CAPÍTULO 1
Eunseo olhava, pela janela do carro, a garoa se preenchendo ao vidro - fazendo-o ficar embaçado. Como um ato voluntário, seu indicador foi em direção à área úmida e escreveu coisas sem sentido algum, apenas para se distrair dessa longa viagem e entediante.
Seus pais conversavam sobre coisas que não eram de seu interesse algum e sua irmã cantava uma música irritante ao seu lado e seus suspiros aumentavam cada vez mais.
Já faz algumas horas que estão na estrada, sendo seguidos pelo enorme caminhão de mudança. A chuva, que antes estava forte, causou um pequeno tráfego e isso atrasou um pouco mais. E claro, Kang não estava nada feliz com isso.
Seu pai trabalha no mar. E por conta disso, antigamente, tinham que sempre se mudarem; porém havia parado por três anos e Eunseo conseguiu adaptar a nova escola e conseguiu um novo amigo, mas novamente ocorreu de terem que procurar por um novo lugar. Com isso, Eunseo sente-se triste em ter que se afastar de seu amigo e sua antiga escola.
Ao se cansar de olhar a rua e esperar, fechou os olhos e conseguiu dormir.
[...]
— Eunseo, traga o resto das caixas! — Sua mãe gritou de dentro da casa.
Haviam chegado há mais ou menos vinte minutos e, agora, estão terminando de levar as coisas para dentro.
Como pedido da sua mãe, correu para o caminhão e pegou as duas caixas restantes e levou para o andar de cima, como estava escrito, que são seus pertences, o segundo andar é seu quarto. Deixou tudo em cima da cama montada e rodeou o quarto — quase — todo montado. Não é um cômodo muito grande, tem sua cama de solteiro encostada à janela e ao lado o criado mudo, onde já tinha colocado seu abajur. O guarda-roupa ainda estava aberto, metade dos cabides vazios, esperando pelas roupas que ainda estavam nas caixas. Havia também uma pequena escrivaninha encostada na parede oposta à janela, com uma cadeira de madeira que rangia um pouco ao se mover.
Eun Seo suspirou novamente, desta vez de alívio por finalmente ter terminado de descarregar tudo. Ele olhou pela janela, observando as gotas de chuva escorrendo pelo vidro. O céu estava cinza e melancólico, refletindo seu humor.
Desceu as escadas para ajudar seus pais com os últimos detalhes da mudança. Sua mãe estava na cozinha, organizando os utensílios, enquanto seu pai tentava montar a estante da sala de estar.
— Terminei de levar as caixas para o meu quarto — anunciou Eun Seo.
— Obrigada, filho — disse sua mãe, sem tirar os olhos das panelas que organizava. — Você pode ajudar seu pai com a estante?
Eun Seo assentiu e foi até a sala.
— Precisando de ajuda? — perguntou.
Seu pai sorriu e entregou-lhe um parafuso e uma chave de fenda.
— Sim, por favor. Segure essa parte enquanto eu parafuso.
Trabalharam juntos em silêncio, o som da chave de fenda girando e do martelo batendo ecoando pela casa vazia. Quando finalmente terminaram, a estante estava firme e pronta para receber os livros e enfeites da família.
— Bom trabalho, Eunseo — disse seu pai, dando-lhe um tapinha nas costas.
Eun Seo deu um leve sorriso em resposta, mas seus pensamentos ainda estavam no amigo que deixou para trás. A mudança trouxe um novo começo, mas ele não conseguia se livrar da sensação de perda. Decidiu que explorar o bairro poderia esperar; por enquanto, preferia ficar em casa, no conforto de seu novo quarto.
Subiu as escadas e entrou em seu quarto, fechando a porta atrás de si. Pegou um dos livros que tinha deixado na escrivaninha e deitou-se na cama. A leitura sempre foi uma maneira de escapar da realidade, e ele esperava que agora não fosse diferente. Escolheu um romance de aventura, uma história sobre um jovem que viajava por terras distantes em busca de tesouros perdidos.
Conforme se perdia nas páginas, o tempo parecia voar. A chuva lá fora continuava a cair, criando um som relaxante que combinava perfeitamente com a atmosfera de seu quarto. O mundo externo, com todas as suas mudanças e incertezas, foi se afastando gradualmente, substituído pelas paisagens exóticas e perigosas que o protagonista do livro enfrentava.
Por algumas horas, Eun Seo conseguiu esquecer suas preocupações. Ele apenas leu, aproveitando a tranquilidade e o silêncio de sua nova casa. Quando a luz do dia começou a desaparecer, ele percebeu que já era quase noite.
