A Fatal História de um Corajoso
"Alguns nascem para sobreviver. Outros, para mudar o mundo – mesmo que isso os destrua."
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Prólogo – O Começo do Fim
Muito antes do tempo que conhecemos, quando os reinos eram jovens e a magia ainda corria selvagem pelos rios e pelas montanhas, nasceu um menino na vila de Estrelamar. Seu nome era Kael, filho de uma camponesa e de um guerreiro desconhecido. Desde pequeno, Kael sonhava com batalhas que nunca aconteceram, com lugares que nunca visitou. Seu coração batia como se já tivesse conhecido o fim do mundo.
Os anciãos diziam que ele tinha "a alma marcada". O que ninguém sabia era quem o marcara... e por quê.
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Capítulo I – A Chama no Campo de Cinzas
Kael cresceu entre os campos de trigo e as histórias dos velhos. Mas tudo mudou no dia em que o céu ficou preto como carvão, e uma criatura feita de fumaça e ferro desceu das nuvens, destruindo a vila inteira. Ele sobreviveu sozinho, aos quatorze anos, com uma espada quebrada e o coração em chamas.
Na beira da morte, foi encontrado por Lira, uma ex-guerreira dos Sentinelas Dourados. Ela viu nos olhos dele algo que não via há décadas: o olhar de quem já havia perdido tudo, mas ainda queria lutar.
“Você tem o fogo,” ela disse. “Mas não sabe ainda o que queimar.”
Kael passou anos sob seu treinamento, aprendendo a sobreviver, a lutar, a resistir. Mas ele carregava mais do que raiva: carregava um chamado.
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Capítulo II – O Chamado do Véu
Um dia, Kael acordou com marcas brilhando em seus braços: símbolos antigos, escritos em uma língua esquecida. Lira reconheceu imediatamente — eram selos do Véu, a barreira mágica entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.
Kael era um Guardião do Véu – último de sua linhagem. E o Véu... estava se rasgando.
Criaturas de além-vida começaram a cruzar para o mundo físico. Reinos caíam. Cidades eram engolidas por névoas que gritavam. E todos culpavam um único nome: Kael, o marcados pela sombra.
Caçado por homens e monstros, Kael foge para o sul, onde os Oráculos do Abismo lhe revelam a verdade: ele é a chave e a porta. Pode fechar o Véu para sempre... mas ao custo de sua própria alma.
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Capítulo III – A Ascensão do Herói Indesejado
Kael une aliados improváveis: Thorne, um guerreiro renegado; Veyra, uma feiticeira cega capaz de ver o futuro; e Ero, um assassino que só acredita em morte. Juntos, enfrentam feras noturnas, deuses esquecidos e traições que quebrariam qualquer homem.
Ao longo da jornada, Kael se torna símbolo de esperança para muitos... mas dentro dele, a escuridão cresce. As vozes do Véu começam a sussurrar, oferecendo poder, vida eterna, vingança. A cada batalha, ele se torna menos homem e mais... algo além.
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Capítulo IV – O Preço da Escolha
No cume da Montanha Vazia, onde o Véu se abre como uma ferida no céu, Kael enfrenta a decisão final. Centenas morreram por ele chegar ali. Ele pode usar sua vida para selar o Véu e salvar o mundo — mas isso o condenaria ao esquecimento, ao vazio, ao silêncio eterno.
Veyra tenta impedi-lo. Thorne oferece-se no lugar dele. Ero chora em silêncio, como nunca antes.
Mas Kael apenas sorri. “Fui marcado pelo fim desde o começo. Agora, entendo por quê.”
E com um último suspiro, mergulha na fenda do Véu, selando-a com sua alma, apagando sua existência... para sempre.
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Epílogo – O Legado do Silêncio
Ninguém se lembra de Kael. É como se nunca tivesse existido. Mas em cada história contada ao redor das fogueiras, em cada guerreiro que levanta sua espada para proteger os inocentes, há uma centelha de sua coragem.
Na antiga Estrelamar, agora reconstruída, há uma estátua sem nome. Dizem que foi esculpida por mãos que não sabiam por que faziam aquilo. Mas os olhos da estátua... choram em silêncio quando a lua está cheia.
E nas noites mais silenciosas, se prestar atenção, pode-se ouvir uma voz que sussurra ao vento:
“Ser corajoso... é escolher morrer pelo que se ama.”