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Recomeços do Passado

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𝑨𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝒄𝒐𝒎𝒆𝒄̧𝒂𝒓 𝒆𝒔𝒔𝒂 𝒐𝒃𝒓𝒂 𝒔𝒆𝒎 𝒕𝒆𝒓 𝒕𝒆𝒓𝒎𝒊𝒏𝒂𝒅𝒐 𝒂𝒔 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒂𝒔 𝒅𝒖𝒂𝒔, 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒐 𝒎𝒆 𝒓𝒆𝒅𝒊𝒎𝒊𝒓, 𝒑𝒐𝒊𝒔 𝒂 𝒄𝒖𝒍𝒑𝒂 𝒔𝒂̃𝒐 𝒅𝒆𝒔𝒔𝒆𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒐𝒏𝒂𝒈𝒆𝒏𝒔
𝑵𝒖𝒏𝒄𝒂 𝒕𝒊𝒗𝒆 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒏𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒅𝒆 𝒆𝒔𝒄𝒓𝒆𝒗𝒆𝒓 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒆𝒍𝒆𝒔, 𝒎𝒂𝒔 𝒆𝒏𝒒𝒖𝒂𝒏𝒕𝒐 𝑱𝒖́𝒍𝒊𝒂 𝒆 𝑴𝒊𝒈𝒖𝒆𝒍 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒗𝒂𝒎 𝒆𝒎 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒏𝒗𝒐𝒍𝒗𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐, 𝒆𝒔𝒔𝒆𝒔 𝒅𝒐𝒊𝒔 𝒇𝒐𝒓𝒂𝒎 𝒇𝒐𝒓𝒕𝒆𝒔 𝒆𝒎 𝒔𝒊𝒍𝒆𝒏𝒄𝒊𝒂𝒓 𝒒𝒖𝒂𝒍𝒒𝒖𝒆𝒓 𝒓𝒖𝒊́𝒅𝒐𝒔 𝒆 𝒑𝒆𝒏𝒆𝒕𝒓𝒂𝒓 𝒄𝒐𝒎 𝒕𝒖𝒅𝒐 𝒏𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆
𝑵𝒂̃𝒐 𝒕𝒊𝒗𝒆 𝒆𝒔𝒄𝒂𝒑𝒂𝒕𝒐́𝒓𝒊𝒂, 𝒆𝒓𝒂 𝒅𝒂𝒓 𝒂𝒕𝒆𝒏𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒂𝒐𝒔 𝒂𝒅𝒐𝒍𝒆𝒔𝒄𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒎𝒊𝒎𝒂𝒅𝒐𝒔, 𝒐𝒖 𝒔𝒖𝒓𝒕𝒂𝒓 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒅𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒆𝒔𝒕𝒐𝒖 𝒔𝒖𝒓𝒕𝒂𝒅𝒂
𝑷𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒕𝒆𝒏𝒕𝒂𝒓 𝒇𝒖𝒈𝒊𝒓; 𝒍𝒆𝒗𝒂𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒂𝒔 𝒉𝒊𝒔𝒕𝒐́𝒓𝒊𝒂𝒔, 𝒇𝒐𝒄𝒂𝒓 𝒏𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒓𝒐𝒕𝒊𝒏𝒂 𝒅𝒐 𝒅𝒊𝒂 𝒂 𝒅𝒊𝒂, 𝒗𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒖𝒎𝒂 𝒋𝒐𝒗𝒆𝒎. 𝑴𝒂𝒔 𝒏𝒂̃𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒊𝒈𝒐. 𝑻𝒐𝒅𝒐𝒔 𝒎𝒆𝒖𝒔 𝒈𝒆𝒔𝒕𝒐𝒔, 𝒎𝒖́𝒔𝒊𝒄𝒂𝒔, 𝒇𝒊𝒍𝒎𝒆𝒔 𝒐𝒖 𝒔𝒆́𝒓𝒊𝒆𝒔 𝒎𝒆 𝒇𝒂𝒛𝒆𝒎 𝒍𝒆𝒗𝒂𝒓 𝒂 𝒆𝒍𝒆𝒔. 𝑨𝒑𝒆𝒏𝒂𝒔 𝒆𝒍𝒆𝒔 𝒆 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒏𝒊𝒏𝒈𝒖𝒆́𝒎
𝑬𝒍𝒆𝒔 𝒇𝒐𝒓𝒂𝒎 𝒑𝒐𝒓 𝒄𝒂𝒓𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂. 𝑺𝒆𝒎 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒆𝒔𝒄𝒓𝒆𝒗𝒆𝒓, 𝒏𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒆 𝒔𝒆𝒋𝒂 𝒖𝒎𝒂 𝒎𝒊𝒔𝒆́𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝒗𝒊́𝒓𝒈𝒖𝒍𝒂. 𝑻𝒆𝒏𝒕𝒐, 𝒕𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆 𝒕𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒄𝒍𝒖𝒊𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂𝒔 𝒐𝒃𝒓𝒂𝒔 𝒐𝒃𝒓𝒂𝒔, 𝒑𝒐𝒓𝒆́𝒎, 𝒇𝒂𝒍𝒉𝒐
