O cheiro de fumaça ainda pairava no ar. As chamas dançavam no escuro da noite, iluminando as ruínas da antiga residência Kusanagi.
Kyo estava de joelhos diante dos corpos de seus pais, o rosto coberto de fuligem e lágrimas. Seu punho cerrado tremia, e uma chama instável irrompia entre seus dedos, refletindo a fúria que queimava dentro dele.
— Eu juro… — sua voz saiu rouca, rasgada pela dor. — Eu vou encontrar quem fez isso. E vou queimá-los até as cinzas.
As paredes desmoronavam atrás dele, mas Kyo não se moveu. Apenas encarou o fogo, absorvendo sua fúria como se cada labareda fosse parte de sua alma. Foi então que sentiu. Uma presença. Escura, sufocante.
Do alto das ruínas, uma silhueta se revelou. Os olhos vermelhos como sangue refletiam a luz do incêndio.
— Iori… — Kyo sussurrou, erguendo-se devagar.
Iori Yagami caminhou lentamente até a beira dos destroços, com aquele sorriso sombrio estampado no rosto. A energia roxa e caótica que o cercava pulsava como um coração descompassado.
— Vejo que o destino foi cruel com você, Kyo. — a voz de Iori ecoou fria, quase divertida. — Será que sobrou algo além da sua chama?
Kyo sentiu o calor se intensificar em torno de si. O fogo respondia à sua raiva, e ele não tentou controlá-lo.
— Foi você? — Kyo gritou, a chama envolvendo todo o seu corpo. — Foram suas mãos que mataram meus pais?!
Iori inclinou a cabeça, o sorriso desaparecendo. A energia púrpura explodiu em volta dele como um rugido.
— E se tivesse sido? — respondeu em tom enigmático. — O que você faria, Kyo Kusanagi? Você não é nada acha que é grande o suficiente para me desafiar?
Kyo não precisou pensar. Avançou com um grito, punho cerrados e os olhos em chamas, lançando-se contra o rival. A noite foi rasgada pelo choque de duas forças sobrenatural: o fogo ardente da linhagem Kusanagi contra a energia sombria e venenosa dos Yagami.
O chão estremeceu. As árvores ao redor tombaram com a onda de poder. Era mais que uma luta. Era o início de uma vingança.kyo nunca pensou em segui os passos dos pais ele não queria ser lutador seu jeito calmo e meigo uma personalidade diferente do resto da família mas ao ver todos mortos uma fúria crescente nasceu.
O punho de Kyo avançou em linha reta, coberto pelas chamas da linhagem Kusanagi.
Iori ergueu o braço, e uma aura púrpura serpenteou como um relâmpago, bloqueando o ataque. O impacto foi tão intenso que o ar ao redor explodiu em uma onda de calor e energia, espalhando destroços pelas ruínas.
— Você nunca vai me vencer age por impulso, Kyo… — zombou Iori, seus olhos brilhando com loucura. — Nunca vai aprender controlar o fogo que carrega você é um fraco.
Kyo recuou, respirando fundo, a raiva pulsando em cada fibra de seu corpo.
— Cale a boca! Você vai pagar pelo que fez,
— você tem certeza que fui eu quem matou os seus pais?
—Se não foi você então quem foi? Você sabe quem fez isso?—perguntou ele
Iori riu baixo, uma risada que parecia escorrer veneno.
— Talvez eu saiba. Talvez eu não queira dizer.
Kyo não esperou resposta. Avançou novamente, desferindo uma sequência rápida de golpes envoltos em chamas.
Iori desviava e contra-atacava, cada movimento acompanhado pela energia púrpura que deformava o ar. As pedras do chão se fragmentavam sob a força dos golpes.
Por um instante, a luta pareceu equilibrada, mas logo o poder sombrio de Iori começou a pressionar. Ele agarrou o braço de Kyo e o lançou contra uma parede em chamas, o impacto reverberando pelo campo em ruínas.
— Olhe para você — disse Iori, aproximando-se lentamente. — Cego pela dor. Preso à vingança. Vai se destruir antes de encontrar qualquer verdade.
Kyo se ergueu, cuspindo sangue. A chama em sua mão tremulava instável, mas seus olhos ardiam com fúria.
— Melhor me destruir tentando do que viver sem justiça.
Antes que o embate pudesse continuar, uma força súbita interrompeu ambos.
Um círculo de energia mística se ergueu ao redor deles, brilhando em azul e dourado, separando os dois rivais.
Uma figura feminina surgiu entre as chamas dissipadas.
Era Chizuru Kagura.
— Chega! — sua voz ecoou com firmeza, e os símbolos do selo sagrado tremularam em volta. — A morte dos pais de Kyo não é obra de Iori. Vocês estão desperdiçando forças quando o verdadeiro inimigo já está em movimento.
Kyo arregalou os olhos.
— Então… quem foi?!
Chizuru fechou os olhos por um instante, como se sentisse o peso do que estava prestes a revelar.
