Dia Ruim

PONTO DE VISTA: ANGEL LEE

Sou Angel Lee, formada em engenharia química, especialista em fragrâncias, ou seja, uma perfumista apaixonada pela profissão, porém sem poder aquisitivo para me dedicar somente à criação num laboratório profissional, pois, infelizmente são poucos os profissionais bem reconhecidos e remunerados nessa área. 

Por isso, optei por abrir uma pequena loja de perfumes e cosméticos no ‘shopping’. Os principais produtos principais eram perfumes importados, mas vendíamos, também, algumas criações da minha autoria e da minha mãe.

 Para conciliar a administração do meu estabelecimento e os meus projetos, terminei há alguns meses o meu MBA em gestão empresarial.

Sou natural de San Francisco na Califórnia e mudei-me para Nova York há dois anos.

O meu sonho só foi possível ser concretizado porque consegui um investidor aqui nessa cidade, um sócio não nominal, o Sr. Jean Clifford. 

Nos conhecemos por acaso e apesar da grande diferença de idade, nos tornamos amigos.

Quando ele descobriu sobre a minha profissão, propôs abrir um laboratório, ou uma megaloja, mas eu não aceitei. 

Deixei claro que para se tornar o meu sócio, haveria uma condição: no futuro eu pagaria todo o valor investido com juros atualizados e a loja passaria a ser só minha. 

Ele aceitou prontamente e o súbito interesse em me ajudar sem pedir nada em troca aumentava as minhas suspeitas... 

Sou filha única e não conheço o meu pai, seria ele? 

Resolvi aceitar a parceria para descobrir a verdade, sem me expor, pois, nunca tive interesse em conhecer o meu progenitor.

No fundo, eu tinha medo da verdade e, ao mesmo tempo ansiosa por obtê-la, sem magoar ou envolver a minha mãe.

O que me levou a supor isso foi devido a duas situações: a primeira foi o nosso primeiro encontro que comentarei depois e a segunda foi há alguns meses quando viajei à Europa. 

O motivo dessa viagem era fazer uma especialização sobre perfumaria e também, para adquirir algumas novas  fragrâncias para a loja... Até aqui nada de anormal. 

No entanto, recebi uma incumbência do meu sócio. 

O Sr. Clifford pediu que eu acompanhasse a sua mãe no voo de volta. Ela não gostava de viajar sozinha e já tinha uma idade avançada. Porém, em hipótese alguma, eu deveria mencionar que o conhecia... 

Estranho? Eu achei que sim! Mas como era um pedido dele, fiz do encontro com ela, uma casualidade. 

Apesar de ter odiado fazer esse papel, pois se realmente o Sr. Clifford fosse o meu pai, ou melhor, o meu progenitor, era por causa dessa mulher, minha suposta avó e meu avô que eu não tive uma referência paterna na minha vida.

Suspeitas infundadas ou não, um dia tudo seria esclarecido... 

Falando em dia, sabe aquele em que você não deveria ter levantado da cama ao acordar? Aquele em que tudo começa dar errado do início até o fim? 

Esse dia parecia ser exatamente o que estava começando, um sábado. 

Acordei atrasada para ir trabalhar, tomei banho e me arrumei rapidamente, saí sem tomar café da manhã. 

Assim que cheguei na garagem do prédio onde moro, "pisei em falso" e torci o meu tornozelo direito, mas mesmo com muita dor, eu precisava ir para a loja, pois era folga da minha única funcionária e melhor amiga Lisa. 

Andando com dificuldade fui até o carro e para a minha extrema infelicidade, esse não funcionou. Ou seja, teria que chamar um táxi ou carro de aplicativo para ir trabalhar. 

Optei pelo segundo.

Para piorar o início da minha manhã, o motorista também estava de mau-humor. 

Cheguei no ‘shopping’, abri a loja e logo os clientes apareceram, portanto, tive que ficar muito tempo em pé durante toda a jornada. 

E ainda tive que aguentar além da dor, a grosseria de uma cliente que também não estava no seu melhor dia. 

Seria aquele um dia ruim para todos com que eu encontrava? Ou o meu péssimo humor, mesmo disfarçado em falsos sorrisos ou a impaciência contida seriam os motivos para tanto azar? 

Assim que finalizei o expediente,  organizei toda a loja e quando tudo estava pronto para o dia seguinte, já era tarde da noite. Fechei o estabelecimento e saí em direção ao estacionamento. 