𝑸𝒖𝒆𝒓𝒊𝒅𝒐 𝒍𝒆𝒊𝒕𝒐𝒓, 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒆𝒋𝒂 𝒍𝒆𝒏𝒅𝒐, 𝒅𝒆𝒔𝒅𝒆 𝒋𝒂́ 𝒑𝒆𝒄̧𝒐 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒂̃𝒐. 𝑸𝒖𝒆𝒓𝒆𝒓 𝒔𝒆𝒓 𝒂𝒍𝒈𝒖𝒆́𝒎 𝒏𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒆𝒔𝒕𝒂́ 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒖𝒎𝒊𝒏𝒅𝒐 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂𝒔 𝒆𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂𝒔 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒅𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒐 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒓𝒂𝒅𝒐. 𝑬𝒏𝒕𝒂̃𝒐, 𝒑𝒐𝒓 𝒊𝒔𝒔𝒐, 𝒅𝒆𝒄𝒍𝒂𝒓𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒔𝒆 𝒄𝒐𝒏𝒄𝒍𝒖𝒊𝒓 𝒂 𝒉𝒊𝒔𝒕𝒐́𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒆𝒍𝒆𝒔, 𝒔𝒆𝒓𝒂́ 𝒔𝒐𝒓𝒕𝒆
𝑴𝒂𝒕𝒆𝒖𝒔 𝒆 𝑰𝒔𝒂𝒃𝒆𝒍𝒂 𝒏𝒖𝒏𝒄𝒂 𝒅𝒆𝒗𝒆𝒓𝒊𝒂 𝒕𝒆𝒓 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒊𝒅𝒐. 𝑬 𝒔𝒆 𝒇𝒐𝒔𝒔𝒆 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒊𝒓, 𝒔𝒆𝒓𝒊𝒂 𝒖𝒎 𝑺𝒑𝒊𝒏-𝑶𝒇𝒇 𝒅𝒂 𝒔𝒆́𝒓𝒊𝒆: 𝑰𝒓𝒎𝒂̃𝒐𝒔. 𝑶𝒏𝒅𝒆 𝒐 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒆𝒊𝒓𝒐 𝒍𝒊𝒗𝒓𝒐 𝒇𝒐𝒄𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒏𝒂 𝑱𝒖́𝒍𝒊𝒂 𝒆 𝒏𝒐 𝑴𝒊𝒈𝒖𝒆𝒍
𝑻𝒆𝒏𝒕𝒂𝒓𝒆𝒊 𝒔𝒆𝒓 𝒆𝒔𝒇𝒐𝒓𝒄̧𝒂𝒅𝒂 𝒂𝒒𝒖𝒊, 𝒔𝒆𝒏𝒂̃𝒐 𝒂𝒄𝒂𝒃𝒂𝒓𝒆𝒊 𝒎𝒆 𝒎𝒂𝒕𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒑𝒐𝒓 𝒄𝒂𝒖𝒔𝒂 𝒅𝒂 𝒃𝒂𝒈𝒖𝒏𝒄̧𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒇𝒂𝒛𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒊𝒈𝒏𝒐𝒓𝒐 𝒆𝒍𝒆𝒔 ( 𝑺𝒐́ 𝒒𝒖𝒆𝒎 𝒑𝒆𝒏𝒔𝒂 𝒅𝒆𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒗𝒂𝒊 𝒆𝒏𝒕𝒆𝒏𝒅𝒆𝒓)
𝑬𝒏𝒇𝒊𝒎, 𝒅𝒆𝒊𝒙𝒂𝒎 𝒔𝒆𝒖𝒔 𝒄𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒂́𝒓𝒊𝒐𝒔 𝒆 𝒄𝒖𝒓𝒕𝒊𝒅𝒂𝒔. 𝑨𝒔𝒔𝒊𝒎 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒔𝒆𝒏𝒕𝒊𝒓 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒗𝒐𝒏𝒕𝒂𝒅𝒆 𝒏𝒂 𝒆𝒔𝒄𝒓𝒊𝒕𝒂
𝑩𝒆𝒊𝒋𝒊𝒏𝒉𝒐😻
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Meu refúgio

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17 𝐀𝐍𝐎𝐒 𝐀𝐓𝐑𝐀́𝐒
Mamãe não veio me buscar, o que é costume, porque ela sempre me esquece. Não fico triste, apenas magoada por ver todos os meus colegas irem embora, ficando isolada sem nenhuma companhia além de professoras loucas para viverem suas vidas
Sinto um incômodo quando outra família vem me buscar. Um casal feliz com uma filha divertida, eles comentam sobre os dias um do outro, escutam com atenção, fazem piadinhas internas
E estou aqui, presa por um cinto de segurança no banco de trás, observando a paisagem do lado de fora da janela
Quero a minha mamãe e o meu papai
Simone
Simone
Amor, me deixa no mercado. Vou preparar uma janta muito especial hoje! — 𝐂𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐯𝐨𝐳 𝐚𝐥𝐞𝐠𝐫𝐞
Simone
Simone
