Ao amanhecer, sentindo a brisa do vento bater e o ar úmido e doce que tem em todo Natal, me arrumei e sentei no sofá, esperando todos da casa se prepararem para irmos para a casa da minha tia, onde a ceia desse ano seria realizada. Fiquei imaginando as delícias que iria experimentar e nas histórias que passamos o ano inteiro, agora eu e meus primos iríamos atualizar.
Todas as vezes saímos à noite, mas dessa vez minha mãe quis sair bem cedinho, pois saiu em todos os jornais que haveria uma mudança na lua, da qual eles não saberiam ao certo explicar. Mas o que eu sei é que, todas as noites de véspera de Natal, a lua tende a estar grande e brilhante, e acredito que esse ano não seria diferente, mesmo com todos esses avisos de que poderia ser algo perigoso e de se preocupar.
— Vamos, vamos! — escuto meu pai chamando enquanto pega a chave do carro.
— Vamos! — falei entusiasmada.
— Pé na estrada então! — diz minha mãe, fechando as janelas junto com minha irmã mais velha.
Enquanto todos entram no carro, eu já estava lá com minha câmera fotográfica para registrar mais uma viagem e colocar em meu diário que escrevo e colo fotos desde minha infância, momentos mágicos assim para mim precisa ser registrados. Depois que todos entram, meu pai liga o carro e coloca uma música, deixando assim o clima bem mais agradável. Pensei que seria uma viagem calma e silenciosa, mas foi bem barulhenta. Rimos a viagem toda e tiramos várias fotos. Chegando à casa de minha tia, eu corri para abraçar todos, principalmente meus primos Mithy e Jean.
— Mithy! Jean! Como vocês estão? — os cumprimento com um enorme sorriso no rosto.
— Ellen! Meu Deus, quanto tempo que eu não te vejo! Eu estou muito bem! — diz minha prima Mithy.
— Tanto tempo e você não mudou nada. Ellen, você continua feia! — provoca Jean.
— Te digo o mesmo, Jean! Você continua feio e chato! — respondo.
— Vocês não mudam mesmo! Meninos, já estão se provocando! — diz minha tia Suely enquanto pega minha bolsa e leva para o quarto de Mithy.
— Mãe, mas é sério! Olha mesmo para ela, ela continua feia! — insiste Jean.
— Jean, cala a boca! — diz Mithy.
Passamos horas conversando na sala e depois fomos ajudar nossos pais na cozinha. Competimos e brigamos para ver quem era o melhor fazendo os brigadeiros para o pavê e quem fazia os biscoitos mais bonitos. Jogamos videogame por duas horas seguidas, mas Jean acabou ganhando e, sem perceber, em um piscar de olhos, o tempo passou. Já era noite, a noite em que rolavam diversas teorias sobre o que teria na lua. Eu e meus primos ligamos a TV para ver um filme, mas, quando ligamos, estava passando em todos os canais sobre a mudança de cor da lua e os riscos que ela poderia causar. O jornalista, com um olhar sério, falou:
"Por favor, cidadãos, tenham cuidado e não saiam para fora tarde da noite, pois os cientistas e astrônomos estão tentando encontrar a causa para a lua ter ficado rosa, e isso pode ser prejudicial para todos os seres vivos."
Como era de se imaginar, todos ficaram preocupados com isso, menos eu e meus primos, que não deixaríamos nada estragar nosso Natal. Não acreditamos que a lua rosa poderia ser uma ameaça para ter todo esse alarme nos jornais. Corremos para o quarto e marcamos de sair mais tarde, enquanto ninguém estivesse vendo, e assim fizemos. Fomos para a floresta ver o nascer da lua lá.
Chegando lá, sentamos na beirada do lago, que transpirava um ar melancólico e sereno, que combinava perfeitamente com o céu de aspecto nublado. Em silêncio, ficamos a observar aquela luz refletindo como uma pérola gigante e brilhante no céu, que vinha saindo lentamente por trás das montanhas, lançando raios rosa que caíam sobre o chão iluminado de forma misteriosa, mas chamativa.
