Cap 11 Ela não vai mais voltar.

Leandro Capetelli

Chego as pressas no cemitério com um funcionário do hotel guiando o carro.

— Procura a Anya. — Falo ordenando

Mas nem se faz necessário, eu ouço os gritos dela de longe

Saio apressado e mesmo usando a bengala, tropecei várias vezes e levei alguns tombos.

Eu nunca ando tão apressado isso só me lembra o quanto me sinto limitado e vezes inútil.

Me aproximo cada vez mais da voz de Anya e caiu novamente.

— Senhor, ela está aqui. — O meu motorista fala, me guiando.

— Por que tiraram você de mim?? Por quê? — Ela gritava e gritava

— Anya? — Falo chamando sua atenção.

Ajoelho-me no chão, quando ouço a voz dela vindo de baixo e sinto o peso do seu corpo caindo sobre mim.

— Anya?

— Ela está desmaiada senhora. — Meu motorista fala.

— Me ajude. — Peço.

A levamos para o carro e seguimos para o hospital.

Chegamos no hospital e ela é atendida e medicada.

— Uma crise de nervosos? — Questionei ao médico.

— Exatamente senhor, ela ira acordar em breve quando passar o efeito de remédio.— Ele fala saindo do quarto.

Uma funcionária do hospital entra para fazer algo no quarto.

— O senhor está bem? — Ela perguntou.

— Porque a pergunta? — Questionou confuso

— O senhor está todo arranhado.e sujo — Ela fala.

Eu nem me lembrava mais que caí tantas vezes e nem sentia os arranhões.

— Estou bem, obrigado.— Falo

— Disponha, chame se precisar. — Ela fala e ouço ela sair do quarto.

[...]

Anya volta a ter pesadelos, me sento ao seu lado e seguro sua mão.

— Quem são vocês? O que querem? Não toquem na minha filha, não tirem ela de mim. — Ela falava agitada na cama.

— Any está tudo bem. — Falo beijando sua mão.

— Ícaro, Porque você me deixou? Eles vão levar a nossa filha.— Ela fala o nome do meu irmão e eu sinto todo o meu sangue fugir do corpo.

Minha cabeça lateja, ligo alguns fatos.

Dou um sorriso nervoso largando a sua mão.

— Que merda é essa? — Falo.para mim mesmo.

— Não! Não! — Balanço negativamente a cabeça.

Saio do quarto e procuro meu motorista.

— Você viu o nome do túmulo?— Pergunto assim que o encontro.

— Não lembro bem Senhor, acredito ser Eloá. — Ele fala e eu viro as costas voltando a entrar no hospital e me sento na recepção.

Ligo para Júlio e peço que ele envie a foto do tal homem do hotel para a ex do meu Irmão e peça para ela me ligar urgente.

Após meia hora meu telefone toca e eu atendo rápido.

— Leandro? Por que me mandou a foto do detetive que me procurou? Ele te encontrou? — Ela perguntou antes que eu falasse algo.

— Tem certeza que é ele?— Pergunto

— Sim, eu tenho. — Ela fala confirmando.

— Eu te ligo outra hora. — Falo encerrando a ligação.

— Que merda!! — Exclamei.

Eu tinha a opção de deixa-la acreditando na mentira que eu mesmo inventei.

Eu não queria que as coisas continuassem a crescer, Mariah estava apegada a ela, ela ama demais a Mariah.

Claro que ama, é a filha dela e ela é a pessoa que eu nutri ódio por tanto tempo.

Saio do hospital encontrando o motorista.

— Me leve de volta para o hotel.— Falo

Chego no hotel subo até a cobertura, eu não sei o que fazer, eu sentia ódio dela, mas, eu também gosto dela, era como se fossem duas pessoas distintas, eu não sabia exatamente quem ela é o que aconteceu com ela e o meu irmão.

Nós a culpamos nós queríamos um culpado pelo acidente isso nos fez sentir melhor.

Eu me senti melhor em tirar dela algo que ela ama em troca da minha perda, eu queria que ela sentisse a dor da perda igual a que eu senti, por outro lado, a Mariah preencheu o vazio que eu sentia, eu me agarrei a ela como se a vida dela e a minha fosse a mesma coisa.

Eu amo Mariah eu não posso arriscar perdê-la.

Entro no carro e ligo para Júlio, ele era meu único amigo alguém que eu podia contar  e desabafar, depois que perdi a visão todos os meus amigos foram se afastando pouco a pouco, passei por um processo difícil de aceitação, não são todas as pessoas dispostas em te ajudar a superar seus demônios.

— Júlio me encontra em casa amanhã. — Falo assim que ele atende

— Algum problema? Pensei que passaria duas noites aí com a Anya. — Ele fala em um tom malicioso

— Só me encontra ok!, estou voltando agora chego em algumas horas em casa.— Falo encerrando a ligação.