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Mônica
Mônica
Mamãe, mamãe — 𝐎 𝐜𝐡𝐚𝐦𝐚, 𝐩𝐮𝐥𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐧𝐨 𝐜𝐚𝐫𝐫𝐨, 𝐬𝐞𝐦 𝐨 𝐜𝐢𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐠𝐮𝐫𝐚𝐧𝐜̧𝐚 — Faz macarrão. Batata frita. E muito sorvete — 𝐏𝐮𝐥𝐚 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐚𝐥𝐭𝐨 — Eu e Isa adoramos sorvete de chocolate!
Mônica
Mônica
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Simone, mãe de Mônica, ri junto com o Ricardo, o motorista e pai de Mônica. Os dois são um casal de novelas, aqueles que estranham da tamanha perfeição que exalam pelas ruas
Tia Simone é legal, ela já me deu aula na minha antiga escola. Lembro da sua paciência e sorriso carismático me ensinando utilizar uma tesoura. Nas contas matemáticas, então, nem se fala. Mônica e eu chorávamos no banheiro, abafados para não sermos pegas no flagra
Mas não havia jeito, titia Simone sempre descobria e consolava com um passeio na sorveteira
O tio Ricardo não é diferente da esposa, ele e o meu pai são melhores amigos, assim como eu e Mônica. Gostava quando era folga do papai, ele em levava para brincar com Mônica, enquanto os dois matavam o tempo bebendo e falando de assuntos de homens
Tio Ricardo é tão bonzinho, tão bonzinho, que no dia que quebrei, sem querer, seu quadro de formatura, ele me deu um abraço e disse que estava tudo bem
Não. Não estava tudo bem. Chorei litros naquele dia. Papai até ficou com vergonha das visitas e deixou de frequentar a casa dele
O carro estaciona no estacionamento vago. Continuo encarando o vidro, mesmo enxergando uma parede cinza desbotada e com gramas verdinhas. Ouço barulho de cinto sendo retirado, beijos e informações sendo trocadas, porém, não mexo um músculo sequer
Ricardo
Ricardo
Me liga quando terminar
Ricardo
Ricardo
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Mônica cai no meu colo, assustando-me
Mônica
Mônica
Tá quieta, por quê? - 𝐒𝐨𝐫𝐫𝐢 𝐝𝐞 𝐨𝐫𝐞𝐥𝐡𝐚 𝐚 𝐨𝐫𝐞𝐥𝐡𝐚 - Vai comer a comida da mamãe
Respondo com um riso frouxo, deixando-a confusa
Nunca confessaria que gosto de comer a comida da tia Simone, o prazer que ela sente em cozinhar, os temperos que ela entrega nos alimentos, a rapidez no modo de preparo. São características marcantes das habilidades dela. Porém, a comida da mamãe é cem vezes melhor. Não importa se mamãe bebe mais do que cozinha, ou se irrita quando queima ou seu planejamento sai do controle, mamãe deixa Simone no chinelo
