Em uma pequena cidade esquecida pelo tempo, vivia um homem chamado Antônio. Sua vida estava marcada pela monotonia e pelo vazio. Ninguém o conhecia realmente, e ele gostava assim, perdido entre as sombras da rotina diária.
Antônio passava os dias trabalhando como contador em um escritório antigo. Sua vida parecia um ciclo sem fim, onde as horas se arrastavam como se cada momento fosse uma eternidade. Não tinha amigos, nem família para se apegar. Era como se sua existência estivesse em suspensão, sem propósito ou significado.
Um dia, ao voltar para casa após mais um longo dia de trabalho, Antônio percebeu algo estranho. A porta de seu apartamento estava entreaberta, algo incomum, já que ele sempre a trancava. Ao entrar, o cheiro de mofo e o silêncio ensurdecedor o acolheram, mas havia algo mais... um bilhete em cima da mesa.
Com as mãos trêmulas, ele leu: "Você sempre foi um fantasma, Antônio. Agora, é tarde demais."
No momento em que leu aquelas palavras, uma sensação gelada tomou conta de seu corpo. Como se a vida tivesse se esvaído dele sem que ele tivesse notado. No espelho, refletido atrás de si, não viu seu próprio rosto, mas um vulto pálido e vazio. Sentiu-se, de repente, uma sombra de si mesmo, uma vida sem vida.
Antônio se deu conta de que a sua vida já estava morta há muito tempo, mas ele só não tinha percebido. Agora, era tarde demais para mudar.