Olhou o relógio e decidiu que era hora de se preparar para o dia seguinte. Amanhã, ele precisaria ir até a nova escola para buscar o uniforme e as apostilas. Colocou o livro de volta na escrivaninha, levantou-se e foi até o banheiro. Tomou um banho quente, deixando que a água levasse embora o cansaço e a tensão acumulada. Vestiu seu pijama confortável e voltou para o quarto.
Sentou-se na cama e pegou o celular, verificando as mensagens que havia recebido. Viu uma mensagem de seu amigo de Busan, desejando-lhe sorte na nova escola. Sorriu, respondendo com um "obrigado, vou precisar". Depois, colocou o celular para carregar e deitou-se, cobrindo-se com o cobertor macio.
O barulho da chuva continuava suave e constante. Eunseo fechou os olhos, tentando se preparar mentalmente para o dia seguinte. Ele sabia que não seria fácil começar de novo, mas estava determinado a fazer o seu melhor.
[...]
Na manhã seguinte, Eun Seo acordou com o som do despertador. Levantou-se, se vestiu e desceu para tomar café da manhã. Seus pais já estavam na cozinha, conversando animadamente sobre os planos para a nova casa.
— Bom dia, filho — disse sua mãe. — Dormiu bem?
— Sim, dormi — respondeu Eun Seo, pegando uma torrada. — Vou até a escola buscar meu uniforme e as apostilas.
— Consegue ir sozinho? — perguntou seu pai. Eun Seo assentiu com a cabeça. — Tudo bem, tome cuidado — disse, dando-lhe um sorriso encorajador.
Eun Seo assentiu, terminando seu café rapidamente. Pegou a mochila, colocou um casaco e saiu de casa. O dia estava nublado, mas a chuva havia parado. O caminho para a escola era tranquilo, e ele aproveitou para observar as casas e as ruas, tentando se familiarizar com o novo ambiente.
Ao chegar na escola, Eun Seo olhou ao redor, absorvendo a aparência do lugar. Era uma escola grande, com um prédio de tijolos vermelhos de três andares, janelas grandes e bem iluminadas, e corredores largos com armários alinhados nas paredes. O pátio tinha uma quadra de basquete e algumas árvores que ofereciam sombra.
Eunseo ajustou os fones de ouvido e tirou o celular do bolso, verificando as mensagens enquanto caminhava. Estava distraído quando, de repente, sentiu alguém esbarrar nele com força.
— Desculpa! — disse uma voz apressada.
Antes que pudesse responder, a pessoa já estava correndo pelo corredor, desaparecendo rapidamente de sua vista. Ele só teve tempo de ver um vislumbre do cabelo claro do garoto que se afastava.
Eun Seo deu de ombros, resignado, e continuou seu caminho até a sala dos professores. Ao chegar, bateu na porta e foi recebido por uma professora.
— Você deve ser Eun Seo — disse ela, sorrindo. — Sou a professora Park. Por favor, entre. Estava te esperando.
Eunseo entrou e seguiu a professora até uma mesa onde ela pegou uma pilha de apostilas, uma chave e um pacote.
— Aqui estão suas apostilas, a chave do seu armário e o uniforme — disse a professora Park, entregando-lhe os itens. — Sei que mudar de escola pode ser difícil, mas estamos aqui para ajudar. Já vimos seu histórico e suas notas são excelentes. Tenho certeza de que você se adaptará rapidamente.
— Obrigado, professora — disse Eun Seo, guardando as apostilas e a chave na mochila. — Vou fazer o meu melhor para me adaptar.
— É bom ouvir isso. Se precisar de qualquer coisa, não hesite em procurar por mim ou pelo professor Kim, seu tutor. Ele estará acompanhando seu progresso de perto.
— Obrigado, vou me lembrar disso — respondeu Eunseo.
Eun Seo sentiu-se um pouco mais à vontade. A professora Park parecia genuinamente interessada em ajudá-lo, e isso fez uma grande diferença. Após a conversa, ele se despediu e saiu da sala dos professores, caminhando pelos corredores novamente.
Ao chegar em casa, subiu para seu quarto, arrumou as apostilas na escrivaninha e pendurou o uniforme no guarda-roupa. Sentou-se na cama e pegou o celular, enviando uma mensagem ao seu amigo em Busan para contar sobre o dia. Largou o celular na cama, observando o teto. Amanhã começará o dia em sua nova escola e com isso só soube suspirar com incerteza. Não sabia o que esperar.