Chego em casa pego uma garrafa de bebida e me sento no sofá, eu estava confuso, triste, existia uma pressão sobre meu peito que me impedia de respirar naturalmente, então eu deixo as lagrima caírem livremente aliviando assim toda angustia que me sufocava.

Era a primeira vez em anos que eu me senti vivo, que eu encontrei alguém que eu realmente quisesse estar, não era só sexo eu gostava de tê-la ao meu lado de a ouvir sorrindo, do seu toque, da forma como ela me trata.

Eu estava dependente emocionalmente da pessoa que eu sempre quis destruir.

— Renata? — Pergunto ouvindo pegadas na casa.

— Sou eu! — Ouço a voz de Júlio e sinto ele sentando ao meu lado no sofá.

— Madei você vir apenas amanhã. — Falo ríspido

— Você não manda em mim, pelo menos não depois do expediente de trabalho, após isso somos apenas amigos.— Ele fala puxando a bebida da minha mão.

— O que esta fazendo? — Pergunto

— Eu vim beber com você. — Ele fala e ouço ele enchendo o copo.— O que aconteceu? Ele pergunta

— Eu me apaixonei pela Anya. — Falo amargo.

— E isso não é bom, com todo respeito ela é muito gostosa. — Ele fala em tom divertido, ele nunca fala sério.

— Ela é a mãe da Mariah. — Falo sem rodeios.

— Caralh*, ela era a garota que estava com o Ícaro? Ele pergunta abismado.

— Exatamente, ela é a responsável pelo que aconteceu com meu irmão.— Falo

— Ícaro era um homem adulto, por outro lado, ela era só uma adolescente. — Ele fala e sorrir

— Eu não sei o que fazer.— Falo de cabeça baixa.

— Vai afastá-la da filha novamente? — Ele pergunta

— Não posso perde a Mariah, ela é minha vida. — Falo

— Isso não é justo nem com ela, nem com Anya. — Ele fala tentando me convencer.

— Vamos apenas beber. — Falo.

[...]

No dia seguinte acordo com o peso das pernas de Júlio sobre mim, e empurro para o lado.

— Senhor? — Ouço Renata falando

— Renata me faz um café bem forte. — Falo e ela sai para fazer voltando rápido com ele e colocando na mesa de centro.

— Obrigado. — Falo

— A  Anya não veio? — Ela pergunta

— Ela não vem mais, arrume as coisas dela que vou mandar entregar a ela la na sua cidade. — Falo

— Certo senhor. — Ela fala saindo da sala

Renata tinha essa qualidade ela nunca me questiona ou se dar palpites mesmo sendo uma funcionária antiga na minha casa.

— Papai! — Me assusto ouvindo a voz de maria seguida de um abraço. Ela só iria chegar amanha depois da escola.

— O que aconteceu por que voltaram?— Pergunto após ouvir o salto da minha mãe ecoando pela sala.

— Tive alguns imprevisto e precisei voltar. Levem ele para o quarto. — Ela fala aos seguranças dela e sinto eles levantarem Júlio que dormia no sofá ao meu lado.

Mariah sobe correndo as escadas gritando por Anya e minha cabeça volta a latejar.

— O que aconteceu? — Minha mãe pergunta vendo minha expressao preocupada.

— Papai, porque as coisas da Any estão arrumadas, onde ela está? — Ela pergunta e eu hesito antes de conseguir falar.

— Anya não vai mais voltar Mariah ela teve uns problemas. — Falo e escuto um grito da minha filha e não eram palavras eram apenas gritos.

— Mariah se acalme. — Minha mão fala tentando a controlar.

— É sua culpa, sua culpa papai. — Maria gritava

— Não fale assim com seu pai vá agora para o seu quarto. — Minha mãe fala zangada

— Eu não vou. — ela fala malcriada.

— Levem ela para o quarto e deixe ela trancada. — Minha mãe fala

— Não vai trancá-la. — Falo ríspido

 — É por isso que ela grita com você, está sempre fazendo as coisas que ela quer e mimando. — Vamos levem ela.

— Me solta! papai! papai!— Ela gritava

— Mão pare com isso. — Levanto tentado chegar até ela esbarrando nos móveis.

— Soltem ela agora! — vocifero, mas os seguranças da minha mãe só recebem ordens dela.

Ouço um barulho e maria grita, em seguida ouço o grito espantado da minha mãe.

— Mariah. — Ela grita e ouço o barulho do salto dela como quem corre pela sala.

— O que aconteceu? Eu grito sem obter a resposta.

— Chamem a ambulância. — O pedido desesperado da minha mãe me fez cair sentado no chão.

...continua.

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