CAPÍTULO SEIS

À noite, Ben chega tarde em casa, mas encontra Monica projetando as joias para disputar o contrato de sua coleção, e se surpreende com o desenho de um colar em que ela está trabalhando, quando chega sorrateiramente por trás dela.

 — Que tipo de pedra você pretende usar? - ele pergunta em tom suave, a fazendo se sobressaltar levemente. - Desculpe. Não quis assustá-la. - Ben fala acariciando sua nuca.

 — Está tudo bem, não foi exatamente um susto, eu só não estava esperando. - sua voz também é suave. - Eu estou pensando em mesclar pequenas pedras preciosas com espaços entre elas, deixando levemente colorido e atraente.

 — Vejo que são correntes trançadas… as três cores clássicas do ouro? - ele pergunta com desdém.

 — Não. Essa mistura já está mais do que desgastada. - Monica responde, despertando mais um pouco da curiosidade dele. - Ouro vermelho e ouro preto. Duas de vermelho, ou talvez vermelho, rosa e preto. Mas ainda estou tendenciosa a duas de vermelho.

 — Como será o anel? Três alianças uma por dentro da outra? - ele a desafia com outro design desgastado pelo uso excessivo.

 — Três arcos fixos em sua base em baixo, também com as duas ou três cores distintas. Como se fossem três, mas soldados um ao outro. As pequenas pedras coloridas cobrindo suas extensões que passam por cima do dedo.

Ele sorri largamente ao seu lado, tomando cuidado para que ela não veja.

 — Muito bem, Monica. Venha dormir. Já é de madrugada.

 — Mas…

 — Sem mas! - ele a interrompe e toma sua mão. - Você não dormiu a noite passada e eu tenho que aplicar os remédios em você novamente.

 — Não quer que eu aplique sozinha?

 — Eu disse que vou aplicar, querida. Não quero que você reclame que eu não cuido de você. Sabe que acho isso extremamente irritante, e eu não quero ficar me indispondo por causa de suas reclamações.

 — Também não quero que isso aconteça, Ben. - um sorriso toma conta de seus lábios, enquanto ela segura seu braço com a mão livre e encosta a cabeça perto de seu ombro, deixando-se ser guiada por ele até o quarto.

Ben aplica os remédios em Monica e a abraça confortavelmente, fazendo-a adormecer.

De manhã, entrando em seu escritório, Monica continua seu desenho, e começa a escolher as pedras preciosas que vão compor as joias, antes do almoço, mas deixa para decidir metade delas depois, quando os desenhos estiverem mais perto de ficarem prontos.

Quando volta do almoço, Dylan Brown, o CEO da empresa, a chama em sua sala. Coisa que jamais aconteceu antes. Pensando que a única razão para que ele a chame é um problema grave, ela respira fundo, se preparando para dar uma boa desculpa, e se surpreende ao ver Benedict sentado na poltrona em frente à mesa, tomando uma xícara de chá. Ela engole seco, esperando o pior.

 — Monica chegou e está dispensada, senhor Smith.

Ela olha de um para outro alarmada.

 — Pode me chamar apenas de Ben, Dylan. - ele sorri sem se importar com a reação dela. - Estamos tratando de negócios cordialmente, não precisamos dessas formalidades.

Ele deposita a xícara no pires em cima da mesa e se levanta.

 — Mas… - Monica olha de um para outro com lágrimas nos olhos. - o que foi que eu fiz?

 — Ah! - Dylan sorri para ela. - Desculpe pelo mal entendido, Mo. Ben irá levá-la para conhecer seus concorrentes em outras agências de designs de joias, para que você possa ver de perto os trabalhos que vão concorrer com o seu e assim, se for o caso, aperfeiçoar ainda mais o seu trabalho, ou se garantir de que está no caminho certo.

Ela fecha os olhos e respira profundamente, recuperando seu autocontrole.

 — Podemos ir… Mo? - Ben estreita os olhos levemente para ela.

 — Claro, senhor Smith. - ela fala baixinho, percebendo em seu olhar, que não gostou do tratamento de seu chefe.

 — Ben… ou Benedict. - ele a corrige.

 — Desculpe, Ben. - ela sorri levemente. - Podemos ir.

 — Está confortável, Mo? - dentro do carro, Ben enfatiza o apelido exageradamente.