Minha melhor amiga taca um beijo na minha bochecha, mostrando que não importa o que aconteça, ela sempre entenderá e estará no meu lado
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Tomei banho, vesti um vestido verde escuro largo que tampa meus joelhos, expondo meus pés com as unhas pintadas de nude e as canelas hidratadas
Estou sozinha no quarto da Mônica, ela preparou tudo para mim, enquanto banhava no meu banheiro instalado no próprio quarto de princesa. Sua cama era um castelo rosa, com Barbie e princesas da Disney decorando os cômodos bem detalhados do castelo
As bordas do material se caracterizava com um dourado forte, uma cor que conseguia enxergar através do escuro. Os móveis do castelo tinham cores que não combinava com o rosa claro das paredes nem o rosa escuro do telhado. As cores primárias são do guache que Mônica ganhou da escola e pintou tudo com a minha ajuda nas férias
Sua cama é forrada com um lenço da Cinderela, sua princesa favorita. Os travesseiros são os ratos da obra, e na parede, acima do telhado do castelo, os pássaros estão colados de forma que parecesse que voam mais alto
Tudo da Mônica exala sua princesa favorito. Ao lado do espelho retangular, contornado com as luzes de led, um figura enorme da própria Cinderela se destacava na parede
Somos tão diferentes em alguns aspectos do nosso quarto
Uma batida no quarto me assusta. Corro para guardar todas as minhas roupas usadas na mochila, vestindo apenas a sandália transparente e brilho nela
Isabela
Isabela
Ah, é só você — 𝐀𝐛𝐫𝐨 𝐚 𝐛𝐨𝐜𝐚, 𝐦𝐨𝐬𝐭𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐜𝐞𝐩𝐜̧𝐚̃𝐨
Isabela
Isabela
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O menino de camisa e bermudas preta, exibe suas duas janelinhas em cima e três em baixo. Mas o sorriso se desfaz rapidamente
Não sabia como o ler sua expressão, mas como papai diz: um gatinho assustado das próprias travessuras
Mateus
Mateus
Vai dormir aqui?
Mateus
Mateus
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Isabela
Isabela
Ninguém veio me buscar
Mateus
Mateus
Ia gostar de você dormir aqui
Isabela
Isabela
Você vai?
Mateus
Mateus
Sim. Gosto de dormir nos meus tios, eles me deixam livres
Isabela
Isabela
Quero a minha casa
Mateus
Mateus
O que quer fazer enquanto espera a comida ficar pronta?
Balanço os ombros
Isabela
Isabela
Não sei. Espero que meus pais venham me buscar logo
Sua expressão fica mais triste
Isabela
Isabela
O que foi?
