.
Me levantei, agora com uma missão em mente, alimentar essa pequena família.
Olhei em volta, está mais escuro e essa parte do caminho há menos postes de luz.
De repente, escuto farfalhar de folhas secas, e um baque alto. O que pode ter caído? Lembro-me quase imediatamente que o quer que fosse, não era nada bom
Me viro, rápido demais para minha pressão alta, lento demais para o morcego dourado vindo na minha direção
Ele bate em cheio no meu rosto, a queda o desorientou? Mas por quê ele caiu? E está me atacando, de repente.
Perco o equilíbrio, indo em direção ao chão, consigo agarrar o morcego se debatendo sobre mim. É um morcego dourado, mas é bem pequeno para a espécie. Suponho que está infectado
Herbert
Urgh! Sai para lá!
Agarro a asa do animal e o arremesso longe, ele bate nas latas de lixo. Os gatos já não estão mais lá
Sinto algo quente escorregando do meu pescoço, tateando com os dedos descubro ser sangue, meu sangue.
Herbert
Que ótimo, um morcego com raiva acabou de me morder. É assim que isso acaba?
ergo-me do chão dando tapinhas na minha roupa tirando a poeira.
Pego um lenço da minha bolsa e limpo o meu pescoço. Voltando a caminhar, enquanto amaldiçoou o meu dia, meu emprego, minha fome e o morcego
Herbert
Isso é culpa do consultor, se não tivesse pego as minhas chaves...!
Finalmente cheguei ao restaurante, sentindo o meu pescoço arder, mas ignoro. Escolho uma mesa afastada e sento-me, logo chamando garçon
Joaquim
Boa noite! senhor, o que gostaria de pedir?
Herbert
Já disse para não me chamar de senhor, Joaquim. E boa noite! quero o de sempre
Joaquim
Oh, sim, haha *diz coçando a nuca"
Joaquim
É costume, desculpe. O seu pedido sai em 10 minutos
Eu acompanho com os olhos Joaquim passando em outras mesas antes de sumir pelas portas da cozinha. O seu pai era meu velho amigo, antes de sofrer um acidente e falecer. Eles eram tão próximos, pergunto-me como Joaquim conseguiu seguir em frente
Restaurante está quase vazio, a não ser por uma senhora sentada na janela e dois adolescentes perto da porta de entrada.
Identifico que um deles é o filho da dona do restaurante, uma mulher simpática e humilde. Ele conversa empolgado com o outro garoto, parecem ser próximos.
Relaxo na cadeira sentindo o meu pescoço pulsar, deveria ir ao hospital?
Decido que sim, após buscar o meu carro. Agora, espero pacientemente pelo meu pedido olhando as estrelas através da janela
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