Ansiando para ver aquela lua completa à nossa frente, ela enfim nasceu e resplandeceu no céu de forma encantadora, como um presente magnífico no céu para nós, de Natal. Mas de repente, todo aquele silêncio se quebra quando o celular de Jean começa a tocar.
— É minha mãe! — diz Jean.
— Elas devem ter notado nossa ausência. E agora, o que fazemos? — fala Mithy, soltando um ar de preocupação.
— Se não atendermos, pode ser pior depois. Atende a ligação, Jean! — falo, olhando nos olhos de Jean, tentando não transparecer o medo que estava sentindo da bronca da minha mãe.
— Oi, mãe! — atende Jean.
— Onde vocês estão? Voltem para casa agora! — ordena a mãe de Jean.
— Nós estamos em frente ao lago, mãe.
— Voltem agora com cuidado para casa e não olhem para a lua! Vocês não são mais crianças para sair e ir brincar no lago.
— Mas mãe, você já viu como ela está linda? Não vai acontecer nada!
— Jean, não importa! Não sabemos o que isso pode ser e volte agora!
Quando ela termina de falar, a ligação é interrompida pelo sinal fraco, e Jean guarda o celular depressa e explica que devemos voltar e que o que nos foi mandado fazemos. Seguimos pela trilha para chegarmos em casa, sem olhar para a lua e em um silêncio opressivo que se instalou entre nós, junto com o medo, que tornava tudo mais misterioso. Quando derrepente vimos seres brilhantes, parecendo vaga-lumes, vindo em nossa direção, mas quanto mais eles se aproximavam, começavam a tomar forma humana, parecendo minúsculos seres humanos à nossa frente. Não só pareciam, eles eram fadas e estavam falando algo em um pequeno sussurro, mas não consegui entender o que estavam dizendo. Elas continuavam se aproximando, cada vez mais, mas agora todos estavam indo ao redor de Mithy e falavam algo em seu ouvido, e lentamente começaram a se afastar, sumindo na escuridão densa da floresta.
— Mithy! O que foi? — falo assustada, mas encantada com o que tinha acabado de presenciar.
— Essa lua rosa é algo admirável, não é mesmo? — diz Mithy, olhando para a lua.
— O que? Ficou louca, Mithy? — fala Jean, com cara de espanto, mas depois concorda com um sorriso no rosto.
— Gente! Lembram de quando víamos brincar aqui e passávamos horas fingindo ter poderes? — Jean menciona sobre nossa infância.
Sem perceber o tempo passou e estávamos soltando gargalhadas lembrando de toda nossas aventuras em nossa infância e o que amávamos tudo aquilo. ainda com um pouquinho de receio em meio a tudo aquilo que tinha acontecido ao observar a lua rosa e ter acabado de vê fadas me fez ficar com o coração aconchegado ao saber que a Ellen criança daria pulinhos com tudo aquilo. Perguntamos a Mithy o que a fada a tinha dito, mas ela se recusou a nos contar.
Voltamos para casa e todos estavam bem como já era de se esperar. Mithy começou a rir quando todos entraram para dentro de casa e enfim ela nos contou o que a fada havia dito. A fada disse a seguinte mensagem:
— A Lua é o reflexo da nossa imaginação. Grande e brilhante, nossa imaginação é o nosso eu criança, e quando deixamos ela se acabar, pode nos causar sofrimento. Então, veja a vida de forma doce; deixa tudo mais leve. Observe que quando as crianças deixam de acreditar na enorme magia do Natal, que realiza seus sonhos, suas vidas ficam mais sem graça, e isso as faz viver mais tristes e frustradas com a vida. Então, não se preocupe, a cor da lua é apenas o portal do nosso mundo que foi aberto para visitarmos as nossas crianças, que quando deram seu primeiro riso, fizeram a gente nascer. Mas é triste saber que infelizmente, quando essa mesma criança deixa de acreditar, nós deixamos de existir. Mas você, Mithy, não deixou de acreditar em mim; por isso estou aqui. E as fadas dos seus amigos também irão visitá-los ao dormir.