Prólogo
Amar alguém é muito mais perigoso do que se imagina.
A obsessão fica à espreita.
O ódio pode roubar o protagonismo e murchar as flores de um campo primaveril. Assim como num extenso campo de areia pode surgir um oásis que fascina o mundo.
Os sentimentos de uma pessoa podem mudar quando menos se espera. A convivência te faz ver um mundo oculto que pode desgraçar a sua vida ou te tornar refém do conforto.
Um casamento arranjado pela política poderia seguir dois caminhos, e as pessoas sempre esperam pela frieza, distância e a ausência de sentimentos. Tudo em prol de ganhos materiais e demais atributos que somente uma relação supérflua pode garantir.
Para aquele alfa de cabelos loiros, estaria tudo bem o seu marido brigar consigo e considerá-lo um inútil. Ele o amaria pelos dois.
Só que a vida conjugal trouxe algo maravilhoso para ele.
Uma fantasia realizada.
— Haa… Hngh! Haa… meu alfa…
Aqueles finos lábios gemiam por ele. Os braços esguios se envolvem em seu pescoço, e o corpo magro e curvilíneo se movia sobre o colo do rapaz loiro. Sua carne estava quente e sua pele emanava um forte cheiro de vinho adocicado que deixava o alfa completamente embriagado.
A fera que havia dentro dele estava faminta.
Os seus instintos se agarravam à carne nua do ômega com possessividade, arrancando gemidos altos e manhosos do seu parceiro. Os seus dentes mordiam com força a pele do ômega, deixando mais uma dentre dezenas de marcas em sua pele.
E mais uma vez os feromônios eram liberados em grande quantidade, causando arrepios e espasmos pelo corpo do alfa.
— De novo… hngh… haaa… por favor, faça isso de novo, meu alfa.
As súplicas que escapavam dos lábios do ômega eram o estímulo que o alfa precisava.
Os finos dedos do alfa deslizavam pelas costas do ômega, causando-lhe arrepios. O ômega se revirava nos braços do seu amante, suas costas arquearam quando o alfa se movia dentro de si com mais força e desejo.
Os olhos vermelhos carmesins do ômega se viraram para o seu alfa, carregados de luxúria que parecia não ter fim. Ainda que ele ofegasse exausto, havia desejo.
Aquele era o cio de um ômega.
— Alfa…
Ah… como ele poderia resistir?
O rapaz loiro se inclinou sobre o corpo nu do seu marido, e a mão com a aliança dourada segurava o seu queixo fazendo o rapaz erguer a cabeça o suficiente para que um beijo fosse roubado.
A língua dele era tão quente e úmida, tão gostosa e saborosa. Era impossível não brincar com a sua língua e usá-la para tornar aquele ósculo ainda mais molhado e sensual. E quando suas bocas se separavam, o ômega respirava pesado puxando o pescoço do esposo na busca da boca do marido novamente.
— Mais… me dê mais.
Ele deixaria que o seu ômega tivesse o que quisesse. Deixou que o seu ômega o abraçasse apertado e se movesse livremente em seu colo, para que seu membro rijo e pulsante fosse cada vez mais fundo e acertasse a sua próstata e o fizesse derreter. O ômega teria o banquete que tanto desejava.
Afinal, era a visão mais divina a do seu ômega gemendo em seu colo, implorando por mais.
Quando todo o ato finalmente chegou ao fim, o rapaz deixou o seu marido dormindo na cama. Vestindo um roupão de cetim, o alfa saiu do quarto silenciosamente conseguindo chegar até a cozinha onde o mordomo beta preparava uma bebida.
— Já está de pé, meu senhor?
— Estou exausto, mas há quanto tempo que não como algo? — Dizia o alfa, ajeitando os cabelos loiros molhados de suor.
— O calor do mestre Grimwood começou há dois dias, Vossa Alteza.
Dois dias que estava trancado no quarto com o seu ômega no cio. Dois dias que o pobre coitado do alfa só conseguia beber água que o mordomo deixava na porta. Tudo porque o seu ômega parecia um animal selvagem possessivo que não o largava nem para respirar.
O rubor subiu no rosto do rapaz alfa.
Ah, como ele amava aquilo.
— Aqui, Vossa Alteza. Fiz essa vitamina para repor as suas energias.
— Obrigado, Carsen.
O mordomo sorria satisfeito em ver o príncipe bebendo a vitamina. O alfa sabia que ele seria o primeiro a aguentar aquele ômega de olhos carmesins.
— Fico feliz que vocês estejam se dando tão bem.
O alfa deixou um riso escapar.
— Não se engane, Carsen. O meu esposo irá voltar com a sua atitude fria quando o calor passar.
— Mas o senhor não parece desgostar disso.
— Ele é adorável quando se faz de vilão — O rapaz sorriu corando cada vez mais — E eu sei que ele irá se lembrar do que aconteceu em seu cio, e vai se sentir envergonhado toda vez que me ver. Hahaha, será tão prazeroso ver o rosto dele se contorcer de vergonha.
O mordomo apenas deu um sorriso. Os seus mestres eram malucos e isso nem era novidade, entretanto eles formavam um belo par.
— Deseja mais vitamina, Vossa Alteza?
— Por favor, quero aproveitar o meu descanso-
— Te achei.
A voz sedutora soou por trás do alfa. Um arrepio subiu pela sua espinha ao imaginar que um certo ômega no cio, provavelmente nu, estava atrás dele.
Imediatamente ele se arrependeu de ter cogitado a ideia de tirar sarro da cara do seu marido sobre o cio dele.
— H-Ham… querido, você não deveria estar dormindo?
— Você não vai fugir de mim, meu amado alfa.
Uma gravata foi presa nos tornozelos do alfa. O ômega puxou a gravata fazendo o alfa cair no chão e derrubar o copo de vitamina. Sem se importar com mais nada, o ômega arrastou o seu alfa de volta ao quarto, enquanto o alfa olhava com súplicas para o mordomo.
— Me salva, Carsen!
O mordomo apenas sorriu e acenou para o príncipe.
— Esperarei pelas boas notícias, Vossa Alteza.
O alfa queria chorar de cansaço, mas não poderia reclamar da atitude do seu marido. Ele estava no cio e, como todo ômega que se preze, ele queria garantir a vinda de um filho com o sangue do alfa que ele escolheu.
O rapaz loiro foi completamente arrastado para dentro do quarto, e apesar dos seus protestos por conta do cansaço, o seu ômega usaria os feromônios para seduzi-lo e garantir que eles ficassem acordados atrelados no corpo um do outro até o fim do cio do ômega.
De fato, era uma relação harmoniosa.
Estranhamente harmoniosa.