O primo de Mônica, Mateus, nega nosso contato visual, admirando o piso madeirado, tímido
Mateus
Mateus
Posso te dar um abraço? — 𝐏𝐞𝐝𝐞, 𝐬𝐮𝐬𝐬𝐮𝐫𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨
Engolo um seco
Papai diz que não posso rezar em nenhum menino antes dos dezoito anos, caso isso acontecer, vou ficar de castigo
Mas Mateus não é um menino. Quer dizer, ele é, mas sob meus olhos, ele não passa de um primo da minha melhor amiga. E se papai me colocar de castigo, é porque ele sabe. Significando que não posso abrir minha boca pra ninguém
Isabela
Isabela
Pode — 𝐀𝐜𝐞𝐧𝐨 𝐚 𝐜𝐚𝐛𝐞𝐜̧𝐚
O menino tímido dá um passo a frente, ainda com a cabeça baixa. Outro passo. Mais um. Depois outro. No último passo, ele levantar o olhar, não perdendo tempo em encarar tudo em mim
Um arrepio invade meu corpo, liberando uma timidez que não sabia que existia dentro de mim
Seus braços se abrem, prendendo-me dentro deles. Um calor expande entre nós. Minhas bochechas queimam, corpo enfraquece, coração se agita mais. A sensação de estar naqueles braços curtos e magros é aliviador, esconde a falta dos meus pais e me obriga a chamar seu abraço de lar. Um lugar protegido e acolhedor
Ficamos abraçados, quietos, confortáveis na presença um do outro por cinco minutos. Os melhores cinco minutos que já tive. Mateus não reclama do tempo, pelo contrário, aperta mais meu corpo, como se quisesse nos misturar por inteiro
Mônica
Mônica
Mateus, o que está fazendo? — 𝐆𝐫𝐢𝐭𝐚, 𝐧𝐨𝐬 𝐚𝐬𝐬𝐮𝐬𝐭𝐚𝐧𝐝𝐨
Perturbados por sermos pego no flagra, finalizamos o abraço. Não por queremos, já que passaríamos horas e horas parados no centro do quarto, agarradinhos. Porque Mônica nos separa, puxando meu braço para perto de si e afastando do seu primo
Passamos pela porta. Eu, medrosa com a sua reação furiosa, porém, triste por não querer ter saído do casulo de calor
Mônica me joga contra a parede, bato as costas, gemendo pela pitada de dor causada no impacto. Ela aperta meu braço esquerdo, penetrando seus olhos azuis em mim, ardentes, sedento por irá e ciúmes
Mônica
Mônica
Isabela, você é a minha amiga — 𝐋𝐞𝐯𝐚 𝐨 𝐩𝐨𝐥𝐞𝐠𝐚𝐫 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐩𝐨𝐧𝐭𝐚 𝐝𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐧𝐚𝐫𝐢𝐳 — E Mateus é meu primo — 𝐀𝐩𝐫𝐨𝐱𝐢𝐦𝐚 𝐬𝐮𝐚 𝐛𝐨𝐜𝐚 𝐧𝐨 𝐦𝐞𝐮 𝐫𝐨𝐬𝐭𝐨 — Não chega mais perto dele, por favor. Conversarei com ele, não posso aceitar que tentam criar um vínculo que eu não esteja envolvida
Isabela
Isabela
Mônica... — 𝐓𝐫𝐞𝐦𝐨. 𝐍𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐯𝐢 𝐌𝐨̂𝐧𝐢𝐜𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐨𝐦𝐢𝐧𝐚𝐝𝐚 𝐩𝐞𝐥𝐚𝐬 𝐞𝐦𝐨𝐜̧𝐨̃𝐞𝐬, 𝐞𝐥𝐚 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞 𝐞́ 𝐦𝐮𝐢𝐭𝐨 𝐜𝐚𝐥𝐦𝐚 𝐞 𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐚𝐛𝐞𝐫𝐭𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐨 𝐩𝐚𝐢 — Mateus só me deu um abraço. Sinto falta dos meus pais e ele me consolou
Ela quebra o contato visual, como seu primo fez comigo no quarto, como se... se soubesse de algo que eu não saiba dos meus pais
Mônica
Mônica
Não gosta de mim?