— Um seguidor de Orochi. Um assassino enviado para enfraquecer os guardiões do selo. A linhagem Kusanagi foi alvejada primeiro… e, se não agirmos rápido, outras cairão também.
O silêncio pesou no ar.
Kyo cerrou os punhos, o coração queimando ainda mais.
— Então me leve até ele. Quero olhar nos olhos do desgraçado antes de queimá-lo.
Iori, que até então sorria de forma sombria, perdeu o ar de deboche. Seu olhar fixo em Chizuru denunciava algo raro: interesse genuíno.
— Se é obra de Orochi… então essa luta ainda não acabou.
O vento soprou entre as ruínas, carregando cinzas e brasas.
O caminho de Kyo estava traçado: sua vingança o levaria direto ao coração da escuridão.
A viagem até o local indicado por Chizuru foi silenciosa, mas carregada de tensão.
Kyo caminhava à frente, o olhar fixo, o fogo em seus punhos queimando como se tivesse vida própria. Iori seguia logo atrás, com sua aura púrpura oscilando em ondas violentas, e Chizuru fechava a formação, seus selos preparados.
As ruínas de um antigo templo surgiram diante deles, envoltas por trepadeiras retorcidas. O ar estava pesado, impregnado de energia maligna.
Quando Kyo pisou no primeiro degrau, uma gargalhada ecoou entre as sombras.
Das trevas, um homem emergiu. Suas vestes eram negras, adornadas com símbolos de serpentes, e seus olhos brilhavam em dourado. A energia que emanava dele era densa, quase sufocante.
— Então, o herdeiro da chama veio até mim… — disse a voz áspera, carregada de desprezo. — Os gritos dos seus pais ainda ecoam nos meus ouvidos. Eles arderam lindamente. O que vai fazer herdeiro das chamas vai tentar me destruir com a Paz? Você é fraco eu sou invencível.
Kyo sentiu o mundo girar. O sangue ferveu.
— Desgraçado! — rugiu, avançando com o punho em chamas.
O choque foi brutal. O seguidor de Orochi ergueu a mão e conjurou serpentes de energia que envolveram o corpo de Kyo, tentando esmagá-lo.
Mas Kyo explodiu em fogo, rompendo as serpentes e lançando uma rajada incandescente que iluminou todo o templo.
— Você carrega poder… mas também carrega medo — zombou o inimigo, disparando esferas negras que explodiam como trovões.
Kyo desviava como podia, mas cada impacto arrancava fragmentos do templo. Quando parecia que cairia, ouviu a voz de Chizuru atrás dele:
— Kyo! Controle a chama! Ela não é apenas sua fúria. Ela é sua herança! Você não é um fraco é mais poderoso do que pensa e só você poderá derrota-lo
O assassino avançou para o golpe final, mas Iori surgiu em seu caminho, o corpo tomado pela energia roxa, as garras prontas.
— Se alguém vai matar o Kusanagi, esse alguém sou eu. — E atacou o seguidor com um rugido ensandecido.
O choque entre as duas forças abriu uma brecha. Kyo respirou fundo, fechou os olhos e lembrou dos pais: o sorriso do pai, o olhar sereno da mãe. Não podia falhar. Não podia deixar que o ódio o consumisse ele concentrou todas as suas energias.
Quando abriu os olhos, as chamas ao seu redor estavam diferentes: mais puras, mais brilhantes, quase douradas.
Ele avançou com toda a velocidade, atravessando o campo de energia do inimigo.
— Kusanagi no Ken!!! — bradou, liberando uma onda de fogo colossal.
O golpe atingiu em cheio o assassino, que gritou em agonia enquanto seu corpo era consumido pelas chamas sagradas. A energia de Orochi nele se dissipou em um clarão violento, reduzindo-o a cinzas.
O templo ficou em silêncio. Apenas o som da respiração ofegante de Kyo ecoava.
Ele caiu de joelhos, os punhos ainda queimando, mas agora em chamas suaves, quase serenas.
Iori limpou o sangue dos lábios, rindo baixo.
— Conseguiu moleque. Mas não se iluda… sua chama um dia vai te consumir.
Chizuru se aproximou e colocou a mão no ombro de Kyo.
— Você vingou seus pais. Mas lembre-se: vingança nunca é o fim. É apenas o começo de um fardo maior.
Kyo olhou para as cinzas que restaram do assassino. Sua respiração se estabilizou, mas a dor em seu peito permanecia.
Ele se ergueu devagar, o fogo ainda tremulando em seus olhos.
— Não importa quanto tempo leve. Enquanto eu respirar, vou proteger os que amo e não vou permitir que esses monstros destruam mais nenhuma família… eu vou esmagar qualquer sombra de Orochi que ousar despertar.
O vento soprou, levando as cinzas para longe.
E assim, nas chamas da vingança, nascia uma nova promessa.A promessa de não desisti a promessa de lutar contra o inimigo e proteger os desvalidos