ESPÍRITO AVENTUREIRO
Muito prazer! Sou Dennye Denner. Não sei como você chegou aqui. Presumo que sejas uma pessoa em busca de aventura e autoconhecimento. Certo? Hm-hum...
Ouça com atenção. A história que vou lhe contar aconteceu a muito, muito tempo. Se tornou até difícil determinar o tempo exato. Ao longo da história deste planeta muitas coisas aconteceram. Foram tantas história e a tanto tempo que as pessoas que vagam por aí nem fazem ideia.
E esta que lhe contarei seria apenas mais uma, se você não me encontrasse e eu não tivesse a oportunidade de compartilhar contigo esta experiencia.
A partir de agora se concentre, e preste muita atenção. Faremos esta jornada juntos. Seremos como um. Tudo que vou narrar sentirás como se estivesse lá. Será como se fossem tuas próprias lembranças.
Muito tempo já se passou e ao longo dos milênios as pessoas foram esquecendo da história daquele jovem. Chegou um momento a partir do qual as pessoas começaram a dizer que tudo não passava de lenda, afinal, como poderia ser diferente, se o próprio mundo mudou tanto?
Seres fantásticos já caminharam na Terra, e hoje são tratados como mitos ou lendas. Desta forma, e assim o sendo, como poderia a história de um jovem de espírito indomável, filho de camponeses, treinado por toda a vida para ser apenas mais um camponês, que ousou sair pelo mundo, em busca de aventuras e autoconhecimento, ser lembrada para sempre?
É lamentável, mas essa jornada está esquecida. Até agora. Pois hoje eu vou te mostrar como tudo aconteceu. Devo passar o meu legado.
Por favor, beba um pouco de água, respire fundo. E quando estiver preparado volte aqui.
Ótimo! Você topou o desafio.
Então, respire fundo...
O quê?...
Vamos lá. Precisas levar a sério, do contrário não vai funcionar.
Beba um pouco d’água. Respire fundo e continue.
Pronto? Podemos começar, outra vez.
Advirto-o que se não se concentrar e não levar a sério não terás uma experiência plena.
Há muito tempo... há muitos milênios que já se passaram... e naqueles dias sábio, um grande mago, mandou um dos seus seguidores sair pelo mundo, anunciando que ele estaria à procura de um homem que se julgasse capaz de ocupar o seu lugar. A orientação era que aquele que pretendesse ocupar o seu lugar, como senhor do seu castelo, suas riquezas e herdar seus poderes, deveria encontrá-lo. Se o pretendente à sucessão o encontrasse e após ser submetido a algumas provas fizesse as escolhas certas adequadas, este seria o seu sucessor, tornando-se do herdeiro do legado daquele homem misterioso, e, assim sendo, possuidor de tudo que agora estava sob o seu controle.
Mesmo sendo tão famoso por todo o mundo, ninguém sabia o seu nome. Era conhecido em toda parte apenas pela alcunha de “O Sábio” ou “O Mago”.
Acredito que nem seja necessário dizer que muitos se aventuraram.
Muitos correram para o vale onde ficava seu castelo. E até chegarem lá foram se matando pelo caminho. Os mais fortes e/ou habilidosos que chegaram ao vale estavam dispostos a tudo para se tornarem o sucessor do mago. Dispostos principalmente a continuarem ceifando as vidas de quem ousasse se colocar nos seus caminhos.
À medida que cada um chegava ao vale descobriam que a tarefa seria ainda mais difícil do que imaginavam. Pois, deveriam primeiro encontrar o castelo. Para somente depois tentarem passar pelas provas. Sim. Digo que precisariam encontrar o castelo porque para o desespero de todos, o castelo do mago desaparecia aos poucos, diante de seus olhos. E cada um tinha a mesma visão.
Quem decidia permanecer por lá procurando era tacado pelos outros candidatos que ao verem o concorrente na área e o castelo desaparecendo imaginava precisar derrotar o outro para que o castelo voltasse a se apresentar.
É algo muito triste de falar, mais, muitos morreram na primeira fase da jornada e outros tantos pereceram naquele vale, e muito mais continuou morrendo ao longo dos anos, década... Os que mais avançaram foram amaldiçoados com a loucura ou honrados com uma morte digna, quando eram nobres, mas lhe faltava sabedoria. Os arrogantes, vaidosos e afins, pereciam humilhados, decadentes.
Sucederam-se mais alguns séculos e, através do tempo, muitos foram os que visitaram ou, ao menos, tentaram chegar ao Castelo do Mago, se aventurando pelo mundo, seguindo pistas do que quase todos chamavam de a “Lenda do Sábio que fez o mundo de bobo”.
Foram príncipes, guerreiros, outros magos, aldeões... toda sorte de aventureiros. Mas, tudo que restava eram boatos. Pois ninguém voltou. E quem voltou foi porque ficou louco no caminho, ou gravemente ferido.
Muito já havia escutado, sobre aquele Sábio-Mago. Todos os comentários ficaram cravados em minha mente. E se amontoavam mais e mais a cada vez que ouvia alguém falar sobre o assunto. Tais pensamentos exerciam, em mim, uma atração imensa. Era como um chamado. Efeitos semelhantes à certeza de que uma linda donzela me aguardasse, roupas íntimas da mais pura ceda, em sua alcova, sobre linho fino, perfumada, com o ambiente impregnado pelo aroma da mirra.