Estava tão aérea que não lembrei que estava sem carro. Ao chegar no local, percebi o meu erro e voltei em direção a porta que ainda estava aberta. 

Será que tinha acabado a maré de infortúnios daquele dia?

Peguei o celular e adivinha? Estava sem bateria. Olhei para os lados e não vi ninguém conhecido. 

Comecei a rir sozinha. 

Não era fácil encontrar táxi naquela hora, uma vez que todas as lojas e a praça de alimentação não estavam em funcionamento. Portanto, só havia uma opção: ônibus. 

Depois de quase uma hora dentro do veículo público, começou a chover, ainda bem que sempre carregava um guarda-chuva pequeno na minha bolsa, pois era época de chuva. 

Ao chegar no ponto de ônibus que fica há dois quarteirões de onde morava, abri o guarda-chuva quando a porta foi liberada para o desembarque, desci e comecei a caminhar para casa pensando no meu dia que não foi um dos melhores. 

Quando caminhava, distraída pela imensa dor que me consumia, um veículo passou em alta velocidade e esguichou água da enxurrada na minha direção. Fui rápida e esquivei, recebi apenas alguns respingos na minha calça. 

Por causa do movimento exagerado para evitar um banho de água suja, intensificou a dor no meu tornozelo. Por essa razão, resolvi parar sob o toldo de um restaurante para descansar um pouco e tirar os sapatos, pois com aqueles saltos não conseguiria chegar em casa. Mesmo que não fossem tão altos…

Assim que parei, percebi que tinha um casal ali, a mulher reclamava que não iria andar na chuva. 

Pelo que entendi, o carro  estava estacionado do outro lado da rua. 

Aquele restaurante não tinha estacionamento próprio. 

— Ravi, vamos esperar mais um pouco, não quero me molhar e estragar os meus sapatos, além dos meus cabelos... — Mulher. 

— Diana, eu preciso ir, tenho um compromisso ainda hoje, não posso chegar mais atrasado do que já estou. Se quiser esperar, desculpe, mas terá que ir de táxi. 

— Você não é louco de me deixar aqui a essa hora sozinha. O meu pai ficará muito bravo com você e a sua família, também. Vou ficar muito chateada se fizer isso comigo. — A mulher finalizou com voz manhosa. 

— Diana, entenda que preciso ir. São alguns metros, apenas. A via aqui em frente é 'contramão', então…

— Não! Você que não entende! Não sou qualquer mulher, não posso chegar em casa, molhada. 

O meu dia estava péssimo. Eu mal podia suportar a dor e aquela mulherzinha estava me irritando ainda mais, uma voz melosa e chata.

E por que isso me importava? Por nada. Simplesmente um dia ruim misturado com TPM e muita dor. 

Por que não fui embora sem me intrometer? Também, não sei. Mas eu queria que aquela voz calasse. Eu desejava melhorar um pouco em paz para conseguir chegar em casa e tomar um remédio para aliviar o meu sofrimento. 

Virei para o casal, olhei bem para os dois. 

O homem olhou no meu rosto e parecia muito surpreso. 

Ele parecia familiar, tinha um olhar intenso..., mas não lembrava de onde o vi. 

— Boa noite! Desculpe-me, mas acabei ouvindo que está com pressa e está preso devido à chuva. 

— Boa noite! — Só o homem respondeu depois de alguns segundos. — Sim, tenho um compromisso, mas sair daqui está complicado. —  Disse e olhou sério, balançando a cabeça negativamente para a mulher. 

— E você, o que tem a ver com isso? Ouvir a conversa dos outros é falta de educação, só interessa a mim e ao meu namorado... — A mulher disse de forma ríspida. 

— Diana, já chega! Desculpe por isso. — O tal de Ravi a interrompeu. 

— Ravi... — Diana começou a falar só que dessa vez, fui eu que interrompi. 

Respirei fundo e calmamente, eu falei: 

— Querida, se você não fosse tão mimada, e falasse mais baixo, eu não teria ouvido a conversa. 

Não deixei que ela respondesse. 

Olhei para o Ravi, nome pelo qual a mulher o chamou e continuei: 

— Toma, leva a sua namorada.  

Entreguei o guarda-chuva para ele. 