Isabela
Isabela
Mônica, você é minha melhor amiga — 𝐅𝐨𝐫𝐜̧𝐨 𝐮𝐦 𝐬𝐨𝐫𝐫𝐢𝐬𝐨. 𝐌𝐚𝐬 𝐥𝐨𝐠𝐨 𝐬𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐟𝐚𝐳. 𝐋𝐚́𝐠𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 𝐩𝐢𝐧𝐠𝐚𝐦 𝐝𝐨 𝐬𝐞𝐮 𝐫𝐨𝐬𝐭𝐨. 𝐌𝐞𝐮 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐬𝐞 𝐪𝐮𝐞𝐛𝐫𝐚, 𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐜𝐢𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐩𝐞𝐬𝐚, 𝐦𝐞𝐮𝐬 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐯𝐚̃𝐨 𝐞𝐦𝐛𝐨𝐫𝐚 𝐞 𝐚 𝐩𝐫𝐞𝐨𝐜𝐮𝐩𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐞𝐥𝐚 𝐭𝐨𝐦𝐚 — Mônica, não chora — 𝐀𝐛𝐫𝐚𝐜̧𝐨 — Eu fico aqui, tá bom? Vejo meus pais todos os dias. Gosto tanto de brincar e de comer a comida da tia Simone — 𝐌𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐨. 𝐋𝐚́𝐠𝐫𝐢𝐦𝐚𝐬 𝐚𝐢𝐧𝐝𝐚 𝐦𝐨𝐥𝐡𝐚𝐦 𝐦𝐞𝐮 𝐨𝐦𝐛𝐫𝐨, 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐧𝐝𝐨- 𝐦𝐞 𝐬𝐞𝐦 𝐜𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐚𝐜𝐚𝐥𝐦𝐚-𝐥𝐚́ — Nunca mais chego perto do seu primo. Só conheço ele por sua causa, ele não significa nada. Você é a minha amiga, a melhor de todos os tempos
Ela funga
Isabela
Isabela
Eu te amo, Mônica
Mônica
Mônica
Também te amo, Isa
Minha vida virou de cabeça para baixo a partir desse dia. A dependência que tinha com meus pais foi rompida, não conseguia olhar na cara da minha mãe, meu pai me abandonou. A infelicidade tomou conta de mim, não sentia prazer de continuar convivendo com ninguém, pois não suportava a dor carregado no meu peito
E tudo começou nessa noite, depois no nosso primeiro abraço, quando meus tios vieram me buscar na manhã seguinte, ao invés da minha mãe e do meu pai
E todos naquela casa sabiam o que tinha acontecido. Menos eu
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Sério, Universo?

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𝐀𝐓𝐔𝐀𝐋𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄
Finalizei o dia com um beijo na bochecha. Acordei estressada, não queria reagir e conquistar meus sonhos, implorei que fosse um pesadelo e ainda tinha mais três horas de sono. Porém, a realidade já é o pesadelo
Gostar de crianças nunca foi meu forte, preferia morrer do que cuidar de um filho ou ser babá. Mas quando você sai do ninho e decide voar para qualquer canto, é difícil sobreviver, pois não tem mais ninguém para mastigar a comida e colocar na sua boca
A crise financeira bateu e optei para qualquer cargo, não importa a função, me dando uma estabilidade financeira para comprar arroz e café, sobreviveria feliz. E foi o que achei, o emprego dos sonhos, aquele que te fazia acordar feliz, porém, teria que lidar com crianças
Dois meses voaram, ainda não abria a mente, odiava conviver com crianças birrentas e catarrentas. Até arrumar mais um emprego noturno, onde era obrigada a lidar com adultos rancosos e amargos da vida. Só reclamavam. Reclamavam de respirar, comer, viver, trabalhar, da esposa, dos filhos, do dinheiro, dos pássaros, da cor azul anil do céu. Três semanas de trabalho e não tinha mais energia para ter uma renda extra, me demiti. Após do inferno, virei um tia amorosa e cuidadosa com meus alunos
Danço e vivo de balé desde meus oito anos de idade, essa é minha obsessão, minha cura durante as tempestades da vida, o gozo de usar figurinos lindos, ganhar aplausos e suspiros e saltar longe, as borboletas no estômago ao dar mais de vinte giros
