Destruindo meu dia
Kilmara Queiroz
O meu dia começa com o som do despertador, e isso me irrita, mas é a única forma de eu acordar cedo.
Vou até a cozinha preparar um pequeno-almoço digno da minha querida e doce mãe que até agora não quer comer nada, pensando que está a ser um fardo para mim, enquanto que não é.
— Mamãe o almoço já está servido — grito da cozinha, pois não é muito distante do quarto.
— Céus! Kilmara você grita muito — fala entrando na cozinha.
— Bom dia sim — falo sorrindo e lhe dou um beijo da testa —, olha o que eu fiz para ti — falo lhe olhando.
— Sério isso! — fala sorrindo. — Pensei que era só o William que sabia fazer isso — fala surpresa, bem ela tem razão, é só o meu irmão mais velho que sabe fazer isso, mas aprendi mesmo com ele.
— Ele me ensinou da última vez que esteve cá — falo me sentando perto dela. — Podes comer pelo menos? — pergunto olhando-lhe.
— Está bem minha filha — fala sorrindo desta vez para mim.
Já faz 4 dias que os gêmeos não vêm cá, e isso me preocupa muito pois eles nunca fizeram mais de um dia sem vir.
— Estás preocupada com os rapazes? — pergunta olhando-me e eu confirmo. — Kilmara, eles vão ficar bem.
— Mas se o pai descobriu? — pergunto ainda mais preocupada.
— Isso não vai acontecer — fala me acalmando.
— Bom dia família — fala Wayne entrando.
— Você não tem mesmo jeito — falo sorrindo, além de ser minha vizinha é minha melhor amiga, nos conhecemos quando eu tinha 10 anos, agora somos as parceiras do crime.
— Bom dia dona Qauane, hoje está mais sorridente que ontem — fala abraçando minha mãe.
— Até agora me pergunto onde foste arranjar essa doidinha, — fala mamãe sorrindo. — Como estás meu amor? — pergunta abraçando-lhe.
— Estou bem e o que foi com sua cara? — pergunta me olhando.
— São os meus irmãos — falo revirando os olhos.
— Até hoje nunca conheci seus irmãos — fala me olhando. —, Será que eles existem mesmo? — pergunta me olhando desconfiada e eu solto uma risada.
— Assim já foste longe Wayne — falo rindo. — Sim eles existem — respondo lhe olhando.
— Vamos logo, antes que ocupem nossos lugares — fala me olhando já farta.
— Boa sorte meninas — fala minha mãe.
— Obrigado mãe — respondemos as duas.
Bem nós somos vendedoras ambulantes, e é com isso que eu consigo pagar o aluguel da casa, os medicamentos da mãe e todas as contas de casa, às vezes também os gémeos me ajudam.
A Wayne vai para outro lado e eu fico do meu lado.
Mais tarde, eu já estava cansada de tanto vender quando a Wayne chega me fazendo sorrir.
— Adivinha o que eu descobri — fala sorrindo
— Diz logo maluca — falo lhe olhando cansada.
— Troca ainda essa cara feia — fala rindo.
— Está bem — falo metendo um sorriso no rosto. — Diz logo — falo rindo.
— Consegui uma boutique para as duas — fala sorrindo.
— Que bom! — exclamo feliz. — Aonde? — pergunto sorrindo pois é uma grande sorte.
— O problema é que só tem vaga para uma pessoa — fala com os ombros caídos.
— Fácil, ficas tu — falo calma.
— E você, Kil? — pergunta confusa.
— Eu tenho a bancada e isso vai me ajudar muito, já você… — falo sorrindo, mesmo querendo tanto isso, a Wayne precisa ainda mais que eu, eu recebo sempre ajuda dos meus irmãos, enquanto que ela é a mais velha.
— És a melhor amiga que uma melhor amiga pode ter — fala me abraçando, eu rio.
Pois ver ela feliz compensa tudo, querendo responder vejo duas sombras paradas na minha frente como estou olhando para baixo levanto a cabeça.
— O que desejam meus senhores? — pergunto confusa, pois ainda não vi as caras.
— Assim já nos esqueceu — responde um deles e reconheço a voz, é do Mano William.
— Manos! — falo lhes abraçando. — Eu nunca vou me esquecer de vocês — falo lhes largando. — Me preocuparam muito.
— Desculpa querida, só que ficamos presos por dois dias na casa do César — responde o Mano Kyliam.
— E ele mandou isso para ti — fala me entregando um envelope.
— O que tem aqui? — pergunto confusa. — Manos essa é a Wayne a minha melhor amiga — falo olhando nos gémeos —, Wayne esses são os meus irmãos gémeos, o Mano William e o Mano Kyliam — falo olhando na Wayne.
— Satisfação querida — fala Mano Will calmo.
— Com certeza, e espero me encontrar mais vezes com a sua pessoa — fala Mano Kyl sorrindo.
— Oh! rapaz estás muito babado — fala o Mano Will rindo.
— Vocês dois não valem — falo rindo.
— Como você consegue lhes diferenciar? — pergunta confusa, olhou muito bem nos dois. — Já sei, o William tem uma tatuagem de flecha na horizontal, já o Kyliam tem de cobra mordendo sua própria cauda — fala sorrindo. — Coisa que amo — fala baixinho me fazendo rir.
— Isso também ajuda, mas os dois têm a mesma tatu no corpo — falo calma e ela me olha pasmada.
— Sério isso? — pergunta ainda confusa.
— Mentira da minha doce e querida irmã — fala Mano Kyliam me olhando.
“Doce e querida irmã”
Essa palavra ecoa na minha cabeça me fazendo perceber que quer algo.
— Mano Kyl podes me ajudar por aqui? — pergunto lhe afastando um pouco dos outros.
— O que foi Kil? — pergunta confuso.
— Você nunca diz “doce e querida irmã” — repito essa frase com mais ênfase. — Na mesma frase, sem querer me pedir algo — falo lhe olhando séria.
— Estraguei o presente do Willy e não sei o que vou dar — fala calmo.
— Que presente? Vosso aniversário já está na porta? Eu nem...
— Maninha, ainda faltam 3 meses, só que ele conseguiu o seu posto na empresa e o presente que a mãe lhe entregou eu estraguei — fala me olhando preocupado.
— Vocês foram na mãe? — pergunto confusa.
— Sim, antes de vir cá na praça — responde calmo.
— Lhe conta a verdade e nada vai mudar — falo calma —, o teu presente da outra vez foi ele quem estragou.
— Sei disso… — fala calmo — …então vamos lá — fala andando até onde estavam os outros.
— Querida gostaríamos de ficar mais tempo, mas o trabalho impede — fala Mano Will nos olhando.
— Mas, nunca mais, desapareçam desse jeito— falo lhes abraçando.
— Prometemos — falam juntos me fazendo sorrir e os dois foram.
— Bonito não é? — pergunto me referindo ao Mano Kyl.
— São gémeos Kilmara, não têm diferença — fala sorrindo —, mas admito, são lindos e a tatu de cobra! Amei! — exclama sorrindo.
— Ele dizia que isso encantava as raparigas, mas agora acredito — falo rindo da cara dela.
— Tu és uma má amiga — fala me batendo no ombro, me fazendo rir.
— Um dia te levo lá em casa e poderiam, talvez, conversar por mais tempo — falo calma.
— Vamos logo vender sua maluca — fala me ignorando.
Ficamos a vender até mais tarde, já eram 17h, eu nunca cheguei até esse horário, mas não queria ficar em casa.