Diana abriu a boca para falar alguma coisa, mas ele não deixou. 

— Obrigado! Ela não é minha namorada. — Ele falou convicto e continuou: — Vou levar a Diana até o carro e venho devolver o guarda-chuva. 

— Não é necessário, até porque, acredito que vá precisar dele para ela descer, caso não queira se atrasar ainda mais. 

— E você? — Ravi perguntou e por um momento, ele pareceu preocupado. 

— Não se preocupe, estou perto de casa. — Disse e fui tirando os meus sapatos e continuei dizendo: — Não sou dondoca mimada, e também não "sou de açúcar", acho impossível que eu derreta na chuva. Boa sorte no seu compromisso! 

Assim que terminei de falar, tirei os sapatos. Sai debaixo de chuva que já tinha diminuído muito, estava bem fina, apenas chuviscando e fui em direção a minha casa sem olhar para trás. 

Depois do que falei, não iria aguentar mais grosserias daquela mulher que pelo jeito estava com ciúmes e parecia chateada ao ser desmascarada sobre o suposto namoro. 

Ouvi o tal de Ravi me chamar, mas não respondi, fingi não ter escutado... Queria evitar colocar mais lenha na fogueira, já que a mulher deixou claro o seu interesse por ele.

— Qual o seu nome? — Ele gritou mais uma vez.

FOTOS:

Imagens aleatórias retiradas da ‘internet’ apenas para fins meramente ilustrativos.

ANGEL LEE

DIANA O'HARA

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Comments

Amélia Rabelo

Amélia Rabelo

essa vadia ė de açúcar é ?

2024-04-02

0

Imaculada Abreu

Imaculada Abreu

A primeira estória que foi maravilhosa e creio que esta também será

2023-12-23

0

🌹

🌹

Seus livros são maravilhosos.E essa estória pelo primeiro capítulo parece que vai ser excelente.Autora você é muito talentosa.

2023-12-07

1

Ver todos
Capítulos
1 Todos Merecem Uma Segunda Chance E Eu Quero A Minha
2 Onde Posso Te Encontrar?
3 Dia Ruim
4 Quero Essa Mulher Para Mim
5 A Prima de Luke
6 É Ela
7 Não Quero O Mesmo Destino
8 Será O Meu pai?
9 Deixe-me Esperar Por Ela
10 Convite Para Almoçar
11 Seria Esse O Aroma Do Amor?"
12 Se Soubesse O Quanto Sou Louco Por Você
13 Eu Não Vou Desistir De Você.
14 Você Vai Ser Minha
15 Foi Bom ou Não?
16 Maravilhosa e Muito Má
17 Não Acredito Que Conhece Essa Vagabunda
18 Você olhou bem para ela?
19 Vou Te Contar Um Segredo
20 O Bar
21 O Ravi Já Sabe?
22 Suposto Pai
23 O vídeo
24 Duas caras
25 Brava e Decepcionada
26 Vai Ser Difícil Dormir Essa Noite
27 Desculpe-me
28 Chef Ravi
29 Sem noção
30 Hoje não
31 O escritório
32 O noivado
33 O Jantar Com Os Cliffords
34 Noivo?
35 Apenas sinta!
36 Trending Topic
37 Sabotagem
38 Demissexualidade
39 Preparando o Encontro
40 O que eu vestiria?
41 Namora comigo?
42 Ela já me queria
43 Eu Te amo! Você É Espetacular!
44 Nunca Mais Fique Insegura
45 Última Parte Do Encontro
46 Almoco: Parte I
47 Almoço: Parte II
48 Morrendo de Vergonha
49 A Visita de Diana: Parte I
50 A Visita de Diana: Parte II
51 Transmissão ao Vivo
52 Eles Começaram A Pagar Nesse Exato Momento
53 Pessoas Como Você São Uma Raridade
54 Anne Lee
55 Acontecendo Tantas Coisas ao Mesmo Tempo
56 O Que Aconteceu Com Angel
57 Saia daqui
58 Pesadelo
59 Ansiosa Para Reencontrar O Sr. Clifford
60 Visitando Angel: Parte I
61 Visitando Angel: Parte II
62 Quem É Mais Poderoso
63 Mais uma gravação
64 Crise de Consciência
65 Eu posso ser fiel
66 Se Eu Não Tiver Culpa
67 Expulsa do Hotel
68 Não Era A Protagonista E Sim A Coadjuvante.
69 Você É Demais
70 Tempestade Chamada Marie e Elise
71 Eu Odeio Vocês
72 O Meu Passado Apareceu Em Dose Dupla
73 Fui Mulher De Um Homem Só
74 Quanta hipocrisia!
75 Você É A Minha Deusa
76 Curiosidade ou Ciúmes?
77 Que Mulher!
78 Mensagens
79 Nem Tudo É Verdadeiro
80 Qual O Seu Plano?
81 Incógnita
82 Mau Caráter
83 Essa é a Angel
84 Eu Só Pertenço A Você.
85 Estou Com Medo
86 Mostre Agora
87 Perdoe Ravi! Esse Idiota Te Ama
88 Presente
89 Reconquistando a confiança
90 O Pedido
91 Pai, Sogro e Amigo
92 Eternos namorados
93 Elas Não Estão Sozinhas
94 Minha Família
95 Enfim, Novidades
Capítulos