Seria hipocrisia não trabalhar com balé, já que é meu oxigênio, minhas forças, a ansiedade de um treino. Ter conhecido por cada movimentos e mesmo assim, querer aprender mais e mais, na intenção de aperfeiçoar minhas habilidades
É um prazer ensinar as crianças que um dia, já fui elas e hoje sou apaixonada. Se eu tiver poderes delas se apaixonarem pelo balé, é um conquista que não vale meus troféus e medalhas juntos
Vou embora, contente. A última aluna se despediu um beijo na bochecha, afirmando que sou a melhor tia de todas. Um coral de anjos contou no meu ouvido, enchendo-me de amor e carinho. Posso não ve-la mais amanhã, já que é sábado, mas segunda, me esforçarei mais para conseguir mais elogios desse tipo
Ser elogiado por uma criança traz uma sensação tão boa na vida. É saboroso, macio e quente
A caminhada é curta, vinte minutos e estou subindo os degraus do prédio, com a sensação de missão comprida. Como ontem, anteontem e esse mês inteiro, foi tranquilo, não houve eventos que tirassem minha paz e foderia com a pouca de felicidade que tenho
Na vida temos que fazer escolhas, infelizmente são difíceis, mas elas decidem o destino. Se o universo for bonzinho comigo, ele pode me ouvir e fazer aquilo que sinto mais falta, pessoas que me afastei e criou um vazio, um buraco que vaza tristeza e lágrimas constantemente
Se o universo for bonzinho comigo, entenderá que me arrependo. Adoro ser a tia do balé, mas não foi o que planejei. Assim como não foi minha escolha ser solteira aos vinte e poucos anos, morando com sua melhor amiga e indo dormir com gemidos, pois ela é uma puta de uma safada
Abro a porta, preparada com quem posso me deparar. Não existe final de semana que Mônica não goza, metade dos homens dessa cidade me cumprimenta na rua, porque sabem onde moro e com quem
Isabela
Isabela
Mônica, cheguei — 𝐀𝐯𝐢𝐬𝐨, 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐦𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 𝐜𝐡𝐚𝐯𝐞𝐬 𝐧𝐨 𝐩𝐫𝐞𝐠𝐨 𝐚𝐨 𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐝𝐚 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚 — Por favor, esteja sozinha
Entro no apartamento. Nos primeiros passos dado, sou recebida pela loira sorridente, com um short jeans minúsculo e uma camiseta preta de banda de rock. Seu cabelo curta está amarrado em um rabo baixo
Mônica
Mônica
Boa noite, minha linda e perfeita amiga
Isabela
Isabela
Tá feliz, por quê? Te homem aí? — 𝐕𝐚𝐬𝐜𝐮𝐥𝐡𝐨 𝐬𝐢𝐧𝐚𝐢𝐬 𝐦𝐚𝐬𝐜𝐮𝐥𝐢𝐧𝐨𝐬 𝐯𝐢𝐬𝐮𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞
Mônica
Mônica
Mais ou menos. Ele é... uma diva para mim
Isabela
Isabela
Uma diva? Conheço? — 𝐓𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐩𝐚𝐬𝐬𝐚𝐫, 𝐦𝐚𝐬 𝐞𝐥𝐚 𝐢𝐦𝐩𝐞𝐝𝐞 — Quem está aí?
Mônica
Mônica
Isabela, não surta. Voltamos a nos falar esses dias, não posso ficar mais um mês sem conversar com ele
Isabela
Isabela
Mônica, quem está aí?
O suspense me mata. Uma lista de pessoas que ela gosta e eu não passa pela minha cabeça, não gosto de aceitar que existe um ser humano capaz de perdoar suas mancadas com ele e ele ainda estar aqui, sendo seu brinquedo particular
Isabela
Isabela
É o Bernardo?
