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> Eu gostava dele.
E talvez o erro tenha sido esse.
Gostar… com vergonha.
Gostar… do jeito errado.
Gostar de alguém que nunca quis ver quem eu era.
Eu era a menina quieta.
Aquela que sentava na frente, no cantinho. Segunda fileira. Primeira cadeira.
A que só falava quando precisava.
A que ouvia risadas baixas e achava que eram sobre ela.
Eu sempre achei que existia algo de estranho em mim…
Só não sabia que isso viraria meu nome.
“A estranha.”
Mas não a estranha interessante.
A estranha obsessiva. A esquisita.
A menina que mandou “oi” e virou piada por tentar sentir alguma coisa.
Lembro até hoje.
Era sábado.
Eu mandei uma mensagem pra ele com a voz tremendo só de digitar:
– Oi.
Ele respondeu:
– Quem é?
E eu:
– A menina mais tímida da sala.
Disse que tava com vergonha.
Ele respondeu:
– Quem disse que isso é problema meu?
Segunda-feira, virou piada.
Riram. Apontaram. Me chamaram de assanhada.
Toda vez que desenhavam algo feio no quadro, diziam que era eu.
Mas sabe o que ninguém sabia?
É que mesmo depois disso, eu continuei gostando dele.
Mesmo depois de ele dizer que “achou alguém melhor”.
Eu ainda sorria quando via ele sorrir pra outra.
Ainda pensava que, se eu fosse diferente, talvez ele gostasse de mim também.
E então mandei um texto.
Um texto enorme.
Cheio de tudo que eu nunca soube dizer pessoalmente.
Pedi pra ele não ficar com outra.
Falei que gostava dele desde sempre.
Me despi, emocionalmente.
E na segunda-feira…
Ele contou pra todos.
Disse que ia me levar pro UPA pra me estuprar.
Me chamou de feia.
Disse que ninguém me queria.
E riram.
As meninas também.
Até as que nunca falaram comigo.
Eu não era mais uma pessoa.
Eu era um alvo.
Fiquei tentando entender onde foi que eu me perdi.
Talvez tenha sido quando comecei a sentir tudo com muita força…
Quando eu acreditava que ser gentil ia me tornar especial.
Quando achei que alguém fosse enxergar meu coração antes do meu rosto.
Quando eu ainda achava que dava pra ser amada mesmo sendo diferente.
Mas aí comecei a me achar feia. Burra. Esquisita.
Comecei a acreditar que todo mundo estava rindo de mim o tempo todo.
Comecei a sair na rua como se o mundo estivesse me observando.
Parei de ir pra escola.
E quando perguntavam por que eu desisti…
Eu só pensava:
Quem é que aguenta viver onde tudo dói e ninguém acredita que dói?
Teve dia que me achei especial.
Teve dia que me achei patética.
Mas todo dia…
Eu me sentia sozinha demais pra ser ouvida
E frágil demais pra lutar.
> Se você já se calou com medo de virar piada…
Se já foi machucada por simplesmente sentir…
comenta com um “eu já” ou conta sua história.
Talvez a gente não esteja tão sozinha quanto parece. 💭🖤