Atualizado até capítulo 95

1
Todos Merecem Uma Segunda Chance E Eu Quero A Minha
2
Onde Posso Te Encontrar?
3
Dia Ruim
4
Quero Essa Mulher Para Mim
5
A Prima de Luke
6
É Ela
7
Não Quero O Mesmo Destino
8
Será O Meu pai?
9
Deixe-me Esperar Por Ela
10
Convite Para Almoçar
11
Seria Esse O Aroma Do Amor?"
12
Se Soubesse O Quanto Sou Louco Por Você
13
Eu Não Vou Desistir De Você.
14
Você Vai Ser Minha
15
Foi Bom ou Não?
16
Maravilhosa e Muito Má
17
Não Acredito Que Conhece Essa Vagabunda
18
Você olhou bem para ela?
19
Vou Te Contar Um Segredo
20
O Bar
21
O Ravi Já Sabe?
22
Suposto Pai
23
O vídeo
24
Duas caras
25
Brava e Decepcionada
26
Vai Ser Difícil Dormir Essa Noite
27
Desculpe-me
28
Chef Ravi
29
Sem noção
30
Hoje não
31
O escritório
32
O noivado
33
O Jantar Com Os Cliffords
34
Noivo?
35
Apenas sinta!
36
Trending Topic
37
Sabotagem
38
Demissexualidade
39
Preparando o Encontro
40
O que eu vestiria?
41
Namora comigo?
42
Ela já me queria
43
Eu Te amo! Você É Espetacular!
44
Nunca Mais Fique Insegura
45
Última Parte Do Encontro
46
Almoco: Parte I
47
Almoço: Parte II
48
Morrendo de Vergonha
49
A Visita de Diana: Parte I
50
A Visita de Diana: Parte II
51
Transmissão ao Vivo
52
Eles Começaram A Pagar Nesse Exato Momento
53
Pessoas Como Você São Uma Raridade
54
Anne Lee
55
Acontecendo Tantas Coisas ao Mesmo Tempo
56
O Que Aconteceu Com Angel
57
Saia daqui
58
Pesadelo
59
Ansiosa Para Reencontrar O Sr. Clifford
60
Visitando Angel: Parte I
61
Visitando Angel: Parte II
62
Quem É Mais Poderoso
63
Mais uma gravação
64
Crise de Consciência
65
Eu posso ser fiel
66
Se Eu Não Tiver Culpa
67
Expulsa do Hotel
68
Não Era A Protagonista E Sim A Coadjuvante.
69
Você É Demais
70
Tempestade Chamada Marie e Elise
71
Eu Odeio Vocês
72
O Meu Passado Apareceu Em Dose Dupla
73
Fui Mulher De Um Homem Só
74
Quanta hipocrisia!
75
Você É A Minha Deusa
76
Curiosidade ou Ciúmes?
77
Que Mulher!
78
Mensagens
79
Nem Tudo É Verdadeiro
80
Qual O Seu Plano?
81
Incógnita
82
Mau Caráter
83
Essa é a Angel
84
Eu Só Pertenço A Você.
85
Estou Com Medo
86
Mostre Agora
87
Perdoe Ravi! Esse Idiota Te Ama
88
Presente
89
Reconquistando a confiança
90
O Pedido
91
Pai, Sogro e Amigo
92
Eternos namorados
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Elas Não Estão Sozinhas
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