Patrick estava sozinho em casa desde o misterioso desaparecimento de sua mãe. Daquela fatídica noite, ele se lembrava apenas de ter visto um clarão no céu e em seguida a mãe o escondeu no porão, dizendo-lhe:
_ Aconteça o que acontecer, não saia daqui até eu voltar.
Depois disso, passaram-se horas e a mãe de Patrick não voltou. Durante um dia e uma noite o garoto ficou no porão esperando que ela voltasse. Finalmente, resolveu sair do porão e procurou pela mãe por toda a casa, mas não a encontrou. Ela havia desaparecido. Desde então, já se haviam passado semanas e Patrick não tivera nenhuma notícia da mãe. Em seus oito anos de vida, aquela era a primeira vez que ficava sozinho. Todos os dias esperava aflito que a mãe voltasse para casa ou desse notícias. Mas os dias se passavam, as semanas se passavam, sem nenhuma notícia dela. Sozinho e assustado, o garoto passava as noites chorando de medo.
Até que uma noite, deitado em sua cama, Patrick ouviu passos subindo as escadas. A princípio, teve esperanças de que fosse sua mãe que havia voltado para casa. Chamou pela mãe, mas não obteve resposta. Ouviu os passos no corredor, seguido pelo ruído de portas se abrindo. Apavorado, Patrick encolheu-se de medo na cama. Foi então que a porta do seu quarto se abriu lentamente e o aterrorizado Patrick viu entrar o vulto de uma mulher. Mas não era sua mãe. Era uma estranha mulher vestida de branco. O garoto fechou os olhos e escondeu-se embaixo das cobertas, cobrindo a cabeça. Assim permaneceu durante algum tempo, murmurando todas as orações que sabia. Até que ouviu a porta do quarto se fechando, e quando teve coragem de descobrir a cabeça e abrir os olhos, a mulher havia desaparecido. O menino passou toda a madrugada encolhido, tremendo e chorando de medo.
Nas noites seguintes, a aparição voltou a assombrá-lo. Todas as noites, aquela sinistra mulher de branco aparecia para ele, sempre depois da meia-noite. Patrick ouvia as portas se abrirem, em seguida ouvia seus passos subindo as escadas e caminhando pelo corredor, até chegar ao seu quarto, e então via a porta do seu quarto se abrir e entrar a mulher de branco. Ela não dizia nada, apenas ficava parada em frente à cama do garoto, somente o observando. Depois de algum tempo, ela saía e ia embora. Patrick tentava gritar, mas sua voz não saía, todo o seu corpo tremia de pavor. Isso se repetia todas as noites. Com o passar do tempo, Patrick passou a vê-la não apenas à noite mas também durante o dia.
Até que, finalmente, a mulher de branco tentou se comunicar com Patrick. Naquela noite, a mulher entrou no quarto do garoto, se aproximou da cama e o observou por alguns minutos, e então, antes de sair ela deixou no chão um pedaço de papel, ao lado da cama, ao alcance da mão do menino. Depois disso ela foi embora, então Patrick esticou a mão e pegou o papel, e à luz do abajur, leu o que nele estava escrito: “VOCÊ PRECISA IR EMBORA. NÃO PODE MAIS FICAR AQUI.”
Patrick não podia ir embora, porque não tinha para onde ir e além disso, precisava ficar em casa à espera da mãe, caso ela voltasse. Com muito medo, encolheu-se de novo na cama e começou a chorar, desesperado:
_ Eu quero a minha mãe!
Então, nesse momento a porta do quarto se abriu novamente, mas desta vez a mulher de branco não entrou. Então Patrick se levantou da cama, caminhou bem devagar em direção à porta e saiu do quarto. Viu então a mulher de branco, parada no fim do corredor, olhando fixamente para ele. Patrick sentiu um arrepio, teve vontade de voltar correndo para sua cama, mas então a mulher pela primeira vez falou com ele:
_ Não tenha medo. Eu não vou te fazer mal.
Patrick olhou para ela, relutante. Ela estendeu-lhe a mão e disse:
_ Você precisa de ajuda? Eu posso te ajudar. Venha comigo.
Depois disso, a mulher desceu as escadas em direção à sala. Patrick então a seguiu, na esperança de que aquela mulher talvez pudesse ajudá-lo a encontrar sua mãe. Quando Patrick olhou para baixo, a mulher havia desaparecido. Então o garoto desceu as escadas rapidamente e viu novamente a mulher de branco, sentada à mesa da sala de jantar e olhando para ele. Ela então pediu ao garoto que se sentasse à mesa, pois tinha algumas perguntas para lhe fazer. Patrick se aproximou da mulher e sentou-se de frente para ela. Então ela lhe perguntou:
_ Qual é o seu nome?
