🩸 CAPÍTULO 1 – O ÚLTIMO DA PILHA
"Se você não pode ser um herói… talvez sirva pra limpar os que morreram tentando."
O cheiro de sangue seco já não incomodava Kael.
Depois de dois anos trabalhando como "reciclador de portais", a náusea virou rotina. O uniforme cinza, a máscara com filtros duplos e a maleta de identificação de cadáveres faziam parte da sua armadura invisível — não para lutar, mas para sobreviver na borda da guerra dos outros.
Enquanto os caçadores de rank alto exibiam suas habilidades nas manchetes, Kael entrava pelos fundos, depois da carnificina.
Naquele dia, o Portal 139-A estava silencioso.
Silencioso demais.
Ele atravessou a fissura dimensional carregando apenas sua lanterna UV e o velho drone de escaneamento. As paredes pareciam pulsar levemente, como se estivessem respirando. Era uma masmorra de grau F — segura, segundo os relatórios.
Mas algo estava errado.
— [DROIDE: Nenhum sinal de calor. Zero vida detectada.]
Kael parou.
Três cadáveres de caçadores estavam no chão. Marcas de garras… mas nenhum sinal do monstro. Ele ligou o drone para identificar os corpos e recolher os dados. Foi então que viu.
A pedra.
Uma rocha preta, do tamanho de uma cabeça humana, estava entre os escombros.
Não fazia parte da arquitetura da masmorra. Ela parecia… colocada ali. Como se alguém a tivesse deixado para ele encontrar.
Kael se aproximou. A lanterna piscou.
E então, uma voz ecoou dentro da sua cabeça.
> — Você me escuta, Kael Draven?
Ele recuou, tropeçando.
> — Você não tem Essência. Mas tem algo mais raro: sobrevivência.
Escolha: toque a pedra… ou morra como todos os outros esquecidos.
O chão tremeu.
Atrás dele, uma sombra gigantesca surgia — um monstro que não deveria estar numa masmorra de grau F.
Kael não pensou.
Ele tocou a pedra.
E tudo ficou branco.
> [SISTEMA OCULTO ATIVADO]
> Bem-vindo, Arquiteto da Ruína.
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FIM DO CAPÍTULO