 — As garotas começaram a me chamar assim, então os rapazes também começaram, não achei que deveria corrigi-los, desculpe! - ela fala rápido, mais uma vez se sentindo aflita.

 — Não. - ele suspira. - Está tudo bem. Nem chega a ser um apelido, é só a forma compactada do seu nome. Assim como todos me chamam de Ben. Eu não devia ter dado tanta importância. Posso começar a te chamar assim também?

 — Ou pode me dar um apelido, para se destacar de todos. - ela o olha esperançosa.

 — Depois eu penso nisso. Por ora, Mo está bom. Não quero que achem que estamos com uma amizade além da que deve ser em público.

 — Pode me chamar quando estivermos só nós dois… - Monica continua a ter esperanças.

 — Eu disse que depois eu penso nisso. Agora lembre-se: haverá uma enxurrada de repórteres quando formos sair do carro. Não abra a boca, nem que te façam perguntas. Você é uma representante de uma das agências de design de joias competindo pelo meu contrato, entendeu?

 — Entendi, Ben. Eu não sou uma das suas beldades, estamos tratando apenas de negócios. Não devo e não vou abrir minha boca. Nem para dizer meu nome.

 — Exatamente! - ele sorri.

Como ele disse, muitos repórteres os abordam quando eles saem do carro. Monica praticamente se esconde atrás dele, tentando não aparecer nas filmagens e fotos.

 — É sua nova namorada, Ben? - um repórter pergunta.

 — O que aconteceu com a estrela de cinema? - outro pergunta sem esperar a resposta da pergunta do colega.

 — Resolveu sair com mulheres anônimas agora? - mais um emenda.

Vários outros repórteres fazem perguntas ao mesmo tempo e Ben levanta as suas mãos, fazendo com que todos se calem e apontem os microfones para ele.

 — Essa é a senhorita Monica Johnson. - Ben responde colocando sua mão nas costas dela, posicionando-a ao seu lado. - Ela é uma design de joias de uma das agências que concorrem para assinar minha próxima coleção, a Brown Design. Ela está aqui para conhecer o trabalho de uma das agências concorrentes. E vou levá-la para conhecer mais algumas por alguns dias. É só isso, pessoal. Obrigado.

Ignorando outras perguntas, Ben guia Mo para dentro da agência, com a mão ainda no meio de suas costas. Nem muito acima, nem muito abaixo, apenas como se fossem amigos ou colegas, mas Monica já se sente um pouco mais satisfeita, por ter sido vista ao seu lado.

Dentro da agência, o CEO tenta recusar mostrar seus trabalhos a ela, mas Ben insiste, ameaçando tirá-los da disputa, então alguns desenhos são passados para as mãos de Monica.

 — Os atuais, Sam. - Ben os retira das mãos dela e joga em cima da mesa. - Esses são do ano passado.

A contragosto, os novos desenhos são passados para ela, que os examina com atenção. Ela os julga muito bons mentalmente, mas sabe que seus desenhos são melhores. Porém, também sabe que se quiser, Ben escolherá qualquer outro para não dar o braço a torcer sobre a qualidade de seus.

 — Então? - Ben a analisa. - O que acha?

 — São realmente muito bons e cem por cento diferentes dos meus. - ela responde ainda analisando os desenhos e, na verdade, querendo dizer que os designs estão um pouco defasados, mas não revela essa conclusão.

 — Posso deixá-los no páreo?

 — Claro que sim, são muito bons. - ela os devolve para Sam, com um sorriso, que ele retribui.

O celular de Ben toca e ele atende sua estrela de cinema, que começa a reclamar de tê-lo visto com outra mulher.

 — Se acalma, Layla. - sua voz carinhosa faz Monica abaixar a cabeça e respirar fundo e devagar. - Se você assistiu você sabe quem ela é. - ele faz uma pausa, continuando a ouvir as lamentações da amante. - Estarei com você em breve, está bem? Ela não ficará comigo hoje, Layla. É só trabalho, já estou saindo da agência, querida. - ele se despede, prometendo mais uma vez que logo estará com ela.

Do lado de fora da agência, Ben para um táxi, embarca Monica e dá o endereço da casa deles. Pega uma nota razoável na carteira e entrega a ela. Depois entra em seu carro e pede para o motorista levá-lo para a casa de Layla.

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