_ Patrick Smith_ respondeu o garoto, ainda trêmulo.
_ Precisa de ajuda,Patrick? O que você quer?
_ Eu quero a minha mãe_ disse ele, quase chorando.
_ Sua mãe não está aqui?
_ Não. Ela desapareceu. Eu não sei onde ela está.
Então a mulher perguntou a Patrick como se dera o desaparecimento de sua mãe e quando ele a tinha visto pela última vez. O menino então contou como tudo acontecera na noite em que a mãe o escondeu no porão.
_ Por que sua mãe escondeu você no porão? De quem ela queria te esconder?
_ Dos homens maus_ respondeu o garoto.
_ Quem são esses “homens maus”?
_ Os alemães. Meu pai e meu irmão estão na guerra lutando contra eles.
Nesse momento a mulher fez uma pausa e ficou em silêncio por um instante. Finalmente, disse:
_ Patrick, você precisa ir embora desta casa.
_ Não posso! Não posso sair daqui. Tenho que estar aqui quando minha mãe voltar.
_ Sua mãe não vai voltar.
_ Como você sabe? Você sabe onde minha mãe está?_ele perguntou aflito.
A mulher ficou novamente em silêncio. O garoto começou a se desesperar e gritou:
_ Por favor, me diga onde está minha mãe!
_ Acalme-se,Patrick. Eu preciso que você fique calmo.
_ Então me diga logo onde está minha mãe!
A mulher fez mais uma pausa antes de dizer:
_ Ela está morta, Patrick.
Ao ouvir isso, Patrick se descontrolou.
_ Mentira! Isso é mentira! É mentira!_ gritou o menino, chorando, desesperado.
_ Acalme-se, por favor. Eu e estas pessoas estamos aqui para te ajudar, mas se você não se acalmar, não conseguiremos ajudar você.
Patrick ficou confuso, pois não via ninguém mais ali além daquela mulher.
_ Que pessoas? Não tem mais ninguém aqui, sua mentirosa!!
O medo de Patrick se transformara em raiva. Quis se levantar da mesa, mas a mulher pacientemente lhe pediu que ficasse.
_Espere,Patrick. Eu vou te contar toda a verdade. Mas você precisa ter calma para entender.
Nesse momento, o garoto se acalmou um pouco. Então a mulher lhe disse algo muito perturbador:
_ Meu nome é Elise. Eu sou uma médium e nós estamos em 2019. Patrick Smith, você morreu em 9 de setembro de 1940.
Patrick não estava entendendo nada. A mulher continuou:
_ Eu conheço a história da sua família. Seu pai e seu irmão morreram na guerra. Você e sua mãe morreram quando sua casa foi atingida por um bombardeio aéreo. Sua mãe fez a passagem para o plano espiritual, mas você continuou preso aqui. Você pensa que ainda está vivo e é por isso que você não consegue encontrar sua mãe. Já se passaram 79 anos, a casa foi reconstruída e hoje há pessoas morando aqui, e essas pessoas estão apavoradas pois elas ouvem você chorar todas as noites e também têm visto o seu espírito vagando pela casa. Você está assustando esta família,Patrick. Você precisa ir embora, precisa fazer sua passagem para o plano espiritual e eu estou aqui para te ajudar. Venha comigo,Patrick. Se você vier comigo, eu posso te levar até a sua família e você ficará em paz.
Patrick, porém, não acreditou em nada do que aquela mulher dizia. Com muita raiva, gritou:
_ Você é louca! Tudo isso é mentira! Esta é a minha casa e eu não vou sair daqui! Quem tem que sair daqui é você sua mentirosa, saia da minha casa e não volte mais aqui!
Patrick não quis ouvir mais nada, levantou-se da mesa e saiu correndo dali. Subiu as escadas e voltou para o seu quarto, batendo a porta. Trancou-se no seu quarto e começou a quebrar tudo, atirou seus brinquedos e objetos contra a parede, furioso com aquela mulher que só lhe dissera mentiras. Aquela era a sua casa e ele não sairia de lá enquanto sua mãe não voltasse.
Os moradores da casa, assustados, acabaram se mudando. Patrick Smith ainda continua lá, esperando que a mãe volte, chorando e chamando por ela pelos cantos da casa...