Ela nega com a cabeça
Suspiro fundo, fechando os olhos
Menos mal
Isabela
Isabela
Não importa quem seja o convidado, já vi qualquer homem que possa imaginar — 𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐩𝐚𝐬𝐬𝐨 𝐩𝐨𝐫 𝐞𝐥𝐚, 𝐢𝐧𝐝𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐨 𝐜𝐨̂𝐦𝐨𝐝𝐨 𝐩𝐫𝐢𝐧𝐜𝐢𝐩𝐚𝐥
Toda discussão que tenho com Mônica começa pela sala, seja pela bagunça, ou por ela não me respeitar e começar seus sexos no sofá. Não quero que a loira estrague o beijo na bochecha, voltei tão feliz, louca para assistir mais um episódio da minha série favorita
A sala é o início dos drama do apartamento. Pois aqui entra criaturas bizarras, homens loucos, colegas de treino, vizinhos curiosos. Um homem alto jogado no sofá, barbudo, usando panos pretos, olhos vermelhos e vidrado no celular
Ele está irreconhecível, as roupas pretas não mudaram, mas os braços não tem mais espaço para mais desenhos, a barba que o deixa mais atraente e estranho ao mesmo tempo. Seu corpo parecia mais largo, mas não afirmo o pensamento, pois sua posição não libera muito para relembrar suas características
Mônica
Mônica
Miga, lembra do meu primo?
Seu olho sai do celular
O mundo para. Mônica se cala. Minha respiração acelera. O coração enlouquece
O universo é amigo ou inimigo? Pois, não estava preparada ver o retorno do meu passado jogado no sofá, tendo a liberdade como se estivesse em casa
Engolo um seco. Não cumprimento, não sou amigável ou aceno. Apenas o encaro, aceitando mentalmente que é ele
Mônica
Mônica
Mateus vai dormir aqui, tudo bem?
Isabela
Isabela
Que? — 𝐑𝐞𝐚𝐠𝐨, 𝐞𝐬𝐜𝐚𝐧𝐝𝐚𝐥𝐨𝐬𝐚 — Por quê?
Mônica
Mônica
Ele acabou de chegar. E também... percebeu os olhos dele?
Isabela
Isabela
Mônica, sério mesmo?
Mateus
Mateus
Mônica, não quero atrapalhar
Mônica
Mônica
Miga — 𝐏𝐞𝐠𝐚 𝐦𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 𝐦𝐚̃𝐨𝐬 — Fiquei anos sem falar com ele. Você não entende, já que não tem um primo, mas foi dolorido para mim, sabe?
Entendo completamente sua perda, Mônica. Você não enxerga, mas também doeu em mim
Mateus
Mateus
Tenho forças suficientes para ir embora
Mônica
Mônica
Por favor, Isa
Bufo, esfregando os olhos
Mônica já cometeu tantos erros sem me consultar, porque justo agora tenho o poder de escolher suas vontades?
Isabela
Isabela
Tanto faz, eu não ligo
Saio do cena, dando passos largos até meu quarto. Mônica e Mateus tem muito assunto para colocar em dia, só atrapalharia a conexão de primos. Merecem privacidade, pois é como ela disse, Mateus contou contato com ela, foi um tormento viver com Mônica sem os conselhos dele
Tranco a porta do carro. Jogo minha mochila no canto, onde foi a minha única e última ação. O cômodo escuro, sem ar fresco, exalando bagunça que deixei pela manhã é ignorado, são minhas únicas preocupações. O que machuca é o aperto no perto, o amargo que sinto embrulhar meu estômago, enfraquece meus músculos e pesa minha respiração
Escorrego na porta, sentindo a textura fina e fria do piso, dobrando meus joelhos, abraço-os com força e despejo as lágrimas neles, libertando o leão de emoções faminto, enjaulado por anos. É silencioso, tampo a boca para abafar mais os gritos, limpando o peito do passado, das lembras perdidas, das memórias que não podem ser contadas com crianças por perto
Universo, filho da puta, não deveria ter me ouvido
🩰🩰🩰🩰

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