Sob a Luz do Outono — Um Amor Coreano
Por Hemily Tainara
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Capítulo 1: Linhas do Destino
O som ritmado da máquina de costura preenchia o pequeno ateliê de Hemily no centro de Recife. Ela, com seus 22 anos, costurava com a precisão de quem sonhava acordada, os dedos ágeis deslizando pelo tecido floral que logo se transformaria em um vestido delicado. Simples, educada e determinada, Hemily carregava no coração o sonho de conhecer o mundo além dos limites de sua cidade.
Foi durante uma tarde comum, quando a cliente Dona Neide entrou segurando um folheto amarelado pelo tempo.
— Menina, olha só isso aqui — disse, com um sorriso. — Um intercâmbio cultural para a Coreia do Sul, dá uma olhada!
Hemily pegou o papel e, à luz do sol que entrava pela janela, leu as letras douradas: “Seul — 6 meses de imersão cultural com apoio para jovens profissionais”. Um frio percorreu sua espinha. Será que aquela chance era para ela?
Sem pensar duas vezes, guardou o folheto e, durante meses, trabalhou mais que nunca para juntar dinheiro. Até que, finalmente, embarcou para a terra dos dramas e da delicadeza que tanto amava assistir.
Ao chegar em Seul, o ar frio de outono a acolheu. Ela descobriu um mundo novo, entre tradições e modernidade, prometendo dias que jamais esqueceria.
Passeando pelo Palácio Gyeongbokgung, suas mãos tremiam segurando a câmera. De repente, tropeçou numa raiz e caiu contra alguém.
— Ah! Mianhae! — ouviu uma voz masculina.
Olhou para cima e encontrou olhos escuros que pareciam esconder uma tempestade.
Ele sorriu suavemente, e Hemily soube que aquele encontro não era por acaso.
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Capítulo 2: Café das Surpresas
Hongdae vibrava com a energia da juventude. Hemily entrou no “Aurora”, pequena cafeteria decorada com luzes amareladas e folhas secas. Precisava de um momento para respirar e pensar.
Enquanto rabiscava esboços no caderno, a porta se abriu e ele entrou — Jihoon, o pianista de olhos profundos. Algo em seu olhar estava diferente, carregado de tensão.
Ele pediu um café, hesitou e finalmente sentou ao lado dela. Conversaram sobre sonhos e desafios. Jihoon revelou a pressão da família para abandonar a música e seguir os negócios, um futuro que ele temia.
De repente, a campainha soou outra vez e um homem de sobretudo escuro entrou, mirando Jihoon com frieza. Um clima pesado tomou o ar. Jihoon se levantou rapidamente, desculpando-se, e saiu apressado.
Hemily ficou ali, seu coração apertado, sabendo que havia muito mais naquela história.
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Capítulo 3: Segredos à Meia-Noite
Hemily tentava entender o que vira naquela cafeteria. Dias depois, Jihoon a convidou para um passeio noturno no Bukchon Hanok Village, onde as casas tradicionais se misturavam às estrelas.
Entre ruas de pedra e lanternas, ele abriu seu coração, falando dos conflitos familiares e do casamento arranjado que tentavam impor a ele.
— Eu não quero essa vida, Hemily. Quero algo real, algo nosso. — Ele segurou sua mão, firme e sincero.
Porém, a pressão aumentava. Cartas, telefonemas e visitas inesperadas ameaçavam separá-los. Um dilema cruel: fugir juntos ou desistir para proteger quem amavam?
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Capítulo 4: Convite para o Concerto
Jihoon convidou Hemily para seu concerto. No teatro, ele era outra pessoa — o piano contava sua alma. Ela viu nele a paixão e a dor de quem luta para ser livre.
Mas durante a apresentação, um homem da família entrou, sussurrando algo urgente a Jihoon, que parou no meio da música, criando um silêncio cortante.
No camarim, eles discutiram sobre o futuro: uma oferta de casamento arranjado ou perder tudo. Jihoon prometeu que tentaria lutar, mas Hemily sentiu o peso da escolha entre amor e dever.
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Capítulo 5: Confissões à Luz da Lua
Sob a lua cheia, em um parque silencioso, Jihoon revelou sua alma.
— Você é a única que me faz querer acreditar que existe um futuro diferente, Hemily. Mas a família não vai desistir fácil.
Ela, com lágrimas, decidiu lutar ao lado dele, mesmo que isso significasse enfrentar o mundo inteiro.
O amor deles era forte, mas a tempestade estava longe de passar.
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Capítulo 6 (Final): Entre o Dever e o Coração
O último dia antes da partida de Hemily para o Brasil chegou. A distância era uma ameaça, mas também uma esperança.
No jardim do palácio onde se conheceram, sob folhas douradas e vento frio, prometeram esperar um pelo outro.
— Vou lutar para que um dia possamos estar juntos, sem medo — disse Jihoon.
Ela sorriu, segura e decidida.
O amor deles era uma costura delicada entre o dever e o coração, pronta para resistir ao tempo e à distância.
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✨ Fim.